Osimar, Rayfran, Luís Carlos e Raimundo Fernando, o Gordon, são acusados de três mortes e uma tentativa de homicídio |
arma encontrada com raimundo |
Da
Redação
Agência Pará de Notícias
Atualizado em 20/09/2014 15:16:00
Agência Pará de Notícias
Atualizado em 20/09/2014 15:16:00
A Polícia Civil apresentou, neste sábado, 20,
quatro presos por envolvimento em três mortes e uma tentativa de homicídio,
ocorridas no último dia 5, no interior do Estado, como resultado das
investigações feitas pela equipe de policiais civis da Divisão de Homicídios.
Um dos presos é Rayfran das Neves Sales, 38 anos, condenado pela morte da
missionária norte-americana Dorothy Stang, crime de repercussão internacional ocorrido
em 2005, em Anapu, sudoeste do Pará. Ele estava, desde junho do ano
passado, em prisão domiciliar determinada pela Justiça do Pará.
Equipe da Polícia Civil que levou os bandidos a prisão |
Os demais presos são Raimundo Fernando Ferreira
Monteiro, conhecido como “Gordo” ou “Ritchie”; Osimar Lobato Rodrigues, 30
anos, e Luís Carlos do Carmo Lopes, 27. As vítimas são o casal Evalso
Fagundes da Silva e Luana de Cássia Castro e Silva e os amigos Leandro Kestring
de Vargas e Joseane Noronha Santos. Dos quatro, apenas Luana Silva
sobreviveu.
Evalso foi morto com um tiro na cabeça em um ramal,
à altura do km-24 da Alça Viária, em Acará. Leandro e Joseane também foram
mortos a tiros, na zona rural de Tomé-Açu. Os crimes estão ligados ao tráfico
internacional de drogas.
Inicialmente o inquérito, estava sob presidência do DPC Marco A. Oliveira |
Os fatos foram divulgados em entrevista coletiva a
jornalistas, na sede da Divisão de Homicídios, em Belém. Participaram os
delegados Claudio Galeno, diretor da Divisão de Homicídios; Ione Coelho,
diretora de Polícia Especializada; além de Marco Antonio Oliveira; MacDowell
Fortes; Maria Lúcia Santos e Eduardo Rollo, que participaram das investigações.
Segundo o delegado Claudio Galeno,
inicialmente foi instaurado inquérito para apurar a morte de Evalso e a
tentativa de homicídio de Luana, sob presidência do delegado Marco Antônio
Oliveira, já que o caso foi o primeiro a chegar ao conhecimento da equipe de
policiais civis. Depois que foi estabelecida ligação entre os crimes, os
inquéritos foram unificados.
Durante as investigações, o delegado tomou
depoimento de Luana de Cássia, cujas informações foram fundamentais para
elucidação dos crimes. A vítima recebeu dois tiros, um nas costas e outro de
raspão no rosto e permanece internada no Hospital Metropolitano, em
Ananindeua.
A delegada Maria Lucia, titular da Delegacia de Pessoas Desaparecidas |
No dia 6, vieram à tona notícias sobre o
desaparecimento dos jovens Leandro e Joseane, que teriam vindo do oeste do Pará
com destino a Belém. Quatro dias após o fato, o pai de Leandro Vargas
foi até a Delegacia de Pessoas Desaparecidas, situada na Divisão de
Homicídios, para registrar boletim de ocorrência sobre o sumiço do filho.
O pai de Leandro foi ouvido pela delegada Maria
Lúcia, titular da Delegacia, a quem informou ter recebido uma mensagem enviada
pelo filho via aplicativo de celulares WhatsApp, no dia 5, por volta de 23
horas. Leandro escreveu a seguinte mensagem: “Pai, se acontecer
alguma coisa comigo, estou em companhia de Rayfran das Neves Sales”, citando o
nome do pistoleiro que matou a missionária Dorothy Stang, em Anapu.
A partir dessa informação, a equipe policial
começou a fazer ligações entre o sumiço dos jovens e o ataque a tiros ao casal
Evalso e Luana. Em depoimento, o pai de Leandro confirmou que o filho conhecia
Evalso. Essas informações foram os pontos iniciais para fazer a conexão entre
os dois casos. “As investigações mostraram que os crimes tinham relação
com o tráfico internacional de cocaína”, destacou Galeno.
Ele explica que Evalso e Luana eram intermediários
no tráfico de uma carga de 50 quilos de cocaína que seria levada, inicialmente,
da Bolívia até o Estado de Mato Grosso. Depois, a droga seria trazida para
Belém. No último dia 5, o casal se encontrou com Rayfran, Luís Carlos e
Raimundo Fernando, em Belém. Todos juntos seguiram em um carro alugado com
destino à cidade de Tailândia, por volta de 11 horas, para se encontrarem
com Leandro Kestring para receber a droga. Para fazer a viagem, Luís
Carlos chamou o comparsa Osimar Rodrigues, com objetivo de alugar um
carro.
As investigações indicaram que Leandro foi
contratado como “mula” por Rayfran e outros traficantes de drogas de
Belém, para receber no Estado de Mato Grosso o carregamento com a droga e
levá-lo até a Vila Palmares, em Tailândia, onde a droga seria entregue ao casal
Evalso e Luana, e aos demais. Raimundo Fernando, o “Gordo”, foi contratado como
segurança dos traficantes. Na ocasião, Leandro convidou a amiga Josiane para
acompanhá-lo durante a viagem, feita no próprio carro dele.
A caminho de Tailândia, por volta de 19 horas, na
estrada da Alça Viária, Luís Carlos e os comparsas decidiram matar o casal
intermediário. Evalso recebeu um tiro na cabeça dado por Luís Carlos. Já Luana
foi atingida por dois disparos, mas não morreu porque se fingiu de morta.
Depois, os criminosos resolveram abandonar o carro em um ramal perto da Alça
Viária, pois o veículo ficou atolado no local. Após a fuga dos criminosos,
Luana conseguiu pedir socorro na estrada e foi levada até o hospital.
Rayfran, Raimundo Fernando e Luís Carlos seguiram
até Tailândia, onde se encontraram com Leandro e Josiane. Foi nesse
momento que Leandro enviou a mensagem ao pai, pois suspeitava que também
poderia ser morto. As vítimas foram levadas de carro até um ramal, na zona
rural de Tomé-Açu, onde foram alvejados a tiros e depois tiveram os corpos
abandonados no local. O carro de Leandro foi queimado. O corpo de Leandro, que
era conhecido como Lourinho, foi encontrado no domingo, dia 7, e o de
Josiane no dia seguinte. Ambos estavam perto de um igarapé, na zona rural em
Tomé-Açu.
No dia seguinte, Luís Carlos procurou Osimar para
lhe pedir que fizesse uma ocorrência falsa de assalto, alegando que o carro
alugado teria sido roubado, o que foi feito por Osimar. Na segunda-feira, Luís
Carlos e Rayfran pagaram os R$ 260 acertados inicialmente com Osimar e
mais R$ 1,5 mil para que ficasse em silêncio, com a promessa de que lhe dariam
mais dinheiro.
Durante as investigações, Osimar foi chamado para
prestar depoimento, no qual reafirmou que o carro alugado, encontrado no ramal
da Alça Viária, teria sido roubado no bairro da Pedreira, em Belém. “Desde
então, ele passou a figurar como suspeito de envolvimento no crime”, detalhou
Claudio Galeno.
No curso das investigações, os delegados Marco
Antonio Oliveira e MacDowell Fortes, da Divisão de Homicídios, em atuação
conjunta com a Vara de Combate ao Crime Organizado do Tribunal de Justiça do
Pará e do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do
Ministério Público do Estado, conseguiu obter os mandados de prisão temporária
de 30 dias dos acusados.
As prisões
Os mandados judiciais foram cumpridos nesta
sexta-feira, dia 19. Rayfran foi preso no momento em que chegava em sua casa,
no bairro da Cremação, por volta de 6h da manhã.
Raimundo Fernando, o “Gordo”, foi preso no
bairro do Guamá, em Belém, onde reside, por volta de 11 horas. Luís Carlos foi
preso no bairro do 40 Horas, em Ananindeua, por volta do meio-dia. Com
ele, uma pistola calibre 380 foi apreendida e por isso ele foi autuado por
porte ilegal de arma de fogo. A arma foi encaminhada para perícia de comparação
balística no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, sob suspeita de ser
a mesma usada nos crimes.
Osimar, o outro envolvido no crime, já estava na
cadeia desde o dia 13 deste mês, quando foi preso em uma casa no
município de Igarapé-Miri, junto com outros comparsas, armados e com drogas.
Ele estava recolhido no centro de Triagem da Cidade Nova. Após passarem por
perícia de corpo de delito, os presos foram levados a unidades do Sistema
Penitenciário para ficarem recolhidos à disposição da Justiça. As investigações
prosseguem para apurar o envolvimento de outras pessoas nos crimes.
Walrimar Santos
Polícia Civil
Polícia Civil
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