Nossa Senhora de Fátima - Rogai por nós que recorremos a Vós! |
Os primos: Jacinta Marto (07 anos), Lúcia (10 anos) e Francisco (09 anos) |
No dia 13 de Maio de 1917,
três crianças, Lúcia de Jesus Rosa dos Santos (10 anos), Francisco Marto (9
anos) e Jacinta Marto (7 anos), afirmaram ter visto "...uma senhora mais
branca que o Sol" sobre uma azinheira de um metro ou pouco mais de altura,
quando apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, lugar de Aljustrel,
pertencente ao concelho de Ourém, distrito de Santarém, Portugal.
Lúcia via, ouvia e falava
com a aparição, Jacinta via e ouvia e Francisco apenas via, mas não a ouvia.
As aparições repetiram-se
nos cinco meses seguintes e seriam portadoras de uma mensagem ao mundo. A 13 de
Outubro de 1917 a aparição disse-lhes ser a Nossa Senhora do Rosário.
Imagem de N. Senhora na Capelinha das Aparições em Fátima |
Os relatos destes
acontecimentos foram redigidos pela Irmã Lúcia a partir de 1935, em quatro
manuscritos, habitualmente designados por Memórias I, II, III e IV2 e
transcritos com outras fontes para este artigo.
Antes das aparições de Nossa
Senhora na Cova da Iria em 1917, Lúcia, Francisco e Jacinta tiveram no ano
anterior três visões do Anjo de Portugal ou Anjo da Paz. Estas visões
permaneceram inéditas até 1937, até Lúcia as divulgar, as aparições do Anjo em
1916, foram precedidas por três outras visões, de Abril a Outubro de 1915, nas
quais Lúcia e outras três pastorinhas, Maria Rosa Matias, Teresa Matias e Maria
Justino viram, também no outeiro do Cabeço, e noutros locais, suspensa no ar
sobre o arvoredo do vale "uma como que nuvem mais branca que a neve, algo
transparente, com forma humana. Era uma figura, como se fosse uma estátua de
neve, que os raios do sol tornavam algo transparente". A descrição é da
própria irmã Lúcia.
O relato da mais velha dos
videntes, Lúcia, descreve assim os acontecimentos: "Andava eu com os meus
primos Francisco e Jacinta a cuidar do rebanho e subimos a encosta em procura
dum abrigo a que chamávamos a "Loca do Cabeço".
Lucia e seus primos |
Depois de aí merendar
e rezar, alguns momentos havia que jogávamos e eis que um vento sacode as
árvores e faz-nos levantar a vista para ver o que se passava, pois o dia estava
sereno. Então começamos a ver, a alguma distância, sobre as árvores que se
estendiam em direção ao nascente, uma luz mais branca que a neve, com a forma
dum jovem, transparente, mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios
do Sol. À medida que se aproximava, íamos-lhe distinguindo as feições.
Estávamos surpreendidos e meios absortos. Não dizíamos palavra. Ao chegar junto
de nós, disse: – Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo. E ajoelhando em
terra, curvou a fronte até ao chão. Levados por um movimento sobrenatural,
imitámo-lo e repetimos as palavras que lhe ouvimos pronunciar: – Meu Deus, eu
creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não
adoram, não esperam e não Vos amam. Depois de repetir isto três vezes, em que
nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus
sentia-se tão intensa e íntima que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar.
No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera que só
muito lentamente foi desaparecendo. Nesta aparição, nenhum pensou em falar nem
em recomendar o segredo. Ela de si o impôs. Era tão íntima que não era fácil
pronunciar sobre ela a menor palavra. Fez-nos, talvez, também maior impressão,
por ser a primeira assim manifesta." VEJA A MATÉRIA COMPLETA CLICANDO ABAIXO.
QUE ABENÇOE A TODOS, MESMO OS INCRÉDULOS!
Foto tirada na Cova da Iria e publicada num jornal português em 29 de Outubro de 1917. |
Página da edição de 29 de Outubro de 1917 da Ilustração Portuguesa com uma reportagem sobre o milagre. |
A segunda aparição deu-se no
Verão de 1916, sobre o poço da casa dos pais de Lúcia, junto ao qual as
crianças costumavam brincar. Assim narra a Irmã Lúcia: "Fomos, pois passar
as horas da sesta à sombra das árvores que cercavam o poço já várias vezes
mencionado. De repente, vimos o mesmo Anjo junto de nós. - Que fazeis? Orai!
Orai muito! Os Corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de
misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios. –
Como nos havemos de sacrificar? – perguntei. – De tudo que puderdes, oferecei
um sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de
súplica pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa Pátria, a
paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e
suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar. E desapareceu.
Estas palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito, como uma luz que nos
fazia compreender quem era Deus, como nos amava e queria ser amado, o valor do
sacrifício e como ele Lhe era agradável, como, por atenção a ele, convertia os
pecadores. Por isso, desde esse momento, começamos a oferecer ao Senhor tudo
que nos mortificava, mas sem discorrermos a procurar outras mortificações ou
penitências, exceto a de passarmos horas seguidas prostrados por terra,
repetindo a oração que o Anjo nos tinha ensinado."
Jacinta Marto, em 1917. |
Brincavam os três
pastorinhos na Cova da Iria, uma pequena propriedade pertencente aos pais de
Lúcia, localizada a 2,5 km de Fátima, quando por volta do meio-dia e depois de
rezarem o terço, observaram dois clarões como se fossem relâmpagos. Com receio de
começar a chover, reuniram o rebanho e decidiram ir-se embora, mas no caminho e
logo abaixo, outro clarão teria iluminado o espaço. Nesse instante, teriam
visto em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das
Aparições), "era uma Senhora vestida de branco e mais brilhante que o Sol,
espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água
cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente", descreve Lúcia.
"A sua face, indescritivelmente bela não era nem triste, nem alegre, mas
séria, com ar de suave censura. As mãos juntas, como a rezar, apoiadas no peito
e voltadas para cima. Da mão direita pendia um rosário. As vestes pareciam
feitas só de luz. A túnica era branca e branco o manto, orlado de ouro que cobria
a cabeça da Virgem e lhe descia até aos pés. Não se Lhe viam os cabelos nem as
orelhas." Os traços da fisionomia Lúcia nunca pôde descrevê-los, pois a
sua formosura não cabe em palavras humanas. Os videntes estavam tão pertos de
Nossa Senhora - a um metro de distância, mais ou menos - que ficavam dentro da
luz que A cercava, ou que Ela espargia. O colóquio inicia-se da seguinte
maneira:
Nossa Senhora: - Não tenhais
medo. Eu não vos faço mal. Lúcia: - Donde é Vossemecê? - Sou do Céu (e Nossa
Senhora ergueu as mãos apontando o Céu). - E que é que Vossemecê me quer? - Vim
para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma
hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma
sétima vez.nota 1 - E eu também vou para o Céu? - Sim, vais. - E a Jacinta? -
Também. - E o Francisco? - Também, mas tem que rezar muitos terços. - A Maria
das Neves já está no Céu? (Lúcia referia-se a uma mulher que tinha morrido
recentemente) - Sim, está. - E a Amélia? - Estará no Purgatório até ao fim do
mundo. Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele
quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e
de súplica pela conversão dos pecadores? - Sim, queremos. - Ides pois ter muito
que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto. "Foi ao pronunciar
estas últimas palavras que abriu pela primeira vez as mãos comunicando-nos uma
luz muito intensa, como que reflexo que delas expedia, que nos penetrava no
peito e no mais intimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era
essa luz, mais claramente do que nos vemos no melhor dos espelhos. Então, por
um impulso intimo também comunicado, caímos de joelhos e repetimos intimamente
ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro, meu Deus meu Deus eu Vos amo no Santíssimo
Sacramento. Passados estes momentos, Nossa Senhora acrescentou: - Rezem o terço
todos os dias para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra (na altura
desenrolava-se a Primeira Guerra Mundial).
"Em seguida começou a
elevar-se serenamente em direção ao nascente até desaparecer na imensidade da
distância. A luz que A circundava ia como que abrindo um caminho no cerrado dos
astros".5
13 de Junho de 1917
Neste dia compareceram no
local cerca de 50 pessoas curiosas pelos factos entretanto revelados pelos
pastorinhos. Por volta do meio-dia, os videntes notaram novamente um clarão, a
que chamavam relâmpago, mas que não era propriamente tal, mas sim o reflexo de
uma luz que se aproximava. Alguns dos espectadores notaram que a luz do sol se
obscureceu durante os minutos que se seguiram ao início do colóquio, outros
afirmaram que o topo da azinheira, coberto de rebentos, pareceu curvar-se como
sob um peso, um momento antes da Lúcia falar. Durante a troca de palavras entre
Lúcia e a aparição alguns ouviram um sussurro como se fosse o zumbido de uma
abelha.
Lúcia: - Vossemecê que me
quer? Nossa Senhora: - Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que
rezeis o terço todos os dias e que aprendam a ler. Depois, direi o que quero.
Lúcia pediu a cura de um doente. - Se se converter, curar-se-á durante o ano. -
Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu. - Sim, a Jacinta e o Francisco
levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti
para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu
Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação e serão queridas de
Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o seu trono. - Fico cá
sozinha? - Não, filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei.
O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até
Deus. "Foi no momento que disse estas últimas palavras que abriu as mãos e
nos comunicou, pela segunda vez, o reflexo dessa luz imensa. Nela nos víamos
como que submergidos em Deus. A Jacinta e o Francisco pareciam estar na parte
dessa luz que se elevava para o céu e eu na que se espargia sobre a terra. À
frente da palma da mão direita de Nossa Senhora estava um coração cercado de
espinhos que parecia estarem-lhe cravados. Compreendemos que era o Imaculado
Coração de Maria ultrajado pelos pecados da humanidade que queria reparação.
Quando se desvaneceu esta visão, a Senhora, envolta ainda na luz que d'Ela
irradiava, elevou-se da arvorezinha sem esforço, suavemente na direção do leste
até desaparecer de todo."
Algumas pessoas mais
próximas notaram que os rebentos do topo da azinheira estavam tombados na mesma
direção, como se as vestes da Senhora os tivessem arrastado. Só algumas horas
mais tarde retomaram a posição natural.6
13 de Julho de 1917
Ao dar-se a terceira
aparição, uma nuvenzinha acizentada pairou sobre a azinheira, o sol ofuscou-se,
uma aragem fresca soprou sobre a serra, embora se estivesse em pleno Verão. O
Sr. Manuel Marto, pai da Jacinta e do Francisco, diz que também ouviu um
sussurro, como o de moscas num cântaro vazio. Os videntes viram o reflexo da
costumada luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
Lúcia: - Vossemecê que me
quer? Nossa Senhora: - Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que
continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário
para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer. -
Queria pedir-lhe para nos dizer quem é; para fazer um milagre com que todos
acreditem que Vossemeçê nos aparece. - Continuem a vir aqui todos os meses. Em
Outubro direi quem sou, o que quero e farei um milagre que todos hão-de ver
para acreditarem. Lúcia apresenta então uma série de pedidos de conversões,
curas e outras graças. Nossa Senhora responde recomendando sempre a prática do
terço, que assim alcançariam as graças durante o ano. Um dos pedidos foi a cura
do filho paralítico de Maria Carreira (que seria desde o início uma devota de
Fátima). Nossa Senhora respondeu que não o curaria nem o tiraria da sua
pobreza, mas que rezasse o terço todos os dias em família e dar-lhe-ia os meios
de ganhar a vida. Outro enfermo pedia para ir em breve para o Céu. Nossa
Senhora respondeu que não tivesse pressa, que bem sabia quando o havia de vir
buscar. Depois prosseguiu: - Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas
vezes e em especial quando fizerdes algum sacrifício: "ó Jesus, é por
vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos
contra o Imaculado Coração de Maria." "Ao dizer estas últimas
palavras, abriu de novo as mãos, como nos dois meses passados. O reflexo de luz
que delas expediam pareceu penetrar a terra e (primeira parte do segredo -
"A Visão do Inferno") mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia
estar debaixo da terra. Mergulhados nesse fogo os demônios e as almas, como se
fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas com forma humana, que
flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que d'elas mesmas saíam, juntamente
com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das fagulhas
em os grandes incêndios sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor
e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demônios
distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e
desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças
à nossa boa Mãe do Céu que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos
levar para o Céu (na primeira aparição), se assim não fosse, creio que teríamos
morrido de susto e pavor. Em seguida, levantamos os olhos para Nossa Senhora
que nos disse com bondade e tristeza: - Vistes o Inferno, para onde vão as
almas dos pobres pecadores. Para as salvar, (segunda parte do segredo - "O
Imaculado Coração de Maria") Deus quer estabelecer no mundo a devoção a
meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e
terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no
reinado de Pio XInota 2 começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada
por uma luz desconhecidanota 3 , sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de
que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de
perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a
consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos
primeiros sábados . Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e
terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e
perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que
sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim o meu Imaculado Coração
triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será
concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal se conservará sempre o dogma
da fé. "Então vimos (terceira parte do segredo - "O atentado ao
Papa") ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com
uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, soltava chamas que pareciam
incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita
expedia Nossa Senhora ao seu encontro. O Anjo apontando com a mão direita para a
terra, com voz forte dizia: "Penitência, Penitência, Penitência!" E
vimos n'uma luz imensa que é Deus: "algo semelhante a como se vêem as
pessoas n'um espelho quando lhe passam por diante" um Bispo vestido de
branco "tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre". Vários
outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subiam uma escabrosa
montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fôra
de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande
cidade meia em ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dôr e
pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado
ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um
grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram
morrendo uns trás dos outros os Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas e
várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições.
Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal
na mão, n'êles recolhiam o sangue dos Mártires e com ele regavam as almas que
se aproximavam de Deus." Terminada esta visão, disse Nossa Senhora: - Isto
não o digais a ninguém. Ao Francisco sim, podeis dizê-lo. Quando rezardes o
terço, dizei depois de cada mistério: "Ó meu Jesus! Perdoai-nos e
livrai-nos do fogo do Inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente
aquelas que mais precisarem. - Vossemecê não me quer mais nada? - Não. Hoje não
te quero mais nada. "E como de costume, começou a elevar-Se em direção ao
nascente, até desaparecer na imensa distância do firmamento." Ouviu-se
então um trovão, indicando que a aparição cessara.
19 de Agosto de 1917
No dia 13 de Agosto, quando
deveria dar-se a quarta aparição, os videntes não puderam ir à Cova da Iria,
pois foram raptados pelo então administrador do conselho de Vila Nova de Ourém,
Artur de Oliveira Santos, um republicano anticlerical e maço, que à força quis
arrancar-lhes o segredo.
Nesse dia, juntou-se uma
grande multidão que aguardava pela aparição. Por volta do meio-dia, ouviu-se um
trovão, ao qual se seguiu o relâmpago, tendo os espectadores notados uma
pequena nuvem branca que pairou alguns minutos sobre a azinheira. Observaram-se
também fenômenos de coloração, de diversas cores, nos rostos das pessoas, das
roupas, das árvores e do chão. As crianças continuaram em cativeiro e apesar
das várias ameaças físicas de que foi alvo, permaneceram inabaláveis e nada
revelaram.
Na manhã do dia 15 de Agosto
e a seguir a um interrogatório final, foram então libertadas e regressaram a
Fátima.
No dia 19 de Agosto de 1712,
Lúcia estava com Francisco e seu irmão João no lugar dos Valinhos, uma
propriedade de um dos seus tios e que dista uns 500 metros de Aljustrel. Pelas
4 horas da tarde, começaram a produzir-se as alterações atmosféricas que precederam
as aparições anteriores, uma súbita diminuição da temperatura e um
esmorecimento do Sol. Lúcia, sentindo que alguma coisa de sobrenatural se
aproximava e os envolvia, pediu ao primo João para chamar rapidamente a
Jacinta, a qual chegou a tempo de ver Nossa Senhora que - anunciada, como das
outras vezes, por um reflexo de luz - apareceu sobre uma azinheira, um pouco
maior que a da Cova da Iria.
Lúcia: - Que é que Vossemecê
me quer? Nossa Senhora: -Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13,
que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês farei o milagre
para que todos acreditem. - Que é que Vossemecê quer que se faça ao dinheiro
que o povo deixa na Cova da Iria? - Façam dois andores, um leva-o tu com a
Jacinta e mais duas meninas; o outro que o leve o Francisco com mais três
meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário e o
que sobrar é para a ajuda de uma capela que hão-de mandar fazer. -Queria
pedir-lhe a cura de alguns doentes. -Sim, alguns curarei durante o ano. E
tomando um aspeto mais triste, recomendou-lhes novamente a prática da
mortificação: - Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão
muitas almas para o Inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.
"E, como de costume, começou a elevar-Se em direção ao nascente." Os
videntes cortaram ramos da árvore sobre a qual Nossa Senhora lhes tinha
aparecido e levaram-nos para casa. Os ramos exalavam um perfume singularmente
suave.
13 de Setembro de 1917
Como das outras vezes, uma
série de fenômenos atmosféricos foram observados pelos circunstantes, cujo
número foi calculado entre 15 e 20 000 pessoas: o súbito refrescar da
atmosfera, o empalidecer do Sol até ao ponto de se verem as estrelas, uma
espécie de chuva como que de pétalas irisadas ou flocos de neve que
desapareciam antes de pousarem na terra. Em particular, foi notado desta vez um
globo luminoso que se movia lenta e majestosamente pelo céu, do nascente para o
poente e, no fim da aparição, em sentido contrário. Os videntes notaram, como
de costume, o reflexo de uma luz e, a seguir, Nossa Senhora sobre a azinheira.
Nossa Senhora: - Continuem a
rezar o terço para alcançarem o fim da guerra. Em Outubro, virá também Nosso
Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino Jesus, para
abençoarem o Mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer
que durmais com a corda. Trazei-a só durante o dia.nota 5 Lúcia: - Têm-me
pedido para Lhe pedir muitas coisas, a cura de alguns doentes, de um
surdo-mudo. - Sim, alguns curarei. Outros não. Em Outubro farei o milagre para
que todos acreditem. "E começando a elevar-Se, desapareceu como de
costume."
13 de Outubro de 1917
De acordo com os relatos da
época, milhares de pessoas assistiram a um Milagre do Sol, em Fátima, no dia 13
de Outubro de 1917.
Devido ao facto de os
pastorinhos terem revelado que a Virgem Maria iria fazer um milagre neste dia
para que todos acreditassem, estavam presentes na Cova da Iria cerca de 50 mil
pessoas, segundo os relatos da época. Chovia com abundância e a multidão
aguardava as três crianças nos terrenos enlameados da serra. Lúcia assim
descreve estes acontecimentos na Memória IV: "Saímos de casa bastante
cedo, contando com as demoras do caminho. O povo era em massa. A chuva,
torrencial. Minha mãe, temendo que fosse aquele o último dia da minha vida, com
o coração retalhado pela incerteza do que iria acontecer, quis acompanhar-me.
Pelo caminho, as cenas do mês passado, mais numerosas e comovedoras. Nem a
lamaceira dos caminhos impedia essa gente de se ajoelhar na atitude mais
humilde e suplicante. Chegados à Cova de Iria, junto da carrasqueira, levada
por um movimento interior, pedi ao povo que fechasse os guarda-chuvas para
rezarmos o terço. Pouco depois, vimos o reflexo da luz e, em seguida, Nossa
Senhora sobre a carrasqueira.
Lúcia: - Que é que Vossemecê
me quer? Nossa Senhora: – Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha
honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos
os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas.
- Eu tinha muitas coisas para Lhe pedir: se curava uns doentes e se convertia
uns pecadores, etc. - Uns, sim; outros, não. É preciso que se emendem, que
peçam perdão dos seus pecados. E tomando um aspecto mais triste: – Não ofendam
mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido. E abrindo as mãos, fê-las
reflectir no Sol. E enquanto que se elevava, continuava o reflexo da Sua própria
luz a projectar-se no Sol."
Neste momento, Lúcia diz
para a multidão olhar para o Sol, levada por um movimento interior que a isso a
impeliu. "Desaparecida Nossa Senhora, na imensa distância do firmamento,
vimos, ao lado do Sol, S. José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco,
com um manto azul." Era a Sagrada Família.
Página da edição de 29 de
Outubro de 1917 da Ilustração Portuguesa com uma reportagem sobre o milagre.
"S. José com o Menino
pareciam abençoar o Mundo com uns gestos que faziam com a mão em forma de cruz.
Pouco depois, desvanecida esta aparição, vi Nosso Senhor acabrunhado de dôr a
caminho do Calvário e Nossa Senhora que me dava a ideia de ser Nossa Senhora
das Dores." Lúcia via apenas a parte superior do corpo de Nosso Senhor e
Nossa Senhora não tinha a espada no peito "Nosso Senhor parecia abençoar o
Mundo da mesma forma que S. José. Desvaneceu-se esta aparição e pareceu-me ver
ainda Nossa Senhora, em forma semelhante a Nossa Senhora do Carmo, com o Menino
Jesus ao colo."
Enquanto os três
pastorinhos eram agraciados com estas visões (apenas Lúcia viu os três quadros,
Jacinta e Francisco viram somente o primeiro), a maior parte da multidão presente
observou o chamado O Milagre do Sol. A chuva que caía cessou, as nuvens
entreabriram-se deixando ver o Sol, assemelhando-se a um disco de prata fosca,
podia fitar-se sem dificuldade sem cegar. A imensa bola começou a girar
vertiginosamente sobre si mesma como uma roda de fogo. Depois, os seus bordos
tornaram-se escarlates e deslizou no céu, como um redemoinho, espargindo chamas
vermelhas de fogo. Essa luz refletia-se no solo, nas árvores, nas próprias
faces das pessoas e nas roupas, tomando tonalidades brilhantes e diferentes
cores. Animado três vezes por um movimento louco, o globo de fogo pareceu
tremer, sacudir-se e precipitar-se em ziguezague sobre a multidão aterrorizada.
Tudo durou uns dez minutos. Finalmente, o Sol voltou em ziguezague para o seu
lugar e ficou novamente tranqüilo e brilhante. Muitas pessoas notaram que as
suas roupas, ensopadas pela chuva, tinham secado subitamente. Tal fenômeno foi
testemunhado por milhares de pessoas, até mesmo por outras que estavam a quilômetros
do lugar das aparições. O relato foi publicado na imprensa por diversos
jornalistas que ali se deslocaram e que foram também
eles
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