Doutor Ary e Kadu |
Lembro-me de que nos meados
de 1988 a indústria cinematográfica americana lançou um filme muito bacana
chamado “Quero Ser Grande”. Naquela época eu contava com 12 anos de idade e ao
assistir tal comédia estrelada por Tom Hanks (aquele mesmo ator de o Náufrago)
me identifiquei muito com o enredo, principalmente, quando o garoto Josh diante
de uma misteriosa máquina de desejos do parque de diversões pede, ao colocar
uma moeda, para ser grande. Ele por três vezes desejou: “Eu quero ser grande,
eu quero ser grande, eu quero ser grande”.
Mas, Josh não sabia que após ter seu desejo realizado, ele teria
acarretado uma série de obrigações causando um grande transtorno em sua vida
por ter mudado a ordem natural das coisas. Foi até expulso de casa por sua mãe,
pelo simples fato da mesma não reconhecer aquele homem de trinta anos, que ele
tinha se tornado, como seu filho e ainda teve que viver num mundo dos adultos
sem estar preparado para tal.
Considero uma das cenas mais
memoráveis do filme quando Tom Hanks e Robert Loggia, este que interpreta o
chefe de uma companhia de brinquedos se encontram na loja e acabam realizando
um dueto num teclado eletrônico gigante, onde tocam "Chopsticks" e
"Heart & Soul". O entusiasmo e simpatia de Josh acabam caindo nas
graças do magnata, que o contrata para trabalhar na sua empresa com objetivo de
realizar testes em brinquedos. O seu sucesso é tão grande que ele desperta
inveja de uns e atrai atenção de sua colega de trabalho iniciando um
relacionamento, porém, já quase nos momentos finais da história, nosso herói
conta toda a verdade a sua companheira de trabalho, a qual o ajuda a procurar a
misteriosa máquina cigana e quando a encontra ele tem que escolher viver como
adulto e aprofundar este relacionamento ou retornar a sua família como criança.
Josh tenta ainda convencer a sua colega de trabalho em fazer um pedido e voltar
a ser adolescente, mas ela se demonstra indisposta a reviver sua adolescência,
então, ele opta voltar para seu lar junto a seus pais.
Lembro-me também de que, em
certa época da minha vida, eu quis ser grande e violar todas as regras impostas
à minha idade. Quanta bobagem! Olhando para trás foi à melhor época. Trago na
bagagem os melhores amigos de infância com os quais mantenho contato até hoje e
olha que já se passaram mais de trinta anos, dentre eles: Manoel, Nuno Miguel,
Betã, Sammiliz, Adriana (minha atriz favorita), Larissa Cei, Márcia, Lizane,
Joira, Catarina, Patrícia, Rodrigo, Érica, Juliana, a galera da vila Coroa, do
Cesep. Foi tudo tão intenso, tão de verdade que me faz recordar um show da
Legião Urbana em que todos nós estávamos reunidos e numa só voz cantávamos um
trecho assim: “A minha escola não tem personagem/ A minha escola tem gente de
verdade/Alguém falou do fim-do-mundo/ O fim-do-mundo já passou/ Vamos começar
de novo:
Um por todos, todos por um/
O sistema é mau, mas minha turma é legal/ Viver é foda, morrer é difícil
Te ver é uma necessidade/
Vamos fazer um filme”.
Hoje, flagrei o coração
revirando o baú da memória e encontrei tantas fotos de amigos tão queridos e
generosos que ao revê-las deixam a alma mais perfumada, leve e em festa. Como
diz o trecho da música de Renato Russo: “Vamos fazer um filme”.
Cada coisa no seu
tempo...cada encanto na sua época... cada idade com seu encanto...cada idade no
seu tempo... e cada encanto no seu canto, assim como cada macaco no seu galho,
porque num galho só ele quebra e sempre um sairá machucado ou ferido (Lá vem
meus comentários desnecessários).
Kadu Leopoldino França Alves |
Hoje, diante de uma máquina
de desejos, não pediria mais para ser grande, como assim desejei naquela época,
mas sim, pediria para ser FORTE e superar, resistir e abstrair todas as
maldades que nos fazem, para PERDOAR, mesmo quando não houvesse mais motivo
para o perdão, ser mais TOLERANTE com o meu próximo, mesmo ele não sendo digno
ou merecedor, ser mais AMIGO dos meus amigos e até daqueles que, às vezes
perdem o caminho do bem, porém, estão dispostos a se dar uma segunda chance,
ser mais FIEL à Deus por às vezes eu achar, na minha santa ignorância, que
estou sozinho e perdido em meu caminho como se eu tivesse tomado por engano, um
desvio e ter entrado por uma porta mágica com saída num daqueles filmes de
Indiana Jones, em que ele é cercado de cobras, lagartos e serpentes, mas vi que
não é verdade, pois tenho sim AMIGOS e MUITOS da melhor QUALIDADE, inclusive
neste Município.
Falando de amigos... Nesta
semana fui a Padaria Nova União (fato raro) e me deparei com o filho da minha
amiga Marciliene França (Márcia) e Edison Alves, brincando de Cowboy e o ouvi
dizer: - Lá vem o delegado. Não me contive, então o peguei e o coloquei em cima
do balcão e dei um abraço.
- Vamos bater um Selfie.
Falei.
- Bora. Ele disse (Que
moleque inteligente)
- Vamos ver como ficou a
foto. Falou Márcia.
- Vamos, mostra mãe. Ele
disse.
- Não ficou boa. Vamos bater
outra. Eu disse.
- Vamos. Ele concordou.
- Esta foto ficou nota???
Nota??? Perguntei a ele.
- Nota 4. O garoto falou
olhando com os dedinhos.
E a foto ficou assim mesmo.
Nota 4.
Meu amiguinho Kadu
Leopoldino França Alves, ou simplesmente Kadu, talvez daqui alguns dias, meses
ou anos, eu já não esteja mais aqui, o que é normal, pois, é ordem natural das
coisas, principalmente, para quem escolheu este tipo de profissão, cuja inconstância
e o perigo, andam de mãos dadas (contudo também tem seu lado bom), mas teu
amigo, desde já, do fundo do coração te deseja as histórias mais belas, as
canções mais bonitas, as fantasias e desejos de criança mais fantásticos.
Aproveite a companhia de seus pais, amigos e familiares, pois serão as melhores
memórias que você vai poder guardar no baú do coração para que um dia, quando
você já estiver adulto, como uma foto retirá-la de dentro dele, quando quiser,
sacudir a poeira, lustrá-la, tirar as melhores partes, pintar, recortar e
recontar da melhor forma possível para filhos e netos do jeito que a imaginação
deixar, até lá o real já se misturou com o imaginário.
Kadu aproveite sua idade.
Brinque, pule, corra, lute contra os seus vilões imaginários tão qual o
Homem-Aranha, descarregando toda adrenalina que puder (coitados dos pais),
porque, como um dia li num texto anônimo, que SER CRIANÇA “É inventar novas
formas de ser criança. É ser artista. É ser conquistador. É ser herói. É ser
índio e cowboy. É ser inesquecivelmente feliz com muito pouco. É aventura, é
desafio. É ser Inventor, poeta e escritor. É ser protagonista. É ter coragem de
não ter medo. Ser criança é habitar no país da fantasia, viver rodeado de
personagens imaginários. É tornar-se gigante diante de gigantescos pequenos
obstáculos. É acreditar no momento presente com tudo o que oferece. É aprender
a existir, é se sentir amada, pertencente, é poder acreditar que há futuro. É
conseguir perdoar muito mais fácil do que brigar. É ser o sonho, o futuro e a
esperança. É ter pouca paciência e muita pressa. Ser criança é fazer amigos
antes mesmo de saber o nome deles. Ser criança é gostar de sentar na janela e
detestar a hora de ir para a cama. Ser criança é colar o nariz na vidraça e
espiar o dia lá fora. É poder contar com um adulto, ao lado — como apoio e guia
— que ensine a ter esperança e fé …
É ainda saber ser o adulto que nunca
esqueceu da criança que foi um dia… a criança que ainda vive no seu íntimo e
que justifica e dignifica todos os tropeços que teve que enfrentar no seu
dia-a-dia para aprender a ter fé e acreditar em si próprio e sentir-se forte o
suficiente para criar asas e voar para a vida e assim ter o direito de viver,
brincar, crescer, sonhar e realizar...”.
É isso. Agora deixa cuidar
dos meus dinossauros e dos Soldadinhos de Chumbos. Putz...olha meu, aquele
desenho de girafa na nuvem. O gato tá sorrindo? Eu vejo um relógio acelerar pra
trás! Um pote de ouro no fim do Arco-Íris. Um furão de carona nas asas de um
pica-pau? Será? É possível, talvez somente aos olhos de uma criança. Bom fim de
semana a todos.
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