O "Velho do Ituzinho" |
Tem horas que tudo para,
então, a gente resolve parar também, respirar e ouvir o silêncio do tempo; e
como prêmio, muitas vezes, ele acaba nos presenteando com surpresas. Foi isto
que aconteceu comigo. Neste fim de semana, juntamente, com a polícia militar da
cidade de Placas, eu e a equipe de policiais civis de Rurópolis realizamos uma
série de atividades policiais, todas estressantes, mas com resultados
positivos.
A movimentação começou cedo
na delegacia de Rurópolis com registros de furtos de veículos e flagrantes a
serem concluídos. Relatórios de atividades e de indiciamentos com prazo para
serem apresentados à chefia. A cabeça cheia, muito cheia... Que a gente pensa
que não vamos dar conta e desistir para enveredar outros caminhos. Nem sai para
o almoço, fiquei na delegacia, contudo, em dado momento, lembrei o que minha
finada santarena avó materna Aída Soares, me dizia: Respira e vá ao tempo.
Então, sai na porta para justamente ver o tempo, ouvir seu silêncio, respirar
um pouco e deixar meu coração falar com o tempo. De repente, sem notar que
estava sendo percebido, eu ouvi uma voz rouca e cansada chamar: Dr. Ary o
Senhor está bem? Quando percebi um senhor sentado no banquinho de madeira,
apoiando-se no seu carrinho vermelho de picolé, debaixo do jambeiro. Lembrei
que desde quando cheguei ao município de Rurópolis ele sempre esteve ali,
sentadinho, no horário do almoço, enfrentando o calor e poeira, mas eu nunca
tinha parado para falar com ele, oferecer um copo d’água ou sequer perguntar o
seu nome e hoje DEUS, meu amado DEUS, me deu esta oportunidade.
Abri espaço para saber um
pouco da vida dele e com um sorriso no rosto me falou. Doutor Ary, nasci em
Fortaleza/CE, em 03/04/1953 fui professor Multi-seriado (1º a 4º série) na
cidade de Itinga do Maranhão, cheguei a Rurópolis há 04 anos, junto com o
Senhor, lembra? Deixei-o continuar... Por orientação médica, resolvi deixar a
vida que eu levava e procurei fazer algo mais tranqüilo e vim para uma cidade
mais tranqüila. Saio todos os dias lá do Bela Vista, bairro que eu moro, para
vender picolé Ituzinho na cidade. Doutor, é aqui, nesta cidade, na frente da
delegacia, debaixo deste pé de jambeiro, na hora do almoço que venho descansar
das andanças e vender picolé, por R$ 1,00 (real), as vendas melhoram no verão
que se pode tirar um salário mínimo, “Lugarzinho que namorei com ele e foi me
entregue com amor” e ainda disse “cantinho abençoado” (textuais).
Segurando minhas lágrimas
que quase nunca são vistas por causa dos óculos escuros, mas, quem é puro de
coração poderia senti-las naquele momento, vi que tais palavras me encheram de
motivação para que eu voltasse também para “meu cantinho abençoado” e reflexivo
sobre existência de DEUS, pois mais uma vez tive a prova dele no ar que eu
respiro, nas minhas conversas com o tempo, com o próximo, Ele sempre
monitorando meus passos, pois era exatamente o que eu necessitava ouvir.
Elizeu Figueiredo Almeida,
também conhecido como “VELHO DO
ITUZINHO” que DEUS lhe proteja e ilumine teus dias com alegrias, bem este
"Cantinho Abençoado" Amém. (Crônica
de Doutor Ary Vital Filho)
LEMBRETE: EM PLACAS, APESAR DE NO MOMENTO TER APENAS UM POLICIAL CIVIL, ESTE TRABALHA SIM, E MUITO. ATENDENDO AS PESSOAS NO "FORNO" QUE É A DELEGACIA E TOMANDO TODAS AS PROVIDÊNCIAS POSSÍVEIS, DENTRO DE SUAS LIMITAÇÕES. O POVO É TESTEMUNHA. NO DIA DO ASSASSINATO DE UM MADEIREIRO, SEMANA PASSADA TEVE QUE ISOLAR A ÁREA SOZINHO, COM MAIS CINQUENTA PESSOAS CURIOSAS. OUVIR AS TESTEMUNHAS E DILIGENCIAR EM BUSCA DE INFORMAÇÕES. JUSTIÇA SEJA FEITA.
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