Fundada em 1616, capital do
Pará, Belém hoje completa 401 anos, e mesmo longe, este coração belenense bate
forte e morre de saudades das pessoas, dos poetas, das poetizas, dos músicos da
noite, dos contistas, dos cronistas, dos times de futebol, das esquinas, dos
amigos, dos familiares, dos risos, dos beijos, dos abraços, das comidas
típicas, do tacacá, da maniçoba, do pato no tucupi com jambú, das danças, dos
casarões, dos tempos, das igrejas, das vilas, das ilhas, dos mistérios, dos
cheiros, cores, luzes, de tudo que é profano e religioso. E eu pensando fazer
uma homenagem a minha cidade pensei escrever uma poesia, mas lembrei de que não
sei escrever poemas. Que tal um conto? Que tal uma crônica? Contar uma memória?
Fazer uma carta com uma declaração de amor? Quem sabe? Tive que recorrer uma
personagem já conhecida de vocês. Lembram-se da Vida? Então, com autorização
pedi emprestado dela esta carta-poema-trilha-conto-crônica-memória-declaração
de amor. Esta tudo ali de forma magistral, escrito com maestria, nem eu poderia
ter feito melhor. Está lá na página 43, do Livro Coração Tatuado, 2016,
pulsante um Coração Paraense:
“Oh, Belém ! Moça morena
merecedora de finos tratos. Senhora das chuvas e trovoadas. Rasgastes as sedas
da belle époque para dançar carimbó e tomar açaí com a gente, mesmo que para
isso tivesse que perder um dos teus dedos. Êita, mulher cabana. Mulher pai
d’égua. Seduzistes com teu encanto, com tuas cores, cheiro e sabores que só o
Pará tem, eras menina. Quantas vezes tivemos a honra de brindar o teu encanto
junto ao luar, ao som de um violãozinho e na companhia de inúmeros poetas,
brindando o momento com uma Cuba Libre, sentados à mesa do Bar do Parque. És
donzela faceira, de manto tecido a fios de ouro, que embora não mais vista, a
tua alma ainda o reluz. Beleza banhada de mares, outeiros, rios, lagos, lagoas,
igarapés e de muita essência extraída da tua fauna e flora. Donas das chuvas e
tempestades. Rainha das mangas. Contadora de lendas e madrinha dos contos. És
pescadora sim. És caçadora sim.
Apreciadora de Museus e Teatros, espectadora
sentada na primeira fila para assistir o que mais gosta em Paz. Cidade nova.
Cidade Velha. Cidade de filhos esperançosos. De filhos de lábios carnudos e de
cor de açaí. Vizinha de ilhas místicas, paradisíacas e afrodisíacas. Comadre do
Marajó. Moça hospitaleira e gentil daqueles que vieram tomar tacacá e
resolveram ficar. Mulher Basílica. Senhora da Sé. Guarda junto ao teu seio
protetor o nome de teus filhos.Garota
bronzeada das praias de Mosqueiro, Salinas e Outeiro .
Do pôr-do-sol da vila de
Mosqueiro e do coco doce de Icoaraci . Colecionadora de artesanatos. Poetiza
das praças. Atleta da Batista Campos. Foliã do Carnabelém. Namoradinha na
janela que abres teus braços para o rio nas tardes de sol e nas noites de
lua. És Forte Presépio. E, também
formosa Patricinha dos pátios de shoppings e das docas nas tardes ensolaradas de sábado. Mulher da Paz fique em
paz e que nossa Senhora de Nazaré te abençoe” .
Obrigado Belém, obrigado
Vida. Feliz Aniversário.
Entre o real e o imaginário,
entre a verdade e a fantasia aqui contada, o que eu já nem sei mais, encerro a
crônica do dia. Um beijo à todos, fiquem com Deus. Ary Vital Filho.
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