Deuzinho Sena |
- Ei, Senhor o que estais
vendendo? Perguntei
- Polpa de Fruta.
- Quais? Perguntei
- No momento, só tenho de
goiaba e de acerola. O senhor vai querer? Ele me indagou.
- Não, gosto de Muruci.
Respondi
- Não seja por isso, vou
buscar lá em casa para o senhor.
- Calma, não precisa pressa.
Traga para mim segunda-feira.
- Ok, delegado. Eu trago. O
senhor é o delegado não? Perguntou-me
- Sou, como o senhor sabe?
Eu indaguei aquele senhor, pois nunca o tinha visto.
- Sei, porque tinha a
informação que o senhor anda de roupa-preta e de óculos escuro.
- Hummm. Pensativo, murmurei
e só comigo percebi que realmente não nos conhecíamos.
- Promessa? Ele perguntou.
- Não. TOC mesmo. Respondi,
mas ele não entendeu.
- Qual seu nome? Perguntei.
- Deuzinho Senna, mas, o
senhor é ou não é nosso delegado de Rurópolis.
Num instante que quase não
pára, fiquei pensando... Pensando... Pensando... Até porque ainda não escrevi o
final da minha saga nesta cidade. Eu estava meio perdido pelo cansaço,
principalmente, quando a gente chega para trabalhar e encontra um buraco no
teto.
- Ei. Doutor. O Senhor não
me respondeu.
- Sou. Por quê?
Deuzinho e suas polpas |
Com um ar de alegria e um
sorriso iluminado, ele disse: Eu sábia! Prazer em conhecê-lo. Ouvia sempre
falar e passava sempre e lhe via.
- Bem ou mal? Perguntei.
- Bem. Ele respondeu.
- Hummm, Tá! Pensei com meus
botões. Logo eu que sou polêmico pra caramba. Como disse uma vez um amigo da
universidade para mim quando pegaram nosso grupo de surpresa na exposição de um
trabalho: “Você é um curinga”. A priori não entendi, depois fui buscar o
significado do curinga nas cartas de baralho. Já se passaram anos e até hoje
não sei se era um elogio ou ironia de meus colegas. Herói ou um vilão? Sei lá,
não jogo baralho e muito menos tenho aquela cara horrível do vilão dos filmes
do Batmam. Voltando ao diálogo (esta minha mania de fazer observações).
- E o seu nome é Deuzinho
mesmo? Ou é apelido? Perguntei.
- Não, foi apelido dado pela
minha avó e Sena era do meu avô. Ele respondeu. Sabe doutor, nesses anos todos
de minha vida, somente entrei uma vez na delegacia para pedir um atestado de
boa conduta e isto aconteceu lá por 1979 quando chegue de Barra da Corda/Ma e
fui residir num lote Rural da vicinal da Niceia. Lembro exatamente que entrei
naquele lote em 06/12/1979, posteriormente, no ano de 82 fomos assentados pelo
Incra. Tenho 07 filhos. 03 homens e 04 mulheres. Graças a Deus todos vivos. Sou
casado com Luzia Lucena Ferreira. Trabalhei na agricultura e hoje sou
aposentado. Doutor, para não ficar parado vendo minhas hortaliças e minhas
poupas. Bom mesmo é estar em movimento, ver gente.
Quando percebemos, já
estávamos dentro da delegacia, sentados e conversando. Nunca escondi de ninguém
gosto de histórias. Gosto de gente, principalmente, quando estas pessoas me
deixam folhear suas páginas da vida. E ele nem reparou que já estávamos dentro
da delegacia. Certamente, um dia contará a seus netos e amigos ou ao próximo
delegado de Rurópolis que entrou na delegacia apenas duas vezes na vida: uma
para pedir um atestado de boa conduta e a outra como amigo do delegado que quis
ouvir sua história.
- Mas, Sr. Deuzinho. Posso
lhe eternizar num conto para o blog? Internet? Perguntei.
(Silêncio) Agora era ele que
estava num instante que não parava.
- Hum?
- Sim. Respondeu
- Que bom. O senhor era o
personagem que estava esperando para esta sexta-feira. Sabe Deuzinho, para
muitos sou meio louco, pois sou daqueles que conversam com o Sol, com a Lua,
com a natureza, com o universo e antes do senhor aparecer eu pensei comigo
“Cadê meu conto da semana?”. “Ei dona inspiração para onde fostes que não
consegui ver meu personagem”. E o senhor apareceu. Obrigado.
- Tá bom doutor.
Segunda-feira lhe trago suas poupas.
E já pegando o seu carrinho
e saindo pelas ruas de Rurópolis. Eu saio na porta e pergunto: - Ei Seu
Deuzinho, mas qual é o seu nome?
- Com um sorriso no rosto me
respondeu: José Ferreira Neto, mas, todos somente me conhecem com Deuzinho.
- Assim sempre o será.
E em silêncio, ao escrever o
final deste conto ou crônica, já nem mais sei. Entre o real e o imaginário.
Novamente repito: “Assim, ele sempre o será”.
“Amigo Deuzinho, te desejo
um caminho iluminado e cheio de alegrias. Que Deus te proteja sempre, abençoe
sua família e suas vendas. Obrigado pela história. Grande abraço fraterno”
Nota:
De acordo com nossas
investigações, descobrimos que o curinga é uma peça chave que muda a história
num jogo de baralho de forma favorável a quem o tem.
- Hummmmm. KKKKKKKK.
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