Antiga agência do Banco da Amazônia em Rurópolis (foto extraída do Google) |
Crônica
de Ercio Bemerguy*
Presidente descerrando a Placa Inaugural da Agêncvia do BASA |
Posso
dizer como o poeta: “Meninos, eu vi!”. Sim, eu vi, em 12/02/1974, nascer
a Rurópolis Presidente Medici, hoje, uma próspera cidade localizada às
proximidades do “cruzamento” da Transamazônica com a Rodovia Santarém-Cuiabá.
As origens de Rurópolis têm a ver com o Programa de Integração Nacional (PIN),
instituído no ano de 1970 e implantado a partir de 1971. O objetivo do PIN era
o de desenvolver um grande programa de colonização dirigida na Amazônia,
trazendo trabalhadores de diversos pontos do Brasil, em especial do Nordeste
para povoar a região que tinha como lema "integrar para não
entregar".
Ali, acompanhei, do início até ao final, a construção de um prédio onde instalei e gerenciei por quase dois anos a primeira agência bancária – do Banco da Amazônia S/A – inaugurada pelo então presidente da República, general Emílio Garrastazu Médici, presentes, também, entre inúmeras outras destacadas autoridades, o governador do Pará, Fernando Guilhon, Jorge Babot de Miranda, presidente do BASA e José de Moura Cavalcante, presidente do INCRA. Assisti a montagem, no meio da mata, de imensos canteiros de obras e a execução, diuturnamente, de serviços de desmatamento de grandes áreas.
Populares assistindo a saída do Presidente, do Prédio da Agência do BASA |
Era
grande a quantidade de caminhões, caçambas, tratores e betoneiras preparando,
transportando e despejando concreto nas ruas, calçadas, casas e praças e em
centenas de outras obras que iam surgindo da noite para o dia, concluídas com
rapidez impressionante. Testemunhei, também, a chegada de gaúchos, nordestinos,
catarinenses, enfim, de milhares de imigrantes de diversas regiões brasileiras,
homens e mulheres, de todas as idades, transportados em ônibus e em carrocerias
de caminhões, para povoar a região e trabalhar, prioritariamente, na
agricultura, plantando arroz, milho e feijão. Quando chegavam, o Incra
disponibilizava uma casinha a cada uma das famílias, além de dar uma ajuda
mensal em dinheiro, equivalente ao valor de um salário mínimo vigente naquela
época, isso durante seis meses.
Outra coisa: era comovente e, ao mesmo tempo, muito gratificante ver centenas de operários – chamados de “peões” – alojados em grandes barracões cobertos de lona ou de palha, sem paredes, com goteiras, sem o mínimo de segurança e conforto, porém, todos alegres e felizes, certos de que estavam contribuindo para fazer nascer um povoado, uma futura cidade para gerar emprego e renda pra muita gente.
Reunião no interior da Agencia do BASA (Ercio de óculos escuro e bigode) |
Era um
sonho, sim, mas que se transformou em realidade, pois Rurópolis, como município
autônomo, passou à categoria de cidade através da Lei nº5.446, de 10 de maio de
1988, e instalado no dia primeiro de janeiro de 1989, durante o governo Hélio
Mota Gueiros, com área desmembrada de Aveiro. Sua população era de 35.033 mil
habitantes - dados IBGE-2008.ntes - dados
IBGE-2008.
Ao ser inaugurada, Rurópolis dispunha apenas de um belíssimo hotel construído em madeira da melhor qualidade, uma galeria comercial com dez pequenas lojas, uma estação rodoviária com bar e restaurante, uma igrejinha ecumênica, um hospital, escritório do INCRA, agência do BASA, umas cinquentas casas residenciais, uma praça, uma escola, uma quadra de esportes, água encanada e luz elétrica.
Ercio Bemerguy, inspecionando um plantio de arroz de cliente financiado pelo BASA |
Tudo
era administrado e custeado pelo INCRA. Inúmeras foram as minhas viagens, à
serviço, ou simplesmente para passar o fim de semana junto aos meus familiares
em Santarém. Dirigindo o meu próprio carro, lá ia eu com muitas dificuldades no
trajeto de 214 quilômetros de estrada de chão batido, sem um pingo de asfalto.
Enfrentava buracos, poeira, muita lama e, às vezes, fazia muita força para
tirar do atoleiro o meu valente fusquinha. Um detalhe não pode deixar de ser
registrado aqui: não foram poucas as vezes que eu era obrigado a transportar no
trecho Santarém/Rurópolis, apenas na companhia de um colega de trabalho - o
Ramiro (Sarará) -, muito dinheiro destinado ao suprimento do Caixa da agência
bancária que eu gerenciava. Viajávamos desarmados e nunca fomos assaltados ou
pelo menos importunados na estrada ou nas paradas que fazíamos, por quem quer
que seja, ao contrário do que acontece atualmente, com a bandidagem imperando
em toda parte, assaltando bancos, sequestrando e matando pessoas. Parabéns aos
pioneiros e aos atuais habitantes de Rurópolis, bem como aos seus governantes,
pelo transcurso, ontem, de seus 50 anos de existência.
*Ercio Bermeguy, dentre outras profissões e hobby, é funcionário do BASA, locutor de rádio, membro da ALAS – Academia de Letras e Artes de Santarém, e administrador do Blog “O Mocorongo”, onde gosta de escrever as suas lembranças. Vale ressaltar que ERCIO MEMERGUY, foi o PRIMEIRO GERENTE DO NANCO DA AMAZÔNIA, em Rurópolis. Hoje, juntamente com seus familiares, reside em Belém.
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