quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

CRÔNICA DA SEMANA: A BARBEARIA

NALDO, feliz com o seu sonho realizado
Naldo com o autor
Desengavete um sonho empoeirado, assopre, depois pegue um punhado de determinação, umas doses de esperança, misture tudo com um montante de fé, e vá misturando, ainda que lentamente, não no seu tempo, mas no tempo de Deus, confie e o deixe bater em sua porta com aquilo que você plantou, ou melhor, construiu.
Gosto de falar de sonhos, de pessoas, de suas construções, sejam elas internas ou externas. Um dia desses estava filosofando com meus botões, lembrando quando me envolvi numa obra, eu e minha mãe. Interessante é que tudo ocorreu num momento em que nossas relações estavam distantes, estremecidas e abaladas, coisas de família, como qualquer outra, e a medida em que nos envolvíamos nas situações da construção desde a compra de materiais, escolha de serviços, transtornos rotineiros e decisões a serem
O inicio da concretização do sonho
tomadas, naquele momento, não percebemos que também internamente também passávamos por uma reconstrução de valores e sentimentos, a nossa relação familiar estava tendo uma segunda chance e ao final vimos que a melhor obra foi edificada em nossos corações, reconstruindo caminhos afetivos ora então distanciados, e construindo afeto e tolerância onde não existia, solidificando as bases do amor. 
Não é fácil passar por uma obra, principalmente quando somos também parte dela, e ao longo de sua execução somos modificados, e ao chegar ao final percebemos que não somos mais o mesmo do início da história, terminamos fortes e solidificados pela conquista, pela transformação interna.
Devagar mas com persistência ia tomando forma
Esta semana pude conhecer um pouco mais de quem passou por tudo isso. Com coragem, desengavetou um sonho empoeirado, assoprou, depois pegou um punhado de determinação, doses de esperança, misturou tudo com um montante de fé, confiou no tempo de Deus e viu seu sacrifício recompensado. Durante este processo, muitos ainda o chamaram de João de Barro, e outros até de maribondo, porque levava seu material de construção igual uma vespa, quando leva areia aos pouquinhos nas costas, num vai e vem, fato este que encarou com humor, sem abalo, sempre despedido de qualquer vergonha ou preconceito, e no tempo livre que tinha de pouquinho erguia os alicerces de seu sonho.
Sonho realizado...
Certamente, nessas idas e vindas, o caminho o fortaleceu, e por sua perseverança acabou inspirando pessoas mostrando que sonhar faz bem, e o que é mais legal que pode contar com outros maribondos, outras vespas e Joãos de Barros, que foram aparecendo e o auxiliaram na construção do seu sonho.
REGINALDO SOUSA OLIVEIRA, conhecido como NALDO, começou ainda muito jovem fazendo cortes de cabelos nos seus irmãos na colônia onde morava, e foi gostando do ofício que aos poucos foi se aperfeiçoando até se tornar um artista. Mudou-se para cidade, deixando a zona rural, pois precisava trabalhar. Trabalhou arduamente em vários comércios, empresas, fazendo de tudo um pouco, não apenas com o intuito de sobrevivência, mas para conseguir dinheiro e realizar um sonho que estava guardado na gaveta, na época: montar seu salão de beleza.
Feliz e duplicado...
E parou por aí? Nada! Passou a direcionar seu suor a outro objetivo, realizar outro sonho, que era construir a sua Barbearia e foi nesse vai e vem, como um João de Barro, ou para muitos de língua comprida, que não acreditaram, o chamando de maribondo por ter que levar terra de pouquinhos de lá para cá, que ele mais uma vez alcançou seu objetivo. É, um sonho a mais não faz mal, rejuvenesce o corpo e a alma.
Eu: Naldo, o que é este canto?
Estava me referindo aquela área de lazer coberta de luzes de neon.
Ele: Será Bar-bearia.
Eu, naquele meu instante em que não para, em que paro e ficou olhando para o infinito pensando como se tivesse resolvendo uma fórmula matemática na cabeça, perguntei: O quê?
Com alguns clientes e amigos no dia da inauguração
Ele: Será um cantinho para atender a clientela, como um bar onde serão servidas refrigerantes águas e bebidas em geral, por isso Bar- Bearia. Temos uma mesa de sinuca também Doutor. O cliente pode jogar enquanto aguarda, vamos jogar?
Eu: Meu amigo não jogo nem pirão de farinha na boca, imagine sinuca.
E a conversa foi fluindo. Até que eu perguntei: Naldo, você é um Personal hair Stylist?
Ele: Sim, procuro fazer um corte estiloso para o cliente levando em conta sua maneira de ser e personalidade. Doutor, na verdade eu sou um pouco de tudo, sou barbeiro, cabeleireiro, sem qualquer preconceito, o importante é deixar a clientela feliz.
Rolou até uns salgados para os presentes...

A conversa se alongou na bar-bearia, entre luzes de neon, produtos de barbear, óleos de barba, shampoos hidratantes e mesa de bilhar. O bacana é que eu fui até ali apenas como acompanhante de Helder Marinho e no final acabei me envolvendo com as narrativas, e por ser tão preciosas, vi que não poderia deixar de compartilhá-las afinal de CRÔNICAS, estaria perdendo uma bela história.  
Sem dúvida que navegar é preciso, mas construir, construir-se ou se reconstruir ao longo do caminho é fundamental. Às vezes é necessário demolir o nosso Eu de Ontem para reerguer o Eu de Hoje, num sólido alicerce para o amanhã. Podem ter certeza que sonhos não envelhecem, agora tem que ter coragem para fazer acontecer, levantar-se muitas vezes dos escombros da vida e com fé erguer um castelo com as pedras que um dia nos atiraram. Edificar-se.

Tenho certeza, que nesse caminho do nosso nobre marimbondo, muitas amizades foram construídas, reconstruídas e solidificadas. A construção da obra já tinha começado dentro dele, bem antes mesmo de ter carregado o primeiro saco de areia, colocado o primeiro tijolo ou feito os alicerces. Edificar-se não é fácil, mas pode acreditar que quem passa por este processo ao final de tudo estará muito mais humanizado, renovado, e sensível às necessidades do outro, e sem dúvida, acreditando que Deus é o grande arquiteto de todas as coisas.
Não esquecendo do início...
Muita batalha
Construa-se, reconstrua-se, edifiquem-se sempre quantas vezes forem necessárias. Entre o real e o imaginário, sonhos e construções, entre a verdade e a fantasia aqui contada, o que eu já nem sei mais, encerro a crônica do dia. Um beijo a todos, fiquem com Deus. Ary Vital Filho. VEJA MAIS FOTOS CLICANDO ABAIXO.

NOTA DO AUTOR:

Como é bom estar de volta, principalmente iniciar o ano com estas histórias de superação.












DO COMEÇO AO HOJE...






































Hora do 0800



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