Era uma vez um porco que
estava sendo bem alimentado para ser abatido e servido na ceia de Natal. Religiosamente, por volta das 6hs de todas as
manhãs, ao som do canto do galo Crecialdo, era comum a vizinhança ver Sr.,
Geraldo se abrir a porta do quintal de sua casa para alimentar o animal com
doses cavalares de ração. Na verdade, “Loirinho”, como assim era carinhosamente
chamado o porco, passava por uma “dieta de engorda” rigorosa, com prescrição
nutricional de ser alimentado com a melhor e mais nutritiva ração a ser
ministrada 3x ao dia com baldes de água. Consequência disso, no final de 3 meses, o animal já pesava 80kg,
fato este que gerou um impasse entre o criador e seus familiares: Matar ou não
matar “Loirinho”?, isto é, quer dizer, o porco. Pois é, e agora? O que fazer
quando a feição prevalece sobre a refeição? Alguns lamentaram, outros se
deliciaram e muitos se lamentaram e se deliciaram ao mesmo tempo.
19hs de 13/09/2015, era uma
noite de domingo, quando começamos as investigações, interrogatórios e coletas
dos primeiros depoimentos, ainda que de forma sigilosa em quatro paredes na
toca do Batman.
- Boa noite, qual seu nome?
Perguntei
- Geraldo André da Silva.
- Por favor seu Geraldo,
como se deram esses fatos?
Perguntei.
Ele:
- Como?
Eu refiz a pergunta:
- Me explique como o animal
foi parar na panela?
Ele, performaticamente,
narrou:
- Agora, entendi. Trouxemos
o porco da colônia, ele era pequeninho, magro, feio, então, resolvi criá-lo,
alimentá-lo para que a gente pudesse comer na época do natal. Todos os dias,
religiosamente, me levantava e dava comida para ele, ração cara e da melhor qualidade
com muita água. Fazia isso três vezes ao dia até que, depois de três meses,
quando percebemos o bicho estava enorme de gordo.
Eu:
- E aí?
Ele:
- E aí...mataram o porco
para o almoço do chá de Bebê da Célia.
Eu levantando levemente uma
das sobrancelhas, perguntei:
- Que Célia?
Ele:
- Célia esposa do Lolek.
Eu:
- Lolek? Nome ou apelido?
Ele:
- Nome.
Eu:
- E quando foi o este Chá de
Bebê?
Ele:
- Hoje, de tarde, o senhor
foi convidado, lembrou?
Eu:
- Não vem o caso. Então,
senhor Geraldo o ato foi premeditado, desde o início o senhor alimentava para
abater o animal, contudo, a seu favor, o arrependimento, pois se afeiçoou ao
animal.
Ele:
Pausa: De repente, parei de
digitar e fazer anotações. Entrei naquele meu momento chamado de um instante
que não para e pensei com meus botões: “O porco iria morrer de qualquer jeito,
se não fosse de morte matada seria de morte morrida, comia três vezes ao dia,
bebia horrores de água, animal totalmente sedentário, certamente, uma hora iria
explodir de tanto comida que lhe era dada”.
Eu:
- E quem matou o seu animal?... VEJA A MATÉRIA COMPLETA CLICANDO ABAIXO.
Ele:
- O senhor não está
investigando? Não vou dizer.
Eu:
- Ok. Liberado. Por favor,
entre o homem conhecido como Lolek.
Adentra na sala da toca do
Batman o homem identificado no depoimento de Geraldo como Lolek.
Eu:
- Boa noite, nome e profissão por favor?
Ele:
- Francisco Lolek, professor
de Educação Física da escola de Divinópolis.
Eu:
-
Lolek...lek...lek...lek...lek...lek.
Ele:
- Só Lolek, por favor.
Eu:
- Desculpa, lembrei-me de
uma música. Perdão, o caso é sério. Na bucha, sem rodeios, quem matou o porco
pertencente a seu Geraldo?
Lolek:
- Primeiramente, Geraldo é o
pai do dono do porco. Eu conto tudo. O porco estava sendo criado pelo Geraldo
para ser abatido no natal, mas cresceu tanto chegando quase a 100kg e como
resolvemos realizar um chá de bebê da minha esposa matamos antes. Pronto,
falei!
Eu:
- Muito bem, como você matou
o animal?
Lolek:
- O porco ficou quieto
quando nós chegamos. Ele levou uma cacetada e foi sangrado, quando pensamos que
ele estava morto, o bicho estava vivo e fugiu até que alcançamos e terminamos o
serviço e fizemos um banquete.
Eu:
- Égua, não sabes matar um
porco? Deixaste o bicho fugir, gordo e pesado daquele jeito.
Lolek:
- Doutor, não coloque isso
aí, vão pensar que eu não sei matar um porco, mas sei.
Eu:
- Ah, então confessas com
orgulho.
Lolek:
- Não tem mais e eu apenas
ajudei, pois, quem matou foi meu cunhado Edson, o dono do porco.
Eu:
- E cadê o dono do porco?
Lolek:
- Tá na casa dele. Mas
doutor afinal que crime cometemos?
Eu:
- Nenhum. Só zueira minha
mesmo. Fato atípico. Já que estragou o clima de seriedade do meu
interrogatório, me mata uma curiosidade.
Lolek:
- Diga! O senhor sabe que eu
falo a verdade.
Eu:
- Cá entre nós, quem comeu
as costelinhas do porco? Ainda tem?
Ele:
- Não doutor, as costelinhas
foram devoradas pela aquela senhora ali, de nome Célia. E a melhor cena foi
quando ela roía saborosamente as costelinhas do bicho e lamentava dizendo para
quem quisesse ouvir: “Tadinho do porco”.
Eu:
- Chama essa mulher para depor.
E quando vi, entrou na uma
grávida.
- Qual seu nome?
Ela:
- Célia Cruz, esposa de
Lolek. Pergunte!
Eu:
- As costelas do porco
estavam boas?
Ela:
- Uma delícia! Adoramos, não
me contive nos desejos de grávida.
Eu:
- Hummm. Pelo visto, todos
degustaram o suíno, até o bebê. Você sabia para alguns povos espalhados pelo
mundo, comer porco traz sorte? Pois isso que se recomenda comer porco na virada
do ano. É crendice eu sei, mas dessa vida eu nada duvido.
Célia:
- Ei, Doutor mais ainda tem.
Eu:
- Hummm, que sorte e tadinho
do porco.
Lolek, Célia, Euza e
Geraldo, muitíssimo obrigado pela história. Obrigado pela noite divertidíssima
e por terem embarcado nesta brincadeira. Célia e Lolek, desejo uma chuva de
bênçãos e realizações para Talles Lolek que está preste a nascer. Tenho a
certeza que ele trará muitas alegrias a vocês e aos avós.
E finalizando:
Entre o real e o imaginário,
entre costelinhas e costeletas, a verdade e a fantasia aqui contada, o que nem
eu já sei mais, encerro a crônica da semana. Um abraço carinhoso à todos,
fiquem com Deus e até semana que vem. Ariosnaldo da Silva Vital Filho.
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