NALDO, feliz com o seu sonho realizado |
Naldo com o autor |
Desengavete
um sonho empoeirado, assopre, depois pegue um punhado de determinação, umas
doses de esperança, misture tudo com um montante de fé, e vá misturando, ainda
que lentamente, não no seu tempo, mas no tempo de Deus, confie e o deixe bater
em sua porta com aquilo que você plantou, ou melhor, construiu.
Gosto
de falar de sonhos, de pessoas, de suas construções, sejam elas internas ou
externas. Um dia desses estava filosofando com meus botões, lembrando quando me
envolvi numa obra, eu e minha mãe. Interessante é que tudo ocorreu num momento
em que nossas relações estavam distantes, estremecidas e abaladas, coisas de
família, como qualquer outra, e a medida em que nos envolvíamos nas situações
da construção desde a compra de materiais, escolha de serviços, transtornos
rotineiros e decisões a serem
tomadas, naquele momento, não percebemos que
também internamente também passávamos por uma reconstrução de valores e
sentimentos, a nossa relação familiar estava tendo uma segunda chance e ao
final vimos que a melhor obra foi edificada em nossos corações, reconstruindo
caminhos afetivos ora então distanciados, e construindo afeto e tolerância onde
não existia, solidificando as bases do amor. Não
é fácil passar por uma obra, principalmente quando somos também parte dela, e
ao longo de sua execução somos modificados, e ao chegar ao final percebemos que
não somos mais o mesmo do início da história, terminamos fortes e solidificados
pela conquista, pela transformação interna.
O inicio da concretização do sonho |
Devagar mas com persistência ia tomando forma |
Esta
semana pude conhecer um pouco mais de quem passou por tudo isso. Com coragem,
desengavetou um sonho empoeirado, assoprou, depois pegou um punhado de
determinação, doses de esperança, misturou tudo com um montante de fé, confiou
no tempo de Deus e viu seu sacrifício recompensado. Durante este processo,
muitos ainda o chamaram de João de Barro, e outros até de maribondo, porque
levava seu material de construção igual uma vespa, quando leva areia aos
pouquinhos nas costas, num vai e vem, fato este que encarou com humor, sem
abalo, sempre despedido de qualquer vergonha ou preconceito, e no tempo livre
que tinha de pouquinho erguia os alicerces de seu sonho.
Sonho realizado... |
Certamente,
nessas idas e vindas, o caminho o fortaleceu, e por sua perseverança acabou
inspirando pessoas mostrando que sonhar faz bem, e o que é mais legal que pode
contar com outros maribondos, outras vespas e Joãos de Barros, que foram
aparecendo e o auxiliaram na construção do seu sonho.
REGINALDO SOUSA OLIVEIRA,
conhecido como NALDO, começou ainda
muito jovem fazendo cortes de cabelos nos seus irmãos na colônia onde morava, e
foi gostando do ofício que aos poucos foi se aperfeiçoando até se tornar um
artista. Mudou-se para cidade, deixando a zona rural, pois precisava trabalhar.
Trabalhou arduamente em vários comércios, empresas, fazendo de tudo um pouco,
não apenas com o intuito de sobrevivência, mas para conseguir dinheiro e
realizar um sonho que estava guardado na gaveta, na época: montar seu salão de
beleza.
Feliz e duplicado... |
E
parou por aí? Nada! Passou a direcionar seu suor a outro objetivo, realizar outro
sonho, que era construir a sua Barbearia e foi nesse vai e vem, como um João de
Barro, ou para muitos de língua comprida, que não acreditaram, o chamando de
maribondo por ter que levar terra de pouquinhos de lá para cá, que ele mais uma
vez alcançou seu objetivo. É, um sonho a mais não faz mal, rejuvenesce o corpo
e a alma.
Eu:
Naldo, o que é este canto?
Estava
me referindo aquela área de lazer coberta de luzes de neon.
Ele:
Será Bar-bearia.
Eu,
naquele meu instante em que não para, em que paro e ficou olhando para o
infinito pensando como se tivesse resolvendo uma fórmula matemática na cabeça,
perguntei: O quê?
Com alguns clientes e amigos no dia da inauguração |
Ele:
Será um cantinho para atender a clientela, como um bar onde serão servidas refrigerantes
águas e bebidas em geral, por isso Bar- Bearia. Temos uma mesa de sinuca também
Doutor. O cliente pode jogar enquanto aguarda, vamos jogar?
Eu:
Meu amigo não jogo nem pirão de farinha na boca, imagine sinuca.
E a
conversa foi fluindo. Até que eu perguntei: Naldo, você é um Personal hair
Stylist?
Ele:
Sim, procuro fazer um corte estiloso para o cliente levando em conta sua
maneira de ser e personalidade. Doutor, na verdade eu sou um pouco de tudo, sou
barbeiro, cabeleireiro, sem qualquer preconceito, o importante é deixar a
clientela feliz.
Rolou até uns salgados para os presentes... |
A
conversa se alongou na bar-bearia, entre luzes de neon, produtos de barbear,
óleos de barba, shampoos hidratantes e mesa de bilhar. O bacana é que eu fui
até ali apenas como acompanhante de Helder Marinho e no final acabei me
envolvendo com as narrativas, e por ser tão preciosas, vi que não poderia
deixar de compartilhá-las afinal de CRÔNICAS, estaria perdendo uma bela
história.
Sem
dúvida que navegar é preciso, mas construir, construir-se ou se reconstruir ao
longo do caminho é fundamental. Às vezes é necessário demolir o nosso Eu de
Ontem para reerguer o Eu de Hoje, num sólido alicerce para o amanhã. Podem ter
certeza que sonhos não envelhecem, agora tem que ter coragem para fazer
acontecer, levantar-se muitas vezes dos escombros da vida e com fé erguer um
castelo com as pedras que um dia nos atiraram. Edificar-se.
Tenho
certeza, que nesse caminho do nosso nobre marimbondo, muitas amizades foram
construídas, reconstruídas e solidificadas. A construção da obra já tinha
começado dentro dele, bem antes mesmo de ter carregado o primeiro saco de
areia, colocado o primeiro tijolo ou feito os alicerces. Edificar-se não é
fácil, mas pode acreditar que quem passa por este processo ao final de tudo
estará muito mais humanizado, renovado, e sensível às necessidades do outro, e
sem dúvida, acreditando que Deus é o grande arquiteto de todas as coisas.
Não esquecendo do início... |
Muita batalha |
Construa-se,
reconstrua-se, edifiquem-se sempre quantas vezes forem necessárias. Entre o
real e o imaginário, sonhos e construções, entre a verdade e a fantasia aqui
contada, o que eu já nem sei mais, encerro a crônica do dia. Um beijo a todos,
fiquem com Deus. Ary Vital Filho. VEJA MAIS FOTOS CLICANDO ABAIXO.
NOTA DO AUTOR:
DO COMEÇO AO HOJE...
Hora do 0800 |
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