sexta-feira, 14 de agosto de 2015

CRÔNICA DA SEMANA: O RECHEIO DO BOLO

Lucas Wende, o Cronista e Robson Zanetti
Poderia ser polido com minhas palavras, mas prefiro ser direito Detesto preconceitos. Ter uma idéia pré-concebida sobre tudo é para pessoas de mentes pequenas. Na maioria das vezes, em razão de falsos conceitos e prejulgamentos, maltratamos o próximo, sem conhecermos e sem pensarmos nas conseqüências  do ato, oras até irreparáveis.

O mundo avançou, mas algumas mentes continuam paradas na idade da pedra.  Ainda há e quem alimente o racismo, preconceito social, linguístico e comportamental, etnocentrismo, sexismo (misoginia), machismo (chauvinismo), feminismo, transfobia, homofobia, heterossexismo, xenofobia, etc. Realidade que aos poucos vem sendo modificada por meios de movimentos sociais combatentes e mecanismos legais repressivos.


Mas, ainda é essa a nossa realidade, estamos ladeados de estereótipos e idéias maniqueístas. Detesto estereótipos, isto é, imagens preconcebidas sobre determinada pessoa, coisa ou situação, pois, não estão com nada, chamar o outro de feio, não vai te deixar lindo, zoar o outro de gordo, não vai te deixar magro, discriminar o outro de preto não vai te deixar branco, ofender o outro de bicha não vai te deixar mais macho, contudo, uma coisa é certa Aos olhos de quem vê e aos ouvidos de quem escuta te deixarão mais imbecil, mais otário, mais ridículo, mais preconceituoso digno de pena ou de um troféu de idiota do ano.

A história que vou contar hoje já é aceita por muitos e toleráveis por outros, mas para estes jovens, isso pouco importa, o que realmente importa é serem felizes e o resto que vire bosta assim como todos os atos discriminatórios

E no meio de bolos, tortas, brigadeiros e cupcakes conheci Lucas Wende e Robson Zanetti que juntos construíram uma confeitaria, sonho e uma história de vida.

Certo dia pelos zaps da vida, eu mandei uma mensagem

- Ei vocês fazem bolo Qualquer dia você aí visitá-los.

Falei para Robson e ele me respondeu... VEJA A MATÉRIA COMPLETA CLICANDO ABAIXO.







- Venha doutor, será uma honra recebê-lo, o senhor quer um bolo

- Sim.

- Então faremos um. Como prefere

Eu

- Deixo a critério de vocês. Soltem a imaginação. Simbolizem-me no bolo de acordo com a ótica de vocês, este é meu desafio.

Robson topou e disse

- Ok doutor faremos o melhor possível.

 

Os dias se passaram, quando de repente, nesta semana, recebi um chamado para ir até a confeitaria. E no meio de tantos bolos, procurava o meu, somente mais tarde, Lucas colocou em cima do balcão e disse

- Está aqui a nossa homenagem.

Entrei naquele meu momento chamado de “um instante que não para”. Belíssimo e criativo, pois ali estava a bandeira do meu Pará, a pistola .40 e as algemas.

- Eu vou cortar.

Falei e Lucas retrucou

- Calma, corta por aqui e debaixo para cima para trazer sorte. Faz um pedido. Só não corta as algemas que o ladrão foge.

E cortei.

- Hum, recheio de goiabada

 

- Sim, qual o problema com o recheio Algum preconceito

Perguntou Lucas.

- Nenhum preconceito com a goiabada, coloca mais. Está delicioso.

Ele

- Muito bom, quem resiste uma goiabada

Percebi que Robson era o que menos falava e mais observava.

- Lucas, qual seu sonho

Perguntei.

- Ser feliz. Ser um cake boss, mas ainda sou apenas um cup designer.

Respondi

 

- Interessante. Com um tempo, sei que você irá se aprimorando. Para mim, você é um artista. Nem todos tem a sensibilidade e arte nas mãos para tais criações. Eu não sei nem como se faz um bolo. Cada um na sua arte. Há um pensamento de Heraclito (filósofo pré-socrático), que gosto muito que diz assim “A pedra que no papel nem serve para desenhar uma reta, dentro d’agua faz círculos perfeitos.”

- Doutor, quando eu conto ninguém acredita, mas eu fiz meu primeiro bolo aos 8 anos de idade e levei para escola numa homenagem ao dia dos professores para professora Fátima, era um bolo redondo de coração.

- E como você aprendeu fazer bolo

Lucas disse



- Vendo minha mãe fazendo e até hoje tenho uma técnica para ver se está bom, fura-se o bolo com uma faca e se ela sair seca é porque ele já está assado, inclusive, o sapo que eu criava comeu uma fatia do bolo e virou príncipe.

- Legal. Gostei das curiosidades Lucas e esta versão de conto de fadas, eu ainda não tinha ouvido. Abafa!

- Nada doutor, diga não ao preconceito e sim aos bolos. 

- É verdade Lucas. Quem dera que preconceito fosse apenas um recheio de um bolo.

- Mas não é doutor, prestígio sim, mas preconceito não.

- Eu sei Lucas, aliás na nossa sociedade o que mais há são  bolos de preconceitos, de vários tamanhos, formas, cores e espécies, estes a gente joga na cara dos caretas.

 

E a conversa se alastrou por horas e desta experiência conheci duas pessoas incríveis, corajosas, sonhadoras, gentis, as quais abriram as portas da confeitaria, do armário e do coração para me contarem suas histórias, sonhos, alegrias e dificuldades. Ah, inclusive soube que o início deste empreendimento se deu após a um grave acidente automobilístico sofrido por Lucas que com o dinheiro do DPVAT junto a um empréstimo feito pelo companheiro Robson, resolveram construir um sonho. Por isso que eu digo, antes de julgar alguém procure calçar os seus sapatos e trilhar o seu caminho, rir o seu sorriso, chorar suas desgraças para saber o sabor de sua vitória. Lucas e Robson pessoas dignas de meu total respeito, obrigado pelo bolo recheado de histórias. Amigos, desejo mil realizações pessoais e profissionais para vocês, trabalhem sempre, pois tenho certeza de que logo vocês encontrarão o pote de ouro no final do Arco-Íris. E quanto ao preconceito, acho que nunca vai virar um saboroso recheio de bolo, então, que ele vá à merda.
 
E você quais os ingredientes do recheio de seu bolo

E finalizando


Entre o real e o imaginário, entre bolos de preconceitos e prestígios, entre a verdade e a fantasia aqui contada, o que nem eu já sei mais, encerro a crônica da semana. Um beijo à todos, fiquem com Deus e até semana que vem. Ariosnaldo da Silva Vital Filho.









Lucas Wende e Robson Zanetti

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