sexta-feira, 19 de junho de 2015

CRÔNICA DA SEMANA: DUAS VIDAS

Ethel Gisele
- Oi querido, cheguei!

Eu já tinha ouvido essa frase antes, mas de outra forma, em algum programa de televisão.

- Cadê você? Precisamos colocar nossas conversas em dias.

Ela me falava pelo celular.

-Minha amiga, como vai? Já na nossa amada cidade?

E nem precisei meter no meio ou completar a frase com “Quanto tempo!”, como muitos fazem, pois sempre foi desnecessário, mesmo quando não existia facebook e whatsApp sempre mantivemos contatos. Em tempos de amizades descartáveis, a nossa é uma jóia rara e nós nos orgulhamos disso, temos muitas coisas parecidas, como o alto astral, a vontade em estar ladeado de gente e não temos medo de nós expor, opinar, lutar por uma causa enquanto acreditamos nela, rimos dos outros e de nós mesmos, cair e levantar sem qualquer pudor ou vergonha quantas vezes forem necessárias. Não resisti, minutos depois fui visitar Ethel Gisele na casa onde ela estava hospedada e naquela varanda conversamos e rimos alto por altas horas da noite.
Ethel e Dr. Ary
- Meu querido, eu tenho lido suas crônicas e preciso “te” ler mais todos os dias, porque és terapêutico.

- Legal ouvir isso de você e me conte sobre sua vida.

Puxei conversa.

- Vou nada querido, pois o melhor da minha vida esta “off line”.

Achei a colocação de Ethel Fantástica e não é que ela tem razão? Há situações, momentos, pensamentos, escolhas, atos e fatos que somente interessam a nós mesmos e não a mais ninguém. Conversando com Ethel eu lhe disse:

- Sabe minha amiga, um dia vou escrever dois livros: um sobre minha vida e outro sobre o que os outros falam e sei que o segundo vai vender mais do que o primeiro, porque imaginação com doses cavalares de fofoca, fuxico, mentiras e intrigas sempre mexem com o imaginário. Já tem até título “Duas Vidas”, uma que vai tratar da minha vida como ela é com todos meus amores e desabores, erros e acertos e o outro sobre aquilo que acham.

Ela respondeu:

- Sensacional. Então somos dois. Eu também tenho “Duas Vidas”.

- Pois é, esse povo fala o que não sabe e o que não deve dos outros como se fossem verdadeiros PHDs sobre a vida alheia, chegam até montar um verdadeiro “Arraiá de fofoca” ao invés de pelo menos procurar uma louça para lavarem, varrerem uma casa, molharem as plantas ou limparem o coco do cachorro.

E ela ria.


- Sabe Ethel quando a gente encontrar um desses “bocas murchas” vumbora dar um gato para eles? É um gato! Porque você sabe que um gato tem sete vidas e dando a esses fuxiqueiros sete vidas para eles cuidarem, talvez eles esqueçam as nossas.

- Amigo, por via das dúvidas, melhor a gente dar dois gatos.

- Verdade. Pensando bem, melhor três.
Mãe
 

Eu disse e a conversa fluiu pela noite a fora. Há muito tempo, não me dava o luxo de sentar numa varanda e jogar um papo fora. Desabafar, sorrir e chorar de tanto sorrir. Também não tem como não se emocionar com a história vivida por Ethel diante de um coma na família. Sempre aprendi muito conversando com Ethel, principalmente, ao saber todas as dificultadas que ela passa, supera, quando não convive, se recriando e se reinventando a todo tempo, fortifico meu poder da autoestima, de superação diante das adversidades da vidae conservar o amor-próprio e o amor pelo outro, mesmo quando não há mais motivos aparentes ou quando a tolerância atingiu o ponteiro vermelho.
 

- Estas fotos são em Manaus!

- Sim.

- Onde é Ethel?

- No Largo de São Sebastião, enfrente ao Teatro Amazonas.

- Eu adoro Manaus, mas não recordo deste lugar.
 

Então, várias histórias me foram contadas em fotografias. Emoções, cores, cheiros, gestos, caras e bocas em cliques. Pude sentir desde todas as etapas de um bom enredo: drama, comédia, aventura e romance.

Então tive um insight

- Ethel, nasceu a crônica da semana. Você será a crônica.

E ela:

- Então meu amor, vamos tirar uma “Selfie”.

E ela saiu da varanda e adentrou a casa.

- Ei, o que você está fazendo? Vem logo!

Eu a chamava.

- Estou passando um batom, espera querido!

Ela respondia, lá de dentro.

- Vai demorar muito? Já é tarde.

- Já vai. Não me estressa, pareces o Doutor House.

- Ethel, quanto tempo ainda vai demorar este batom?

Perguntei.

- 24 horas se não me beijarem muito, mas como o meu namorado Roger não está aqui, certamente, vai demorar.

Cai na gargalhada e depois ela diz que eu que sou terapêutico. E Quando vi ela  havia vestido uma camisa preta para me fazer uma homenagem.


- Eita.

Falei.

- Me troquei para combinar com o homem de preto.

E a semana passou e na tarde hoje Ethel me trouxe suas fotos que solicitei e uma carta, escrita à mão. Li tudo aquilo, sem dúvida emocionante, forte, intenso, transparente, lindo e passei a conhecê-la um pouco mais, e o que me deixou feliz foi Ethel dizer que antes ela não conseguia colocar no papel toda aquela sua história de vida e ao fazer pela primeira vez se sentiu orgulhosa de si mesma.

Emocionado eu transcrevo um trecho:

“ (...) A maioria das pessoas que me veem sorrindo, corajosa, linda nas redes sociais nem fazem ideia das lutas diárias que travo com meu organismo para continuar vivendo! Sabe, todos nós temos duas vidas, sim. A vida que as pessoas pensam que a gente tem e a vida que realmente vivemos”.

Ethel, você é uma vencedora e tem meu total apreço e respeito. Mas, ter “duas vidas” é diferente de ter “duas caras” e certamente isso não temos, porque somos transparentes, determinados e intensos como a vida.

Um dia li o seguinte trecho na internet de autoria desconhecida, mas que faz total sentido para nós e para mais quem queira, diz assim: “Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter, calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri, viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas e as minhas alegrias. Percorra os anos que eu percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim como eu fiz. E então, só aí poderás me julgar. Cada um tem a sua própria história, não compare a sua vida com a dos outros, pois, você não sabe como foi o caminho que eles tiveram que trilhar na vida.”

Ethel foi bom te reencontrar e embora os trancos e barrancos ainda podermos sorrir, porque Deus habita em nossos corações. Me diverti com suas fotos, principalmente, da gata de botas. Genial a sua arte de se reinventar sempre. Obrigado pela amizade e vejo que o tempo somente fez fortificá-la, o que é nobre nos dias de hoje que muitas amizades são descartáveis. Obrigado por compartilhar comigo um pouco da tua história e também aguentar meus momentos TPÊMICOS DE DR. HOUSE. Deus no comando, pois ele sempre será o melhor escritor da história de nossas vidas.


Ethel olha este pensamento que achei no Facebook do Helder Marinho, veio como uma luva na crônica contada: 

“Nada melhor do que derrubar com um sorriso, quem um dia te machucou com uma lágrima. Os melhores momentos na vida são como os arco-íris: aparecem quando você menos espera”. 

E finalizando:


Entre o real e o imaginário, entre a verdade e a fantasia aqui contada, o que nem eu já sei mais, encerro a crônica da semana. Um beijo à todos, fiquem com Deus e até semana que vem. Ariosnaldo da Silva Vital Filho.

Em tempo: Apesar do silencio, continuo torcendo pela família.

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