Doutor Plinio Tsuji Barros Defensor Público |
Hoje estamos lançando a
primeira matéria do PRATAS DA CASA. Como
prometemos vamos conhecer um pouco da vida, estórias e causos do jovem e
atuante na vida do nosso município, Doutor Plinio
Tsuji Barros, digno titular da Defensoria Pública.
Meu nome é Plinio Tsuji Barros,
nascido na cidade de Santarém, (haja vista, naquele tempo não haver uma boa
estrutura médica hospitalar e as
pessoas, para uma melhor segurança, se dirigiam àquela cidade), aos 30 de
agosto de 1978, filho de Antônio Gilberto Ferreira de Barros e Catarina Tsuji
Barros, viveu parte de sua infância na cidade de Rurópolis, onde fez a
alfabetização na Escola Adventista e o ensino fundamental na Escola Estadual de 1º e 2º Governador Eurico
Valle. Já com a idade de doze anos, foi estudar na cidade de Castanhal – Pará,
onde ficou interno na Escola Agro técnica Federal de Castanhal, pelo período de
três anos, quando se formou no ensino médio e saiu também com formação do curso
de técnico em agropecuária. VEJA O RESTANTE DA MATÉRIA CLICANDO ABAIXO
Estória do
internato: Na escola Técnica, na primeira semana, teve um colega no refeitório,
café da manhã, quando da distribuição, que é servido um pão com o café, ele pediu “dois pão”. Foi uma gozação geral
no refeitório e ele ficou com o apelido de “dois pão”, por todo o período do
curso. Lá tinha uma escala, era uma fila onde entrava o pessoal do primeiro, do
segundo e do terceiro ano no refeitório, aí você terminava a refeição, tinha
atividades, eram divididos. Por exemplo, o pessoal do primeiro ano era dividido
em quatro turmas, que era a turma A, B, C e D. Aí as turmas A e B, pela manhã
ficavam no campo; as turmas C e D, pela manhã, ficavam no período escolar, do
ensino médio, ficavam no período de aula e no período da tarde, invertia, quem
estava no campo ia para a sala de aula e quem estava na sala de aula ia para o
campo. Lá você tinha a atividade escolar e a atividade de campo. Nas atividades
de campo, você tinha uma semana, você trabalhava em setores da agricultura, e
na outra semana, no setor de pecuária. No primeiro ano, você trabalhava com
culturas pequenas, ou seja, com hortaliças. No segundo ano, você já trabalhava
com culturas médias: plantio de mandioca, milho, arroz e já no terceiro ano,
você tinha as grandes culturas, culturas perenes. Já ao contrário, na pecuária
você tinha atividades na avicultura, trabalhando com aves, você trabalhava
também na piscicultura (peixe) e também tinha
a apicultura que fazia a produção do mel. No segundo ano, você já trabalhava
com animais de médio porte. Lá tinha suinocultura, que é trabalhar com suínos,
e no terceiro ano você trabalhava com bovino, bovinocultura, trabalhava com
gado. Lá só tinha gado confinado. E você tinha também as aulas práticas. Você
tinha que desenvolver. Você tinha a aula teórica de uma hora e meia, e depois
você tinha as aulas práticas em campo. Aí tinha que desenvolver, tinha que
aprender o que você desenvolveu na
teoria, tinha que demonstrar na prática. Plantio, adubagem, a questão de
irrigação, você limpar as baias, tinha que fazer as aplicações de vermífugos
nos animais, fazer pequenas cirurgias acompanhadas de veterinários. Lembro de
uma situação já no terceiro ano, que era muito difícil o curso de...era um
seleção de que faziam, só iam os melhores alunos, para fazer o curso de
inseminação artificial, e eu consegui fazer o referido curso. Aí você fica todo
sujo, todo melado de merda, e achava
aquilo o máximo. Ia para frente da escola, todo melado, e o pessoal ficavam
gargalhando, vendo nós todo melado de merda e se achando o máximo porque
estávamos fazendo o curso de inseminação artificial. Lembro também muito, das
vezes, não era todo o final de semana que ia para Santa Isabel. Como não tinha
muita atividade, muitas vezes ficava sentado na frente da escola vendo os
carros passar, ficava naquela brincadeira de conferir carro. Nesse período que
comecei a jogar vôlei, lá tinha uma quadra de areia, e toda noite brincávamos vôlei,
já que não tinha atividade para fazer à noite, parado, interno, sem opções, o
jeito era brincar vôlei. As vezes basquetes ou futebol, assim passávamos o
tempo. Quanto tinha um tempo melhor, na sexta-feira ia para casa de minha tia
Junko em Santa Isabel. Ia para a BR, pegava uma carona, lembro que é mais ou
menos uma hora de viagem de Castanhal para Santa Isabel, aí ficava o final de
semana. Na segunda-feira, seis da manhã já ia novamente para a BR para pegar
carona para poder voltar, que oito horas já teria que estar na escola, para
começar as atividades. Foi um período bom, uma época boa, foi um aprendizado.
Era interno e com isso conseguimos grandes experiências, pois fazemos amizades
com pessoas de vários municípios. Ali tem uma convergência de vários locais,
com alunos de várias localidades, como Santarém, dessa região oeste vai de
Santarém, Monte Alegre, Rurópolis, aí pega o pessoal da Zona Bragantina,
Bragança, Mocajuba, Maracanã, Curuçá, muita gente daquela região. Tinha até um
caso, que o pessoal falava, que se um dia encontrasse uma cara de Mocajuba
bonito, poderia destacar, pois ali só tinha caboclo feio. Cada um mais feio que
o outro é o pessoal de Mocajuba. Lá tinha uma hierarquia, você tinha que
obedecer uma hierarquia lá. Quem mandava era o pessoal do terceiro ano, os
veteranos, já estavam se formando e eles que comandavam. Quando o pessoal do
terceiro ano definiam, os calouros tinham que obedecer. Tinha uma atividade,
que nos chamávamos de minitoria. O terceiro ano, ele auxiliava o professor de
campo nas atividades. Quando era aula teórica, quem ficava tomando conta dos
calouros, era o monitor, que era uma pessoa do terceiro ano. Ele que definia as
atividades: Olha, você vai para tal setor, você para tal setor, você vai ficar
fazendo isso e na época lá como tinha, um pessoal de terceiro ano aqui de
Rurópolis, eles davam uma força para quem era de sua cidade. Naquela época,
tinha meu primo Renato e o Negão, que faziam o terceiro ano, e sempre pediam
para o pessoal maneirar com o pessoal de Rurópolis. Com isso, não pegávamos em
atividades pesadas, sempre os monitores nos encaminhavam para os setores
tranquilos. Pois lá você tinha que trabalhar, se você não trabalhasse, você não
tinha direito ao almoço, ou a janta. O interno era assim, quem não trabalhasse
não tinha direito a alimentação. Você tinha uma ficha de avaliação, que o
monitor entregava para o professor, dizendo que você tinha desenvolvido as
atividades, se não tivesse desenvolvido, não tinha direito a alimentação. La
nas atividades do internato, lembro que passávamos muitas dificuldades, tudo
era escarço, você tinha a quantia exata da alimentação. Em cima disso, tem
muitas estórias. Como lá tem vários tanques de piscicultura, o pessoal ia lá para pegar peixe e iam para os
alojamentos, os alojamentos eram feitos com piso de taco, o pessoal fazia a fogueira
com os tacos do piso e assava os peixes. Ali era sobrevivência mesmo. Tinha que
ter cuidado, como era em uma faixa de duzentos e poucos internos, é muita
gente, você teria que ter cuidado com a sua roupa, pois se vacilasse, você
seria roubado mesmo. Teria que muito cuidado, cuidado redobrado, senão seria
roubado. Os armários todos eram no cadeado e mesmo assim muitas vezes o pessoal
arrombava os armários. Tinha uns colegas que era do meu alojamento, eles eram
de Mãe do Rio. Tinha um moreninho, ele gostava sempre de levar uma bolachas e
deixava no armário. Quando ele chegava, não dava meia hora o pessoal arrombava
o armário dele e comiam todas as bolachas do coitado. Ali era complicado. Essa
foi minha formação profissional na escola agrícola. Terminado o nível médio, eu quis fazer algo que seguisse na área
da agropecuária, tentei vestibular, na época era a Faculdade Agrária Federal do
Pará, em Belém. Eu tentei o curso de veterinária, fiz vestibular para veterinária.
Eu não tinha uma formação média, preparada para o vestibular, era um curso
técnico, a formação era uma formação profissional, aí não passei no vestibular
de medicina veterinária. Eu tinha um colega, como eu ia todo final de semana
para Santa Isabel, que ele falou, fez a proposta para mim não parar e não
começar logo a trabalhar, pois a minha intenção era logo trabalhar como técnico
em agropecuária. O colega me perguntou: Porque você não aproveita a
oportunidade e faz um cursinho, eu consigo uma bolsa para você de 50%, você
paga só a metade? E ele conseguiu uma bolsa e eu fui fazer o pré-vestibular. Um
ano de cursinho em Belém, na escola Cearense. Como eu já tinha terminado, eu
conversei com a minha tia e perguntei se poderia ficar morando ali em Santa
Isabel. Ela não se opôs, deixou, e todo o dia eu viajava de Santa Isabel para
Belém, que tem um percurso de mais ou menos quarenta e cinco minutos e toda vez
eu ia e voltava. Estudava à tarde, ia de ônibus e voltava de ônibus. Lá tinha
uma Associação Estudantil, que eles davam a meia passagem. Você tinha direito a
um vale que lhe dava o direito de pagar apenas meia passagem. Isso me ajudou
muito, e foi um ano assim, fazendo o cursinho. Terminado o cursinho, eu tentei,
já com outra visão, fazer o vestibular na área de ciências humanas, escolhi o
curso de direito, aí tentei o vestibular na Universidade Federal do Pará. Na época
a concorrência era muito grande, era um dos cursos mais concorridos, só perdia
para a medicina em termo de concorrência, números vaga. Com a minha pontuação
na época, eu passaria em qualquer outro curso da área de humanas, mas para
direito eu não consegui. Inclusive se eu tivesse feito na época para Santarém,
eu teria passado em terceiro ou quarto colocado. Mas infelizmente não consegui.
Vale ressaltar, que nessa época não conseguiram preencher todas as vagas do
curso de serviço social e fizeram um novo vestibular para preencher as vagas do
curso de serviço social, e eu fiz para me manter sempre estudando, para não
parar, após três meses, eu fiz o vestibular para serviço social e acabei
passando para serviço social. O curso era à noite, aí eu pensei, pois já tinha
feito uma de cursinho e não tinha passado, conversei com minha tia em Belém,
minha tia Socorro, perguntei para ela se poderia ficar morando em sua casa. Ela
disse que não haveria problemas e eu passei a frequentar a Universidade Federal
do Pará, fazendo curso de serviço social à noite. Fiz ainda três semestre do
curso social, quando surgiu a oportunidade, pois sempre mantive contato com a família,
e meu pai fez a proposta se eu tinha interesse de estudar em Santarém. Aí vim
para Santarém e tentei o vestibular para o curso de direito na Faculdade Integrada
do Tapajós – FIT, fiz o vestibular e fiquei aguardando o resultado. Saindo o
resultado verifiquei que tinha passado em terceiro lugar, aí já comecei a
planejar, tinha que morar em Santarém. Nesse período, minha prima Juliana,
estudava em Santarém e eu fiz a proposta de morar com ela, já que iria fazer o
curso, e o curso era de cinco anos, e começamos a dividir as tarefas
domésticas, dividir a questão do aluguel, alimentação e ali para mim também foi
outra experiência. Já tinha uma experiência de morar sozinho interno, ali seria
outra experiência, de morar novamente sozinho, só que agora, com mais
responsabilidade, pois tinha que fazer todo o planejamento de um orçamento doméstico. Mais já estava mais
feliz, pois estava mais perto de meus familiares e poderia visitá-los todos os
finais de semanas possíveis. Aí comecei a empreitada no curso de direito. Já no
segundo ano, você começa a ter uma noção do curso. Primeiro ano, muita teoria,
filosofia; você não pega a parte prática, você começa pegar a parte prática, a
partir do segundo para o terceiro ano. E eu, no segundo e terceiro ano, já tive
a noção que para mim não daria para advogar. Para você advogar, você tem que
ter uma boa renda financeira, uma família com uma boa estrutura, que lhe as
condições necessárias para você poder advogar. E eu não tinha essa estrutura e
nem esse suporte para advogar. Então vi logo que para mim, seria a área dos
concursos, e a partir dali já comecei a direcionar meus estudos para os
concursos. Todo o intervalo, ou período que eu estava ocioso, pois eu só
estudava à noite e ficava pela manhã e à tarde ocioso, eu ia para a biblioteca
e começava a estudar, fazia uma complementação, já pensando nos concursos.
Terminado o curso, já no quarto ano, eu tentei pela primeira vez, um concurso;
concorri a seleção da Caixa Econômica Federal, na época me dediquei, estudei
quatro meses antes, para a prova. E quando veio o resultado, eu consegui me
classificar, me classifiquei em oitavo lugar. Nossa, para mim ali foi minha
primeira vitória. Vou começar a trabalhar, não vou mais ficar dependendo dos
meus pais, vou ter meu próprio dinheiro, mas infelizmente, nunca a caixa chamou.
A caixa deve ter chamado uns dois ou três. Os concursos tem a validade de um ano,
prorrogado por mais um. Foi prorrogado mais não fui chamado. Continuei minha
jornada, terminei o curso de direito, logo que terminei, no último ano, eles
tentaram logo, eles fazem logo o exame de ordem , que é quando você pode
adquirir a carteira da OAB. Eu esperei, pois logo no início eu não tinha a
pretensão de advogar, para mim era os concursos. Nessa época, eu pensei (estava na febre de
todo o mundo querer ir para o Japão) em ir para o Japão. Sentei com o meu pai,
e falei para ele que já estava organizando todos os meus documentos para ir
para o Japão, para trabalhar. Então ele me fez uma proposta: Não te preocupa,
dá para lhe aguentar mais uma ano aí. Fica estudando, se não der certo, posteriormente
veremos. Aceitei a proposta dele, e continuei. Fui para Belém, com meu pai
custeando as minhas despesas. Fu para Belém para fazer cursinho já para
carreira jurídica. Fiquei novamente na casa de minha tia Socorro, pois disse
que não teria problema. Lembro que na época, apesar dela ser funcionária do
INCRA, ela tinha suas atividades extras, ela complementava sua renda com a
venda de sorvetes, bijuterias, bombons, etc. e ela fez uma vendinha em sua casa
mesmo. Ela vendia através da janela. Ela fez a proposta e eu aceitei. Como lá
era pequeno, tudo apertado, antes eu dormia no chão, no sofá, então ela arrumou
uma caminha e eu dormia na sala. Nas horas vagas, eu o ajudava nas vendas.
Sempre que eu podia, eu ajudava. Eu estudava em um período e no outro eu ficava
lá ajudando-o. O meu curso preparatório para a carreira jurídica foi feito no
LFG. Fiz o intensivo, era um curso direcionado só para concurso público e como
eu não conhecia nada em Belém e ficava muito preso, as vezes ficava quatro
cinco meses direto estudando, você fica estourado, desnorteado, e para desparecer
um pouco eu aproveitava e ia visitar Santa Isabel, pois lá fiz um grande laço
de amizade. E para recarregar as baterias, ia sempre para Santa Isabel. Sempre
tentando os concursos. Todos os que apareciam eu me inscrevia. Como eu ainda
não estava no nível de preparação bom, fui adquirindo livros e ia
complementando meus conhecimentos através deles. Pois os cursinhos te dão o
norte mais se você não tiver a complementação em casa, fica difícil. Então
comecei a me dedicar mesmo aos estudos, que cheguei a estudar oito horas
diárias fora o tempo do cursinho. Após um ano e meio de cursinho, de dedicação
aos estudos, comecei a passar nos concursos. Primeiro concurso que eu passei
foi o do INCRA, na função de analista. Fiquei aguardando. Retornei para Santarém,
mais sempre fazendo os concursos e aguardando. Me chamaram para o INCRA, aí
mudou tudo. Comecei a trabalhar no INCRA como analista. Trabalhei oito meses
ainda, até ir para a defensoria. E nesse período que eu estava no INCRA foi
aparecendo os resultados de outros concursos que eu tinha feito. Me chamaram
para o INSS, como analista, fiz a desistência; Fui chamado para EMATER, como
advogado, fiz a desistência; fui chamado para o ITERPA como procurador, fiz a desistência;
e nesse período, eu estava já na segunda fase da defensoria, o que era o que eu
queria, o concurso que eu queria, aquele que eu estava almejando. Foi na prova
de escrita de peça, que você tem que desenvolver uma peça, que eu fui para
Belém, fiz a prova e continuei no INCRA aguardando. Aí veio o resultado.
Consegui me classificar para a terceira etapa, que era a prova oral. Aí na
prova oral passei e fiquei só aguardando me chamarem. Quando foi em julho de
2007, me chamaram. Aí entrei com o meu pedido de exoneração junto ao INCRA, e
fui para Belém, para fazer o processo de admissão. Tive que providenciar todo a
documentação solicitada e me apresentar. Além de tudo isso, ainda tem o
processo de lotação que é de acordo com a sua classificação. Aí quando foi
minha chamada, tinha como vaga para essa região, mais próximo de Santarém que é
o polo, era Prainha, aí fiz minha seleção para Prainha. minha primeira lotação
na defensoria, foi Prainha. Feita a lotação, você tem que ir no local que
trabalha, pegar uma certidão de entrada em exercício. Aí começa a aventura. Fui
para Santarém, cheguei na sede, me apresentei, naquela época ainda tinha muitos
defensores que eram contratados pelo Estado. Foi o segundo concurso da história
da defensoria do Pará, então tinham muitos profissionais que ainda eram
contratados pelo Estado. Depois acabou, com o concurso regular da defensoria,
acabou essa prática. Hoje só ingressa na defensoria, o profissional concursado,
mas nessa época, tinha muito contratado. Me apresentei na sede da defensoria, e
já tive que me deslocar de barco para a cidade de Prainha, pois precisava da
Certidão de Entrada em exercício para apresentar na corregedoria. Aí começa a
aventura de barco. Foi dezesseis horas de barco, até o município de Prainha.
Chegando lá, um vilarejo pequeno, cheguei de madrugada, fui para um hotel e já
cedo da manhã fui pegar minha certidão. Na época, não tinha Juiz, nem promotor
na cidade de Prainha, me apresentei ao serventuário fiz minha certidão, peguei
e disse: Não, aqui não vou ficar. Não tinha a mínima estrutura, não tinha nada,
aí retornei para Santarém. Fiquei em Santarém nesse período. Era lotado em
Prainha, mais fixado em Santarém. Aí logo veio uma designação, consegui uma
designação para Santarém. Ai fiquei atuando em Santarém, onde Atuei pelo período
de seis meses. Logo surgiu uma proposta, na época o coordenador da regional
perguntou se eu não queria cobrir Rurópolis, pois tinham sido lotados dois
defensores e eles não queriam ficar aqui, eles queriam ir para Santarém e foram
para Santarém, fizeram o mesmo que eu fiz em Prainha. Com a saída dos
defensores, Rurópolis ficou com a carência de defensores, e Rurópolis, segundo
o cronograma da defensoria, é para ser lotado dois defensores, então teria uma
carga de trabalho relativa alta. E o Coordenador fez a proposta se eu não tinha
interesse de ficar cobrindo esses defensores. Eu disse que não teria problema,
já que era do município e tinha conhecimento. Comecei a ficar fazendo a
intinerancia para Rurópolis. Eu fazia essa intinerancia, ficava uma semana em
Rurópolis e o restante em Santarém. Toda semana do mês eu vinha para Rurópolis,
isso acabou ficando cansativo, pois devido as estradas não ter uma boa
trafegabilidade, as viagens ficavam cansativas, principalmente na época do
inverno. Com essa justificativa, fiz a proposta ao coordenador, para que ele
fizesse minha lotação em definitivo para Rurópolis. Como Santarém estava bem
servida de defensores, ele concordou e me lotou e vim lotado para Rurópolis.
Tinha conversado com a administração municipal, eles tinham me cedido um local,
para que eu pudesse fazer o atendimento ao público. Então no início, eu fiz meu
atendimento em uma sala nas dependências da Ação Social. E assim foi, até eu
ter uma conversa com o Juiz que na época era o Doutor Josué, que ficou um
período bem curto, e logo depois veio outro Juiz para substitui-lo que foi a
Doutora Adelina, ela marcou o júri, ela foi chegando e marcando logo o júri
popular. Só que ela era substituta e também ficou pouco tempo. Aí chegou o
titular, que é o Juiz até hoje, Doutor Gláucio Arthur Assad e como a Doutora
Adelina já tinha marcado o júri, o Doutor Gláucio assim que chegou fez esse
júri popular e esse foi o meu primeiro júri popular aqui no município de
Rurópolis. Logo após, com o grau de entrosamento com o juiz da Comarca,
passando a conhecê-lo melhor, ele me fez uma proposta de desempenhar as
funções, de não ficar atrelado ao município, porque antes eu desenvolvia os
atendimentos na Ação social e de ter uma imparcialidade, de a defensoria ter
seu próprio local, ele me ajudou muito, me conseguiu uma sala no prédio d Fórum
e ali eu passei a realizar os atendimentos diretamente no Fórum. Isso para a
defensoria e para eu como defensor, considero uma grande vitória, porque passa
a não ter mais o vínculo e você passa a atuar diretamente no fórum. Facilitou
até as atividades protocolares, agilizando os trabalhos. Nesse aspecto, quero
até parabenizar o Doutor Gláucio pela iniciativa, que abriu as mãos e deu um
suporte muito grande para o desenvolvimento do meu trabalho aqui no município
de Rurópolis. E graça ainda a essa atitude do juiz, eu mudei meus planos, pois
inicialmente eu tinha um plano de ficar só uma temporada, um ano ou no máximo
dois anos no município e depois seguir a carreira. Como tive esse suporte e
esse apoio e o que já conseguimos estruturar, onde hoje temos uma sala aconchegante,
um local de trabalho onde já contamos com condições necessárias para um bom
desempenho. Antes de chegarmos a essa sala nas dependências do fórum, as coisas
eram bem complicadas, pois não tínhamos as condições necessárias que nos temos hoje,
para que pudéssemos desempenhar a vontade e de bom grado as nossas funções. E
logo nesse período, já teve processo junto a defensoria, de promoção, onde
todos tiveram de se descolar para Belém, e declinar se aceitavam ou não a
promoção. A defensoria é dividida em instancias. Tem defensor de primeira,
segunda e terceira instancia e da instancia especial que já atua junto ao
Tribunal de Justiça do Estado Pará. Então nessa época eu era defensor de
primeira instancia e teve o processo de promoção e se reuniram todos os
defensores em Belém e na época eu fui o único defensor a recusar a promoção.
Todos estranharam, porque você tem um acréscimo salarial, você melhora, vai
atuar em Comarca de médio porte. Defensor de segunda instancia já atua em
Comarca de médio porte, como é Santarém, Altamira, Itaituba, etc. e eu fui o
único que recusou. Ninguém acreditou que tinha recusado. Na época, eu recusei,
por três fatores: Primeiro fator, foi de dar uma contribuição, pelo fato de ser
de Rurópolis, eu tenho em minha mente, que eu tenho de dar minha contribuição
social, então foi o primeiro fator que eu considerei e ponderei ao recusar a
promoção. Ainda tenho o sonho de realizar um bom trabalho no município;
Segundo, foi por causa de minha família, eu passei muito tempo longe, quase a
minha juventude toda, eu passei fora do seio da família, estudando, e, eu,
nesse período já que meus pais estão ficando de idade, eu queria aproveitar um
pouco do tempo com meus pais. O terceiro fator, foi o resultado desse
entrosamento que houve com o Juiz da Comarca. O Juiz da Comarca Doutor Gláucio
Arthur Assad me deu esse suporte, e com esse suporte, ajudou muito na questão
da recusa da promoção. Tenho que abrir um parêntese, para agradecer ao Doutor
Gláucio por todo apoio me dado e dizer a ele que tenho muito a agradece-lo pelo
meu crescimento profissional e pelo suporte e estrutura que ele deu a
defensoria, pois se hoje a defensoria no município de Rurópolis tem sua marca, foi graças ao apoio que o Juiz,
Doutor Gláucio deu à defensoria. Foi esse os motivos que me fizeram permanecer
no município, e já estou no município desde outubro de 2008 devolvendo minhas
atividades a frente da defensoria pública. Pelo fato de ser filho do município,
você conhece a realidade, sabe da situação dos cidadãos, você tem uma certa experiência
no município, isso facilita o trabalho. Então hoje a defensoria está
estruturada devido a esse fato de você já ter um certo conhecimento. Quando a
defensoria começou, no meu primeiro no , fiz um levantamento e cheguei uma média de novecentos e poucos atendimentos
no ano, hoje, já passa dos mil e quinhentos, mil e seiscentos atendimentos.
Tenho uma média de vinte a trinta atendimentos diários. Como eu sou apenas um, não tem como eu fazer uma triagem,
esse aspecto dificulta de se fazer uma triagem, pois toda defensoria ela tem um
determinado numero de fichas. Aqui não, vamos atendendo todos aqueles que
chegarem. É normal eu sair às quatro horas do fórum e só depois ir almoçar. Muitos
criticam meus modos de atendimento, principalmente colegas, dizendo que devemos
misturar o emocional com o profissional. Mas, a realidade aqui é outra, muitas
vezes um agricultor que chega do interior após o expediente e me procura em
minha casa, tenho o maior prazer em atende-lo, pois conheço as suas dificuldades
e as suas necessidades. Sei que ele está me procurando, é porque realmente
precisa dos meus préstimo, porque não atende-lo? Sei das dificuldades que ele
teve para chegar até a cidade, porque fazer ele voltar outro dia se eu posso
resolver logo? O pessoal do interior tem o problema das chuvas, das estradas,
das condições financeiras, então, se eu posso, porque não facilitar um pouco a
vida dessas pessoas? Aqui na defensoria, eu sou multifuncional. Sou defensor,
psicólogo, assistente social, office boy, eu que levo meus ofícios,
eu que entrego os requerimentos, estão essa é uma das grandes dificuldades da
estrutura. Temos que ser um pouco de tudo. Aqui, consegui fechar alguns convênios.
Hoje a defensoria na área que é muito carente, hoje no resolvemos em trinta
dias, vários conflitos que antes demorariam de dois a três anos, que é na área
de investigação de paternidade. Antes a pessoa vinha para reconhecer o filho,
tinha que aguardar dois três anos, era um procedimento demorado e desgastante. Fizemos
várias melhorias, esperamos com apoio de todos fazer ainda mais. Para
finalizar, quero esclarecer o seguinte: A defensoria na verdade, eu sou um
advogado. A diferença é que eu sou um advogado público, com dedicação exclusiva
as pessoas que não tem condições de pagar um advogado. A defensoria ela não tem
a atribuição de fiscalização de atuação esse é o papel do ministério público.
Meu desejo é que todos os órgão sejam atuantes para que possamos realmente
defender aqueles que necessitam da lei.
Antes de encerrar, quero agradecer o
poio que sempre tive dos meus pais, e dizer a todos, que ainda moro com eles,
não é por necessidade financeiras e sim porque lá em sua casa é o meu refúgio e
onde me sinto protegido, pois sei que lá, tenho meu pai e minha mãe, que são
meus amigos, meus companheiros, meus cúmplices e que sempre estarão comigo em
qualquer situação que eu estiver. Obrigado pai, obrigado mãe, por tudo que me
ajudaram e por terem me mostrado e me encaminhado sempre pelo caminho do bem.
Vou deixar aqui, uma
mensagem aos jovens, aos que estão iniciando na sua formação, que tenham sempre
em mente os valores da família, que procurem desenvolver atividades sadias como
o esporte, seria muito interessante se tivéssemos o apoio dos gestores, da
sociedade, pois acredito que o esporte pode melhorar o cidadão. Se você tem um
apoio e como encaminhar, só irá contribuir com a formação. O jovem no
município, é o crescimento, se o município quer ter um desenvolvimento, quer
crescer economicamente, politicamente, socialmente, ele tem que apostar nessa
nova geração. Tem que haver atividades direcionadas, hoje também tenho uma
outra visão, quando você estuda muito, passa a ficar muito cético, passa
visualizar mais a ciência, esquecendo totalmente da religião e hoje eu tenho
outra visão. Tenho certeza que a religião ajuda muito, principalmente no
conforto espiritual, o que é muito importante em nossa vida. Essa mensagem que
eu gostaria de deixar aos jovens. O conforto espiritual é muito importante em
nossas vidas. Não deixem de frequentar as igrejas. E também que os jovens lutem
sempre pela a educação ocupacional, pois a educação é a base de tudo. Se você
quer crescer e ser alguém na vida, você tem que buscar na educação, pois só
virá a colher frutos.
O Blog Sem Polêmica,
agradece ao Doutor Plinio Tsuji Barros, pela matéria concedida, e que a mesma
possa contribuir de alguma forma para os jovens que ainda estão fazendo o
rascunho de sua vida.
Brilhante depoimento! Eis aí um jovem fiel a seus objetivos e principalmente fiel a sua terra... Sucesso na empreitada Plínio Tsji... Grande abraço a você e sua família. Parabéns!
ResponderExcluirDr. Plínio é um excelente profissional e realmente trabalha muuuuuito! Só vai embora depois do último atendimento. Parabéns ao Blog pela iniciativa, homenagem mais que justa!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirExcelente iniciativa do site com certeza..um belo exemplo para os jovens de hoje.
ResponderExcluirParabéns pela trajetória vitoriosa!
Excelente iniciativa do site com certeza..um belo exemplo para os jovens de hoje.
ResponderExcluirParabéns pela trajetória vitoriosa!