Doutor Ary, com seus padrinhos e prima |
Os padrinhos |
PADRINHO: Palavra que deriva
do latim Patrinum, que significa PAI ou DEFENSOR. Há muito tempo, dentro de um
contexto histórico, a figura do padrinho surgiu, não somente com intuito
religioso, mas em razão das instabilidades de guerras e mortes dos pais e com
isso, por vontades dos mesmos em vida, delegava-se os cuidados dos filhos para
alguém de confiança capaz de preservar e educar a criança. PADRINHOS e
MADRINHAS são pais e mães espirituais, os quais possuem como obrigação moral de
auxiliar os seus apadrinhados na condução dos problemas e na caminhada da fé
Cristã.
Falar de meus padrinhos,
sejam eles de Batismo ou de Crisma sempre me emociona, pois, tive os melhores.
Minha madrinha de Batismo, Aída Soares, em 2002 fez a grande viagem, me
deixando grandes ensinamentos, dentre eles TER FÉ sempre. Meu padrinho,
Ariosvaldo Vital, queridos de muitos em Rurópolis, Dr. Vital, ainda me é
presente, mesmo longe, mantendo contato via redes sociais. Também, pessoa da
melhor qualidade, me socorreu por várias vezes durante minhas crises asmáticas,
principalmente, quando criança.
Quanto aos meus Padrinhos de
Crisma, ninguém os escolheu por mim. O ato foi exclusivamente meu, no momento
que tive que preencher a ficha de indicação para levá-la à Secretaria da
Igreja.
- Meu filho não é assim. Só
colocar o nome.
Falou minha mãe.
- O que eu tenho que fazer?
Não é só preencher esses quadradinhos com o nome do padrinho?
Perguntei na minha santa
ignorância, típica de um rapazinho de 15 anos.
- Não. Ligue para Santarém e
pergunte a ele se aceita.
- Vou ligar.
E liguei.
- Everaldo, aceita ser meu
padrinho de Crisma?
- Aceito.
Ele aceitou, sem qualquer
obstáculo e no dia da Crisma, ele estava do meu lado no banco da Igreja. Os
laços familiares e de amizade se aprofundaram entre os compadres Belenenses e
Santarenos e tenho a certeza, que me perdoem os demais, que são os compadres
que papai mais adora e com eles se diverte. Certamente, minha madrinha
santarena de batismo, lá nas estrelas, deve ter aplaudido a escolha. Com o
passar dos anos, em certo dia, outro telefonema: VEJA A MATÉRIA COMPLETA CLICANDO ABAIXO.
- Padrinhos, minha festa de
formatura será em janeiro de 2001, estão convidados, vocês poderão participar?
- Sim.
E mais uma vez, nada de
objeções. Os anos se passaram... E no ano de 2008, outro telefonema, desta vez,
falei com a Madrinha Luziete.
- Madrina, passei no
concurso da Polícia Civil. Fui lotado em Rurópolis, não sei nem onde fica este
município, somente sei que devo ir para Santarém. Chego aí dia 20 de Fevereiro.
Ela:
- Mas, 20 de Fevereiro não
era o aniversário da Aída Soares?
Eu:
- Era. O presente que ele me
enviou lá das estrelas.
Luziete:
- Estamos te aguardando.
Iremos te buscar no Aeroporto.
E foi assim...
E o tempo passou, nunca
perdemos o contato, eu que sou meio fujão deles quando vou à Santarém, até que
no início do mês de Julho, fui visitá-los e Luziete me disse:
- Olha, dia 01 de Agosto lá
no Centro Recreativo, teremos uma festa em comemoração aos 80 anos do teu
Padrinho, vamos te aguardar.
E na noite de 01 de Agosto,
embora todos os atropelos ocorridos durante a semana, até um abismo no meio do
caminho, que quase acaba com tudo, mas ainda não era hora, eu consegui chegar
lá, inclusive com a missão de me tornar um príncipe e escrever a crônica da
semana:
- Hamilton, eu preciso
contar a história dos padrinhos.
- Arizinho, fica quieto! Vou
contar durante a festa.
- Me conta logo, preciso me
inspirar para escrever a crônica.
Ninguém me dava bola.
- Madrinha me conta um pouco
da história de vocês.
- Fala com Hamilton.
- Hamilton, Luziete mandou
falar contigo.
- Faz assim, depois que eu
contar durante a festa, prometo que te entrego por escrito.
- Será?
- Claro, pode confiar.
- Então tá fechado.
E foram muitos fatos e fotos
narrados por Hamilton Diniz. Lembranças de lugares e pessoas se misturavam
entre o real e o imaginário ali mesmo, naquela festa. Caminhos do coração de
uma longa trajetória de vida foram reabertos diante de nós nobres expectadores
que pudemos assistir e nos reconhecer em alguns trechos desse trajeto de uma
história apaixonante.
É, tudo que eu precisava saber da vida de Luziete e
Everaldo Diniz estava ali, ao alcance de todos, transbordando nos olhos destes
meus queridos padrinhos, de forma tão
límpida, clara, segura e corajosa tal como um valente marinheiro que conduz o
navio, às vezes enfrentando ventos fortes, mares agitados, tempestades e
tormentas, até o seu destino, mas certo no coração que haverá um ensolarado
final feliz.
E tudo isso estava ali,
traduzido nas narrativas de Hamilton, contada em verso, prosa, poesia, conto,
crônica ou memórias dosadas com amor, lutas, paixões, lágrimas e
superações.
Como uma criança boba eu
disse:
- Pai, olha a gente lá no
vídeo, eu, você e a mamãe na minha festa de colação de grau.
- Estou vendo meu filho,
estais vendo como teus padrinhos te amam.
E o vídeo terminou, contudo,
as imagens e a trilha sonora ainda permanecem vivas na minha memória. Perfeito!
De repente, Hamilton se
aproximou e disse:
- Abre a mão. Tá aqui o que
te prometi.
Muito feliz, falei.
- A história dos padrinhos.
Ele:
- É. Não te prometi?
Eu:
- Sim. E fiz de meu bolso um
relicário e a guardei a noite inteira.
Mas como posso fazer uma
crônica se já estava tudo ali? Nada poderia ser mudado, eu não faria melhor,
então, somente me resta transcrever a vocês alguns trechos das páginas da vida
de Everaldo e Luziete que Hamilton nos narrou naquela noite, tomado pela
emoção.
“Falar do meu pai não é
fácil, escolher passagens de uma vida para apresentar em poucas linhas de um
texto, mas o critério que me orientou a seleção foi dado por uma característica
própria de meu pai, da vida, como marido, pai, avô, tio, amigo e ressalto que
ele soube ser cordial no sentido positivo do termo, uma pessoa alegre e,
sobretudo, capaz de tecer muitos laços de amizade e de simpatia. Os problemas,
as brigas não aprecem ter deixado marcas ou marcas continuadas. É claro,
conforme próprios ciclos da vida, os contatos com os membros da grande rede que
ele foi tecendo se reduziram com frequência, por vezes, em intensidade, de modo
que se tornaram constantes com os que lhe são mais próximos, porém, suas
características pessoais permanecem, com quem ele conviveu e convive, com quem
compartilhou momentos de alegrias e tristezas, por isso, finalmente, este
momento é de agradecer a Deus por essa verdadeira Graça: Comemorar os 80 anos
de meu pai, essa celebração é um privilégio nestes tempos complicados.
Everaldo Gomes Diniz, um
homem de muitos amigos. Um homem de exemplo e de muita coragem e respeito por
todos. Um homem ímpar, nasceu em 28/07/1935, portanto 80 anos atrás, ele nasceu
em um lugar muito bonito chamado São João, Município de Santarémk, filho de
Luis Felipe Diniz e Jerônima Gomes Diniz, o segundo numa família de 7 irmãos:
Raimundo Walter (In memoriam), Manoel Jerônimo, Alair Diniz, Nazaré Diniz e
Tereza Cristina, onde ali ficou até completar 5 anos, depois foi para o
Igarapés das fazendas, localizado no município de Juruti, onde estudou e teve
como primeira professora a Sra., Amazonita. Em, 1946, foi para Santarém, onde
passou estudar com as ilustres professoras Sofia Imbiriba e Hilda Mota. Por
fim, foi para GDA, onde estudou até 1953, porém, teve que retornar ao Lago
Grande (São João) para trabalhar com seu pai e lá fez de tudo um pouco:
pescava, caçava, namorava muito (segundo os amigos) e era um eficiente jogador
do flamengo, naquela época ainda existia o ponta esquerda.
Desde Jovem, com a vocação
para pecuária, ele negociava, comprava gado e realizava outras atividades.
Abriu um pequeno comércio no Preguiça para comercializar peixe, comércio este
conhecido como Igarapé de Salga, passando neste ramo quatro temporadas. Viveu
momentos marcantes como no ano de 1953, quando vivenciou a maior cheia da
Região Norte e com muito esforço ao lado de seu pai e irmãos, conseguiu salvar
o pequeno rebanho de gado existente na fazenda São João.
Seu Pai Luiz Diniz embarcou
numa nova missão: Tentar a vida no ramo da navegação e nem imaginava que seria
o seu futuro, o qual hoje atravessa gerações. Começou fazer linha de Piraquara
para Santarém no B/M Nacional e depois compraram o Líder, trabalhou algum tempo
e em 1969, não teve jeito, pois, não resistiu aos encantos daquela cabocla do
Ariri, casando-se com Luziete e com ela teve três filhos Hamilton, Hilton e
Eveniz. Sempre trabalhador e com esta família montou um comércio lá no Mangal,
onde moraram por 5 anos, uma das épocas mais bonitas de sua vida, e lá se
passaram várias pessoas de diferentes época, como um caboclo nato
aprendemos
com ele a lidar com as dificuldades da vida no campo e levamos conosco para o
resto da vida e ao nosso tio Adil que muito ajudou nessa jornada no Mangal.
Precisávamos estudar e em 1975, preocupado com o futuro de seus filhos,
Everaldo veio morar em Santarém e com seu pai Luiz Diniz, o seu grande
professor com um espírito para os altíssimos negócios (coisas de Portugueses)
caminhou para uma nova rota, viajar para Itaituba com uma nova embarcação O
Líder, nessa época viu de perto o grande ciclo do Ouro, onde cm muita luta
sentiu que já era hora de tomar um novo rumo mais audacioso e juntamente com
seu irmão Alair Diniz compraram de sociedade sua primeira embarcação O LEÃO e a
partir de então constituíram uma empresa de navegação, empresa Diniz,
solidificada com muito trabalho e dedicação.
A vida desse homem estava a
mil, sem problemas e ele esqueceu que ela tinha que ser cuidada, então veio um
aviso. E por volta de 1984 a 1986, veio o sinal que meu pai estaria com algum
problema sério de saúde e após vários exames ficou diagnosticado uma doença
grave: Agiona de Nascimento. Foram os piores anos de toda sua vida e um médico
amigo Dr., Rogério recomendou que ele fosse imediatamente para São Paulo. Para
nossa família foi uma fase horrível, pois, um homem que sempre teve muito vigor
encontrava-se naquela situação. A fé falou mais alta e ele fez uma cirurgia de
alto risco. Eu, minha mãe, meu tio Alair e a prima Ida Soares o acompanhávamos
diretamente. Vocês nem imaginam o tormento que passamos. A estas pessoas um
muito obrigado.
Passado esse momento
difícil, feliz pela graça alcançada, meu pai até hoje continua firme,
comandando tudo o que construiu, com seriedade de sempre. Ele é um homem
simples que nunca esqueceu suas raízes e mantem viva até os dias de hoje, dona
da coragem e da força, estas virtudes de um verdadeiro homem que sabe
compreender os passos da vida e a maneira certa para ensinar o que é viver. Que sua coragem e força se tornem cada vez
mais imensas. Não podemos lhe oferecer muito, mas a simplicidade do nosso nada,
te ofereço minhas orações para que o senhor. Deus esteja sempre presente e que
hoje temos o prazer de desfrutar ao seu lado, o privilégio de tê-lo como pai,
que todas as benções do pai sejam derramadas nesta data, especialmente sua.
Sabemos que a vida é efêmera, mas que nunca tomou conhecimento dessa passagem,
vivendo intensamente cada momento, e hoje pai nós só temos que agradecer por
tudo que nos proporcionaste nessa vida. Seus ensinamentos serão eternos, seu
aniversário jamais será esquecido, onde eu estiver estarei orando por ti e pela
sua felicidade, agradecendo pela sua presença que somente nos traz alegrias.
Parabéns Pai e Feliz Aniversário.”
Diante desses fatos, tem
como deixá-la de fora de uma crônica? Jamais, seria uma falha irreparável deste
afilhado. Foi uma noite memorável. Percebi que meus padrinhos dançam com a vida
de rosto colado, como eles até então, somente conheço uma pessoa assim: meu
pai.
História inspiradora para
qualquer um. A maturidade permite-nos aprender a bailar. Um dia sei que vai ter
uma festa em que vou dançar até o sapato pedir para parar. Aí eu paro, tiro o
sapato e danço o resto da vida. Né, Denise Vital? Aprendi contigo.
E como sempre, a vida se
renova. Hoje também sou Padrinho duas vezes de Batismo e uma de Casamento. Quem
diria! Espero que eu esteja correspondendo às escolhas e predileções
dispensadas a mim.
E chegamos mais um final.
Gosto de finais, eles são tão importantes para as grandes continuações. Foram
tantos acontecimentos na última semana de julho: correria, dentes quebrados,
crise asmática e de nervos, sistema inoperante, acúmulo de funções, mudanças,
muitas mudanças e mais mudanças. Até Ela com sua foice quis me levar, somente
deu tempo para olhar o abismo e dizer: Seja feita a Vossa Vontade e Deus e os
anjos pegaram a caneta e mudaram todo o enredo da trama, me levando para o lado
de meus padrinhos, meu pai, parentes e familiares, num bela festa de puro
chiquê com tantos encontros e reencontros.
Meus Padrinhos Luziete e
Everaldo Diniz, desejo a vocês todas as alegrias e realizações possíveis e com
esta crônica é a forma que encontrei de parabenizá-los pela história de vida e
eternizá-los em meu livro. Deus ilumine sempre seus caminhos de chão, de sol,
mar, rio, ar ou do coração.
E finalizando:
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