terça-feira, 14 de maio de 2013

O FARMACÊUTICO BIOQUÍMICO JOSÉ FILHO NO PRATAS DA CASA

José Filho - Farmacêutico Bioquímico
Hoje, o blog Sem Polêmica, mais uma vez procurou um jovem, que mesmo com as dificuldades, foi buscar conhecimento lá fora, e voltou para contribuir com o crescimento e o futuro de nossa cidade. Hoje, 14 de maio de 2013 no “PRATAS DA CASA”, iremos contar a história do jovem José Filho Cunha de Oliveira, que apesar de todas as dificuldades e até pela sua falta de interesse pela escola (conforme narrativa), hoje está formado em Farmácia e Bioquímica e é especialista em farmacologia clinica e hospitalar. CLIQUE ABAIXO PARA VER A MATÉRIA COMPLETA.

José Filho

Meu nome é José Filho Cunha de Oliveira, na década de 1980, meus pais como tantas outras famílias do nordeste, vieram para o Estado do Pará, atraídos pelas histórias de prosperidade na região. Sou filho mais novo entre três irmãos. Meu pai um homem de muitas profissões, foi fotografo, carpinteiro, garimpeiro, tinha apenas um sonho, o de proporcionar boa qualidade de vida a sua família. Em busca desse sonho, sofreu um grave acidente no qual perdeu a vida.
Cresci tendo minha mãe como base, me ensinando valores e caráter; estudei na Escola Elcione Barbalho, onde fui alfabetizado, conclui o Ensino Fundamental e o Médio, na Escola Eurico Vale. Quando criança era muito curioso, minha irmã dizia “você pergunta de mais”. A minha curiosidade fazia pensar e querer saber sobre tudo.
Minha mãe nos incentivava a estudar, falava que estudar é a melhor forma de obter conhecimento; sei que na escola não fui um aluno nota 10, pois não me concentrava na aula, as brincadeiras e conversas paralelas pareciam ser mais importantes do que as aulas. Hoje sei o quanto é importante estudar, pois a única coisa que ninguém nos rouba é o conhecimento.

Quando completei 17 anos, tive um grave problema de saúde, fiquei um mês internado em um hospital em Manaus. Deus e minha mãe foram  fundamental para a recuperação, pois estavam ao meu lado, dando apoio necessário. Suas palavras nos momentos difíceis, isto nunca vou esquecer: tudo o que pedimos com fé em Deus, será atendido. Naquele momento, o meu pedido foi à proteção e a saúde. Fui ouvido, fiquei curado. Retornei para Rurópolis, voltei a estudar, porém havia perdido muitas aulas. Decidi fazer a EJA(Educação de Jovens e Adultos), para concluir o ensino Fundamental.
Ao completar 18 anos, achei que a liberdade havida chegado, passaria a ser homem. Estava enganado. Liberdade só temos na infância; comecei a pensar o que deveria fazer para alcançar a minha independência, no entanto, não enxergava algo fundamental para alcançar o sonho de ter um bom trabalho, não acreditava que  estudo e muita dedicação seria o caminho.

No 1º e 2º Ano do Ensino Médio, achava um saco estudar, quando fazia o 3º Ano, não sabia se iria continuar estudando. O apoio de minha família foi fundamental. Fazer faculdade, passar 4 anos estudando era muito tempo, eu queria algo que me desse retorno a curto prazo. Foi quando um amigo falou que uma empresa privada estava com ofertas de empregos; fui atrás e consegui ser contratado. Pensei esta é a porta de entrada para minha independência. Viajei para Manaus e comecei o trabalho e fazer amigos, mas por estar sozinho, entrei em pânico, liguei para a minha mãe e retornei. Voltei me sentido um derrotado. Continuei o ano letivo.
Um certo dia estava vendo TV, e assisti uma entrevista com o escritor Ziraldo, o mesmo falava sobre a importância da leitura. Comecei fazer algo, a ler e perceber na leitura uma fonte ilimitada de obter conhecimentos.
Passei a estudar redação com a professora Antônia, a qual agradeço muito e a todos os meus professores. Naquele momento sabia apenas que queria estudar, mas não sabia como fazer, pesquisei sobre cursos profissões e  profissionais. Conversando com um amigo, este me falou em um pequeno comentário sobre o curso de farmácia. Fiquei interessado e ao mesmo tempo, com muita dúvida entre a área de saúde ou informática. Optei pela área de saúde.
Entrei em contato com os parentes de outras cidades, verifiquei  sobre datas de vestibular,  fiz a inscrição para a faculdade de Imperatriz FACIMP, no Estado Maranhão. Não sabia como seria a prova do vestibular, não sabia o que deveria estudar para a prova. O medo de sair da minha cidade, do seio da família, porém todos me apoiaram. Fui fazer a prova com muitas dúvidas, sem saber de quase nada. Quando saiu o resultado foi mais uma grande decepção, não fui aprovado. Todos falaram que vestibular de faculdade particular era muito fácil. Fiquei desmotivado, frustrado, pensando que nada dava certo.
Um certo dia um colega me ligou, dizendo que havia saído a segunda chamada e eu tinha sido aprovado. Nossa! Foi um dia muito feliz. Fui fazer as contas da mensalidade da faculdade, das passagens de ônibus, alimentação, dos materiais que seriam necessário, não dava no orçamento de minha mãe, não tinha como pagar. A minha mãe falou que se fosse necessário, lavaria até roupa para fora, mas eu iria fazer a faculdade.
Viajei, fui cursar farmácia. O Campus da Faculdade ficava muito distante; tinha que andar bastante, ainda pegar dois ônibus. No primeiro dia de aula, foi um choque de realidade, percebi que a falta de atenção na sala durante o Ensino Médio, foi grave. Lembrei das aulas e queria poder voltar no tempo. Quando estudava o Médio, pensava apenas que a Matemática era a mais importante, soma e subtração, quanto vou ganhar e gastar. As provas da faculdade chegaram e juntamente com elas as notas baixas. Fui estudar os assuntos do Médio, para entender os assuntos da faculdade passei muitas noites em claro estudando. Assim, melhorei as minhas notas e ganhei destaque, pois não era justo a minha mãe trabalhar tanto e eu não dar o devido valor, tirando boas notas.
No início não tinha colegas, porque não tinha boas notas, nem dinheiro, porém quando passei a me destacar, apareceram muitos “colegas”. Já no segundo ano de faculdade, procurei estagiar, porque queria ser bom profissional; estagiei em uma grande rede de farmácias, e laboratório de analises clinicas fui ver na prática o meu curso, observar como funcionava uma farmácia, foi proveitoso, mas não o era o que eu precisava, precisava saber como era uma farmácia de pequeno porte, parecido com a realidade da nossa cidade estagiei mais um ano. Ouvi muitas críticas por parte dos colegas, porque trabalhava sem ganhar nada, no entanto, naquele momento queria apenas obter conhecimento.
Quando estava próximo da conclusão, comecei a me preocupar em como iria montar a minha própria farmácia em Rurópolis, lembro do orçamento apertado, dava apenas para o essencial, era o suficiente, pois eu tinha certeza que logo começaria a trabalhar. Enquanto meus colegas se preocupavam com a festa de formatura, com as roupas e os outros detalhes eu estava preocupado em defender a minha monografia e com o projeto de minha própria farmácia. Fui primeiro defender a monografia. Não queria ficar mais em Imperatriz, queria trabalhar, fazer a diferença, ajudar as pessoas, a minha mãe, recebi proposta para trabalhar em grandes redes de farmácias no estado do Maranhão, e no Pará em Belém e Altamira, não aceitei pois meu foco era Rurópolis.
Quando minha farmácia ficou pronta, foi no mesmo dia da festa de formatura da minha turma e já estava trabalhando. Sempre lembro das boas amizades e dos apelidos e o meu não poderia ser outro, moreno, cabeça redonda e morar na Amazônia, O INDIO..
Hoje sou formado em Farmácia e Bioquímica pela Faculdade de Imperatriz FACIMP especialista em farmacologia clinica e hospitalar pelo CRF/MA Conselho Regional de Farmácia do Estado do Maranhão ,em parceria com o I-BRAS Instituto Brasileiro de Pós Graduação  Capacitação e Assessória de Ponta Grossa PR.
Trabalho Atualmente na Farmácia Pontual onde desempenho atenção farmacêutica clinica em caráter presencial e no laboratório Bioclin como Bioquímico e presto assessoria técnica a três farmácias particulares do município, estou iniciando uma turma do curso de atendente de farmácia em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rurópolis, onde ministrarei aulas uma vez por semana, trabalho esse sem fins lucrativo, já se encontra em andamento o peticionamento eletrônico da farmácia Pontual junto ao Ministério da Saúde,  para implantação do programa ‘Saúde Não tem Preço”, que disponibilizará medicamentos gratuitos para a população hipertensa diabéticas e asmáticas.
Pretendo ainda neste ano começar uma nova Pós Graduação  agora em analises clinicas, área esta que venho me apaixonando cada dia mais.
Acredito que “SABER É PODER”  e gostaria que essa leitura pudesse contribuir de forma motivadora para todos os jovens e adultos da minha querida cidade.
Essa é a minha história bem resumida, agradeço a Deus tudo o que tenho e principalmente a minha mãe, por ter sido amiga  mãe e pai. Tudo que sou, foi ela que me ensinou.

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