Dr. Ary com sua prima Daura |
Dr. Ary com os padrinhos Everaldo e Luziete |
Esta semana, a vida resolveu
fazer novamente um roteiro para mim. Tudo que tinha programado se deu de forma
contrária. Uma simples viagem cujo regresso teria que se dar no mesmo dia
acabou por forças alheias a minha vontade, me obrigando a permanecer na cidade
de Santarém por três dias. Tudo por causa da “Rebimboca da parafuseta” da
viatura. No início relutei, pois todas as vezes que os fatos saem do meu script
fico assim um tanto quanto estressado, invocado, mal humorado e quiçá “do
avesso”, mas quando percebi que os fatos foram acontecendo em razão de uma
VONTADE MAIOR, então pensei: “Que assim seja” e me lembrei de um texto que um
dia escrevi intitulado “O roteiro da Vida”.
Nada é por acaso. E desta
experiência, a conclusão que cheguei é que tenho parentes santarenos
maravilhosos, com histórias fantásticas. Reencontrei uns e conheci e me
reconheci em outros, inclusive na alegria de ver o pôr do sol.
- Prima Ivaína Soares me
socorre. Estou rodado, preciso de abrigo. Vim resolver uma situação e nada deu
certo, terei que ficar.
Falei todo esbaforido e
suado, batendo na porta da casa da prima da mamãe.
- Entra Primo. Tome um
banho. Já almoçou? Fica a vontade.
Ela falava tranquilamente e
tons de voz baixa.
- Obrigado.
Nesses
Dr. Ary com sua prima Ivaína (+ uma vítima do 0800) |
- Prima, quem é este senhor?
Perguntei.
- Também parente.
Laconicamente ela me
respondeu, contudo, não contente fui puxando assunto e quando notei estava
diante de uma história, que me ajudou até entender um pouco a minha.
- Quem prima? Qual o nome
dele?
- Adalberto Oliveira do
Amaral, pai do teu primo Manoel Joaquim Gomes do Amaral. Esta foto foi tirada
para registro durante a 2ª Guerra Mundial, nos campos de batalha em algum lugar
da Itália, que não sei especificar. Naquela época Adalberto foi recrutado pelo
Exército Brasileiro para as frentes de combates.
Para Tudo e agora um minuto
de atenção para História Mundial: A Segunda Guerra Mundial foi um conflito
militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do
mundo — incluindo todas as grandes potências — organizadas em duas alianças
militares opostas: os Aliados e o Eixo. Foi a guerra mais abrangente da
história, com mais de 100 milhões de militares mobilizados. Em estado de
"guerra total", os principais envolvidos dedicaram toda sua
capacidade econômica, industrial e científica a serviço dos esforços de guerra,
deixando de lado a distinção entre recursos civis e militares. Marcado por um
número significante de ataques contra civis, incluindo o Holocausto e a única
vez em que armas nucleares foram utilizadas em combate, foi o conflito mais
letal da história da humanidade, resultando entre 50 a mais de 70 milhões de
mortes. Geralmente considera-se o ponto inicial da guerra como sendo a invasão
da Polônia pela Alemanha Nazista em 1 de setembro de 1939 e subsequentes
declarações de guerra contra a Alemanha pela França e pela maioria dos países
do Império Britânico e da Commonwealth. No dia 1º de setembro de 1939, as
forças nazistas alemãs de Adolf Hitler invadiram a Polônia, dando início à
Segunda Guerra Mundial.
O Brasil passou a participar do conflito a partir de
1942. Na época, o presidente da República era Getúlio Vargas. A princípio, a
posição brasileira foi de neutralidade. Depois de alguns ataques a navios
brasileiros, Getúlio Vargas decidiu entrar em acordo com o presidente americano
Roosevelt para a participação do país na Guerra. Embora a história dos
pracinhas - diminutivo de praça, que é soldado - seja ainda pouco comentada no
Brasil, Marcus Firmino Santiago da Silva, coordenador do curso de Direito da
Escola Superior Professor Paulo Martins, do Distrito Federal, e estudioso sobre
a Segunda Guerra, afirma que a participação brasileira foi muito importante.
"O apoio do Brasil foi disputado na Segunda Guerra. De forma um pouco
velada por parte dos países do eixo (Alemanha, Itália e Japão) e de maneira
clara pelos aliados, especialmente os norte-americanos, além da Inglaterra e da
França", afirma. O primeiro grupo de militares brasileiros chegou à Itália
em julho de 1944. O Brasil ajudou os norte-americanos na libertação da Itália,
que, na época, ainda estava parcialmente nas mãos do exército alemão.
0800 (para variar) |
Nosso
país enviou cerca de 25 mil homens da Força Expedicionária Brasileira (FEB), e
42 pilotos e 400 homens de apoio da Força Aérea Brasileira (FAB). Os pracinhas
conseguem vitórias importantes contra os alemães, tomando cidades e regiões
estratégicas que estavam no poder destes, como o Monte Castelo, Turim, Montese,
entre outras. Mais de 14 mil alemães se renderam aos brasileiros, que também
ficaram com despojos como milhares de cavalos, carros e munição. A ação dos
pracinhas não foi fácil por vários motivos. O primeiro, porque o treinamento
recebido no Brasil e nos Estados Unidos não era muito próximo à realidade da
guerra que encontraram. Os soldados não estavam habituados ao clima frio dos
montes Apeninos, que atravessam a Itália e nem acostumados a lutar em local
montanhoso. Só na batalha do Monte Castelo, houve mais de 400 baixas entre os
brasileiros. "Além disso, foi fundamental para o esforço de guerra a
cessão de bases navais e aéreas no território brasileiro. Um desses locais que
teve participação decisiva foi Natal, no Rio Grande do Norte", afirma o
professor. A capital potiguar serviu como local para abastecimento dos aviões
de guerra americanos e base naval antissubmarinos. Com o fim da Segunda Guerra
Mundial em 1945, a FEB foi desfeita em 1946 (Fonte: Site
revistaescola.abril.com.br/historia/fundamentos).
Agora voltando ao diálogo.
- E Prima o que aconteceu
com ele depois da guerra?
Perguntei.
- Ele voltou para o Brasil e
foi residir em Óbidos/Pa, conheceu a minha sogra, Sra., Dirce Canto Gomes com
quem casou, depois do casamento, ela passou se chamar Dirce Gomes do Amaral e
da união nasceram 5 filhos.
- E depois Prima?
Perguntei como um daqueles
alunos Nerds chatos do curso de Ciências Humanas (CH) e com toda paciência, ela
continuou:
- Foi condecorado pelos bons
préstimos. Casou, foi trabalhar na pecuária em suas terras, num local chamado
Igarapé das fazendas, próximo à Juruti.
- E depois Prima?
Ela:
- Depois ele morreu.
- Como assim prima? Depois
ele morreu? Fim? The end? Depois de tudo que ele passou. Não vale! Que final.
Como vou contar isso nas minhas crônicas?
Falei, andando para um lado
a outro naquela área ensolarada da casa. O primo Danilo somente achava graça.
- Não pode prima esse final
não tá legal. Que aflição! Como assim ele morreu?! Fim. Ponto final.
- Arizinho, o que mais você
quer que eu conte? Depois da guerra ele “tocou” a vida a frente como pecuarista
neste local chamado de Igarapé das fazendas, casou, nasceram 5 filhos, dois
homens e três mulheres, ele sempre contava histórias da frente de batalha, não
voltou com sequelas da guerra e depois de certa idade veio residir em Santarém,
vindo a falecer no ano de 1995. Antes que me perguntes não sei cadê a medalha.
- Prima, eu gostei da
história. Obrigado, mas eu não posso dar esse final na minha crônica da semana.
Estamos diante de um fato histórico e uma história de vida.
Falei agoniado, enquanto a
prima Daura Soares Diniz acompanhava em silencio minha loucura.
- Tu escreve é?
Ela laconicamente me
perguntou.
- Sim.
- Vou ler.
Disse Daura.
- Prima, vejo que a
simplicidade, a coragem, o amor e a guerra estão no nosso DNA. Porém, preciso
de um final. Gosto de finais, inclusive eles são tão importantes para as
continuações, mas, não posso colocar assim: “Fim”.
- Mas, primo foi isso que
aconteceu. Se ele estivesse vivo te contaria mais detalhes.
Calmamente ela falou,
enquanto a mim eu estava até me conformando, mas algo gritava dentro de mim
dizendo que a história ainda não tinha terminado.
- É, prima, tá bom. Por
favor me dê um copo dágua. Prima Daura você quer água também?
- Quero.
De repente.
- Primo me lembrei tenho
algo que você vai gostar.
Minutos depois ela volta:
- Olha o cantil dele de
guerra. O cantil que ele tomava água.
Como uma criança, mas com a
responsabilidade de um adulto, peguei naquela peça com o peito em festa.
- Genial prima. Parabéns.
Sem palavras!
E emoção me tomou conta.
Toquei na História. Agora posso dar um final, muito obrigado.
E quando eu pensei que já
tinha dado um final a crônica, a vida me olha e diz: “Quem está escrevendo este
roteiro hoje sou eu, ainda tem um convite para ti”.
- Primo, vamos ver o
pôr-do-Sol na Orla? Adoro ver o Pôr-do-sol. Vamos?
Eu quero saber qual leonino
se recusaria a um convite desses? E olha que Daura não sabia que amo e faço minhas
orações de proteção ao pôr-do-sol, seja sob o céu de Rurópolis ou de Belém,
porque não, não fazê-las em Santarém? E fui e o dia terminou assim com um novo
recomeço, por isso gosto de finais, eles são importantes para as continuações,
para recomeços.
Primas Ivaína e Daura,
eternizo vocês na minha crônica, assim, in memorian, o primo Aderbal por todo
seu mérito. É preciso ir mais a Santarém para conhecer um pouco meus parentes e
também comer bolinho de Piracuí. Prima Daura, obrigado pelo convite, são momentos
como esses que nos pagam e não dinheiro, cheque ou glamour.
E finalizando:
Entre o real e o imaginário,
entre a verdade e a fantasia sob o céu de Santarém, o que nem eu já sei mais,
encerro a crônica da semana. Um beijo à todos, fiquem com Deus e até semana que
vem. Ariosnaldo da Silva Vital Filho.
Nota:
Beijo especial aos meus
padrinhos residentes em Santarém Everaldo e Luziete Diniz pelo carinho, os
quais soube que também são leitores das minhas crônicas semanais e a Eveniz
Diniz parabenizo pelo nascimento do primo Lucas. Padrinhos obrigado pela
benção, no final tudo deu certo. Amém.
Continuo sem entender de nada, mas esse pessoal também são meus primos e o patriarca padrinho... embora não tenha tido a oportunidade de conhecer os primos, filhos... entenderam??? Nem eu! H. Marinho
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