Ethel Gisele |
- Oi querido, cheguei!
Eu já tinha ouvido essa
frase antes, mas de outra forma, em algum programa de televisão.
- Cadê você? Precisamos
colocar nossas conversas em dias.
Ela me falava pelo celular.
-Minha amiga, como vai? Já
na nossa amada cidade?
E nem precisei meter no meio
ou completar a frase com “Quanto tempo!”, como muitos fazem, pois sempre foi
desnecessário, mesmo quando não existia facebook e whatsApp sempre mantivemos
contatos. Em tempos de amizades descartáveis, a nossa é uma jóia rara e nós nos
orgulhamos disso, temos muitas coisas parecidas, como o alto astral, a vontade
em estar ladeado de gente e não temos medo de nós expor, opinar, lutar por uma
causa enquanto acreditamos nela, rimos dos outros e de nós mesmos, cair e
levantar sem qualquer pudor ou vergonha quantas vezes forem necessárias. Não
resisti, minutos depois fui visitar Ethel Gisele na casa onde ela estava
hospedada e naquela varanda conversamos e rimos alto por altas horas da noite.
- Meu querido, eu tenho lido
suas crônicas e preciso “te” ler mais todos os dias, porque és terapêutico.
- Legal ouvir isso de você e
me conte sobre sua vida.
Puxei conversa.
- Vou nada querido, pois o
melhor da minha vida esta “off line”.
Achei a colocação de Ethel
Fantástica e não é que ela tem razão? Há situações, momentos, pensamentos,
escolhas, atos e fatos que somente interessam a nós mesmos e não a mais
ninguém. Conversando com Ethel eu lhe disse:
- Sabe minha amiga, um dia
vou escrever dois livros: um sobre minha vida e outro sobre o que os outros
falam e sei que o segundo vai vender mais do que o primeiro, porque imaginação
com doses cavalares de fofoca, fuxico, mentiras e intrigas sempre mexem com o
imaginário. Já tem até título “Duas Vidas”, uma que vai tratar da minha vida
como ela é com todos meus amores e desabores, erros e acertos e o outro sobre
aquilo que acham.
Ela respondeu:
- Sensacional. Então somos
dois. Eu também tenho “Duas Vidas”.
- Pois é, esse povo fala o
que não sabe e o que não deve dos outros como se fossem verdadeiros PHDs sobre
a vida alheia, chegam até montar um verdadeiro “Arraiá de fofoca” ao invés de
pelo menos procurar uma louça para lavarem, varrerem uma casa, molharem as
plantas ou limparem o coco do cachorro.
E ela ria.
- Sabe Ethel quando a gente
encontrar um desses “bocas murchas” vumbora dar um gato para eles? É um gato!
Porque você sabe que um gato tem sete vidas e dando a esses fuxiqueiros sete
vidas para eles cuidarem, talvez eles esqueçam as nossas.
- Amigo, por via das
dúvidas, melhor a gente dar dois gatos.
- Verdade. Pensando bem,
melhor três.
Eu disse e a conversa fluiu
pela noite a fora. Há muito tempo, não me dava o luxo de sentar numa varanda e
jogar um papo fora. Desabafar, sorrir e chorar de tanto sorrir. Também não tem
como não se emocionar com a história vivida por Ethel diante de um coma na
família. Sempre aprendi muito conversando com Ethel, principalmente, ao saber
todas as dificultadas que ela passa, supera, quando não convive, se recriando e
se reinventando a todo tempo, fortifico meu poder da autoestima, de superação
diante das adversidades da vidae conservar o amor-próprio e o amor pelo outro,
mesmo quando não há mais motivos aparentes ou quando a tolerância atingiu o
ponteiro vermelho.
- Estas fotos são em Manaus!
- Sim.
- Onde é Ethel?
- No Largo de São Sebastião,
enfrente ao Teatro Amazonas.
- Eu adoro Manaus, mas não
recordo deste lugar.
Então, várias histórias me
foram contadas em fotografias. Emoções, cores, cheiros, gestos, caras e bocas
em cliques. Pude sentir desde todas as etapas de um bom enredo: drama, comédia,
aventura e romance.
Então tive um insight
- Ethel, nasceu a crônica da
semana. Você será a crônica.
E ela:
- Então meu amor, vamos
tirar uma “Selfie”.
E ela saiu da varanda e
adentrou a casa.
- Ei, o que você está
fazendo? Vem logo!
Eu a chamava.
- Estou passando um batom,
espera querido!
Ela respondia, lá de dentro.
- Vai demorar muito? Já é
tarde.
- Já vai. Não me estressa,
pareces o Doutor House.
- Ethel, quanto tempo ainda
vai demorar este batom?
Perguntei.
- 24 horas se não me
beijarem muito, mas como o meu namorado Roger não está aqui, certamente, vai
demorar.
Cai na gargalhada e depois
ela diz que eu que sou terapêutico. E Quando vi ela havia vestido uma camisa preta para me fazer
uma homenagem.
- Eita.
Falei.
- Me troquei para combinar
com o homem de preto.
E a semana passou e na tarde
hoje Ethel me trouxe suas fotos que solicitei e uma carta, escrita à mão. Li
tudo aquilo, sem dúvida emocionante, forte, intenso, transparente, lindo e
passei a conhecê-la um pouco mais, e o que me deixou feliz foi Ethel dizer que
antes ela não conseguia colocar no papel toda aquela sua história de vida e ao
fazer pela primeira vez se sentiu orgulhosa de si mesma.
Emocionado eu transcrevo um
trecho:
“ (...) A maioria das
pessoas que me veem sorrindo, corajosa, linda nas redes sociais nem fazem ideia
das lutas diárias que travo com meu organismo para continuar vivendo! Sabe,
todos nós temos duas vidas, sim. A vida que as pessoas pensam que a gente tem e
a vida que realmente vivemos”.
Ethel, você é uma vencedora
e tem meu total apreço e respeito. Mas, ter “duas vidas” é diferente de ter
“duas caras” e certamente isso não temos, porque somos transparentes,
determinados e intensos como a vida.
Um dia li o seguinte trecho na
internet de autoria desconhecida, mas que faz total sentido para nós e para
mais quem queira, diz assim: “Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter,
calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri, viva as minhas
tristezas, as minhas dúvidas e as minhas alegrias. Percorra os anos que eu
percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim como eu fiz. E então, só
aí poderás me julgar. Cada um tem a sua própria história, não compare a sua
vida com a dos outros, pois, você não sabe como foi o caminho que eles tiveram
que trilhar na vida.”
Ethel foi bom te reencontrar
e embora os trancos e barrancos ainda podermos sorrir, porque Deus habita em
nossos corações. Me diverti com suas fotos, principalmente, da gata de botas.
Genial a sua arte de se reinventar sempre. Obrigado pela amizade e vejo que o
tempo somente fez fortificá-la, o que é nobre nos dias de hoje que muitas
amizades são descartáveis. Obrigado por compartilhar comigo um pouco da tua
história e também aguentar meus momentos TPÊMICOS DE DR. HOUSE. Deus no
comando, pois ele sempre será o melhor escritor da história de nossas vidas.
Ethel olha este pensamento
que achei no Facebook do Helder Marinho, veio como uma luva na crônica
contada:
“Nada melhor do que derrubar
com um sorriso, quem um dia te machucou com uma lágrima. Os melhores momentos
na vida são como os arco-íris: aparecem quando você menos espera”.
E finalizando:
Entre o real e o imaginário,
entre a verdade e a fantasia aqui contada, o que nem eu já sei mais, encerro a
crônica da semana. Um beijo à todos, fiquem com Deus e até semana que vem.
Ariosnaldo da Silva Vital Filho.
Em tempo: Apesar do silencio, continuo torcendo pela família.
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