Lucas Wende, o Cronista e Robson Zanetti |
Poderia ser polido com
minhas palavras, mas prefiro ser direito Detesto preconceitos. Ter uma idéia
pré-concebida sobre tudo é para pessoas de mentes pequenas. Na maioria das
vezes, em razão de falsos conceitos e prejulgamentos, maltratamos o próximo,
sem conhecermos e sem pensarmos nas conseqüências do ato, oras até irreparáveis.
O mundo avançou, mas algumas
mentes continuam paradas na idade da pedra.
Ainda há e quem alimente o racismo, preconceito social, linguístico e
comportamental, etnocentrismo, sexismo (misoginia), machismo (chauvinismo),
feminismo, transfobia, homofobia, heterossexismo, xenofobia, etc. Realidade que
aos poucos vem sendo modificada por meios de movimentos sociais combatentes e
mecanismos legais repressivos.
Mas, ainda é essa a nossa
realidade, estamos ladeados de estereótipos e idéias maniqueístas. Detesto
estereótipos, isto é, imagens preconcebidas sobre determinada pessoa, coisa ou
situação, pois, não estão com nada, chamar o outro de feio, não vai te deixar
lindo, zoar o outro de gordo, não vai te deixar magro, discriminar o outro de
preto não vai te deixar branco, ofender o outro de bicha não vai te deixar mais
macho, contudo, uma coisa é certa Aos olhos de quem vê e aos ouvidos de quem
escuta te deixarão mais imbecil, mais otário, mais ridículo, mais
preconceituoso digno de pena ou de um troféu de idiota do ano.
A história que vou contar
hoje já é aceita por muitos e toleráveis por outros, mas para estes jovens,
isso pouco importa, o que realmente importa é serem felizes e o resto que vire
bosta assim como todos os atos discriminatórios
E no meio de bolos, tortas,
brigadeiros e cupcakes conheci Lucas Wende e Robson Zanetti que juntos
construíram uma confeitaria, sonho e uma história de vida.
Certo dia pelos zaps da
vida, eu mandei uma mensagem
- Ei vocês fazem bolo
Qualquer dia você aí visitá-los.
Falei para Robson e ele me
respondeu... VEJA A MATÉRIA COMPLETA CLICANDO ABAIXO.
- Venha doutor, será uma
honra recebê-lo, o senhor quer um bolo
- Sim.
- Então faremos um. Como
prefere
Eu
- Deixo a critério de vocês.
Soltem a imaginação. Simbolizem-me no bolo de acordo com a ótica de vocês, este
é meu desafio.
Robson topou e disse
- Ok doutor faremos o melhor
possível.
Os dias se passaram, quando
de repente, nesta semana, recebi um chamado para ir até a confeitaria. E no
meio de tantos bolos, procurava o meu, somente mais tarde, Lucas colocou em
cima do balcão e disse
- Está aqui a nossa
homenagem.
Entrei naquele meu momento
chamado de “um instante que não para”. Belíssimo e criativo, pois ali estava a
bandeira do meu Pará, a pistola .40 e as algemas.
- Eu vou cortar.
Falei e Lucas retrucou
- Calma, corta por aqui e
debaixo para cima para trazer sorte. Faz um pedido. Só não corta as algemas que
o ladrão foge.
E cortei.
- Hum, recheio de goiabada
- Sim, qual o problema com o
recheio Algum preconceito
Perguntou Lucas.
- Nenhum preconceito com a
goiabada, coloca mais. Está delicioso.
Ele
- Muito bom, quem resiste
uma goiabada
Percebi que Robson era o que
menos falava e mais observava.
- Lucas, qual seu sonho
Perguntei.
- Ser feliz. Ser um cake
boss, mas ainda sou apenas um cup designer.
Respondi
- Interessante. Com um
tempo, sei que você irá se aprimorando. Para mim, você é um artista. Nem todos
tem a sensibilidade e arte nas mãos para tais criações. Eu não sei nem como se
faz um bolo. Cada um na sua arte. Há um pensamento de Heraclito (filósofo pré-socrático),
que gosto muito que diz assim “A pedra que no papel nem serve para desenhar uma
reta, dentro d’agua faz círculos perfeitos.”
- Doutor, quando eu conto
ninguém acredita, mas eu fiz meu primeiro bolo aos 8 anos de idade e levei para
escola numa homenagem ao dia dos professores para professora Fátima, era um
bolo redondo de coração.
- E como você aprendeu fazer
bolo
Lucas disse
- Vendo minha mãe fazendo e
até hoje tenho uma técnica para ver se está bom, fura-se o bolo com uma faca e
se ela sair seca é porque ele já está assado, inclusive, o sapo que eu criava
comeu uma fatia do bolo e virou príncipe.
- Legal. Gostei das
curiosidades Lucas e esta versão de conto de fadas, eu ainda não tinha ouvido.
Abafa!
- Nada doutor, diga não ao
preconceito e sim aos bolos.
- É verdade Lucas. Quem dera
que preconceito fosse apenas um recheio de um bolo.
- Mas não é doutor,
prestígio sim, mas preconceito não.
- Eu sei Lucas, aliás na
nossa sociedade o que mais há são bolos
de preconceitos, de vários tamanhos, formas, cores e espécies, estes a gente
joga na cara dos caretas.
E a conversa se alastrou por
horas e desta experiência conheci duas pessoas incríveis, corajosas, sonhadoras,
gentis, as quais abriram as portas da confeitaria, do armário e do coração para
me contarem suas histórias, sonhos, alegrias e dificuldades. Ah, inclusive
soube que o início deste empreendimento se deu após a um grave acidente
automobilístico sofrido por Lucas que com o dinheiro do DPVAT junto a um
empréstimo feito pelo companheiro Robson, resolveram construir um sonho. Por
isso que eu digo, antes de julgar alguém procure calçar os seus sapatos e
trilhar o seu caminho, rir o seu sorriso, chorar suas desgraças para saber o
sabor de sua vitória. Lucas e Robson pessoas dignas de meu total respeito,
obrigado pelo bolo recheado de histórias. Amigos, desejo mil realizações
pessoais e profissionais para vocês, trabalhem sempre, pois tenho certeza de
que logo vocês encontrarão o pote de ouro no final do Arco-Íris. E quanto ao
preconceito, acho que nunca vai virar um saboroso recheio de bolo, então, que
ele vá à merda.
E você quais os ingredientes
do recheio de seu bolo
E finalizando
Entre o real e o imaginário,
entre bolos de preconceitos e prestígios, entre a verdade e a fantasia aqui
contada, o que nem eu já sei mais, encerro a crônica da semana. Um beijo à
todos, fiquem com Deus e até semana que vem. Ariosnaldo da Silva Vital Filho.
Lucas Wende e Robson Zanetti |
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