terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

O FÉRETRO SEGUIU PARA O CAMPO SANTO E O SILÊNCIO, MOMENTANEAMENTE TOMOU CONTA DOS QUE FICARAM.

Em um momento de descontração com os filhos 

Wilson e Erotilde Marinho, um amor que venceu as
armadilhas da vida - Mais de 50 anos de união

Aqui as pessoas já começam a sair.

E eu observo o jardim florido onde uma flor da rosa do deserto brilha com sua as cores rosa, branca e vermelha…

Terminaram as exéquias. Começam os trabalhos para transportar o corpo até o cemitério.

No interior do carro da funerária cheio dos apetrechos que são necessários a um funeral, segue um corpo sem vida. Outros carros saem e as pessoas buscam "carona" para seguirem o féretro até o cemitério de São João Batista, aqui em Santarém.

Realmente se amavam...

A casa número 150 no início da Rua Hilda Mota, parte do bairro da Interventoria, está sem seu chefe de família. Após nove anos de convivência com uma doença que o tornou dependente, hoje, de madrugada, às quatro horas e quinze minutos, o patriarca da família Silva Marinho deu seu último suspiro.

Ele era o único filho homem de Adalgisa e José Marinho.

Era meu cunhado.

Homem simples, natural da vila de Piraquara, na região do Lago Grande, que veio para Santarém para estudar no internato do Dom Amando lá pelo ano 1958, calculo eu. Seu pai era um comerciante bem sucedido e isso permitiu que ele pudesse vir estudar no grande internato dos irmãos da Santa Cruz.

Feliz, no lugar onde mais gostava de ficar: Piraquara!

Mas o que ele mais gostava era da liberdade que a vida interiorana possuía, e, tão logo foi possível, retornou para aquelas paragens.

Casou com a jovem Erotildes e dessa união vieram doze herdeiros, que apesar das dificuldades que enfrentaram, hoje são homens de bem, pais amorosos e são filhos que deram uma melhor vida a seus pais.

A vida do Wilson, por um lado, foi uma aventura maravilhosa. Sempre se importando com as coisas do seu torrão natal, se aventurou, viveu, descobriu, divertiu-se e buscou fazer o que mais gostava, o que lhe dava "alegria de viver". E o que é melhor, não seguiu nenhum manual de procedimento. Fez suas escolhas e delas tirou o que lhe fazia bem e as VIVEU.

Aqui eu estou em frente a sua casa, absorto, observo os acontecimentos de finalização da despedida dele.

Com o amigo Arnaldo e o filho José Wilson - No Piraquara

Os rostos da maioria dos presentes estão tristes, alguns apresentam marcas de um choro contínuo, outros estão com seus olhares impassíveis, e alguns demonstram serenidade e compreensão dessa sequência imutável da vida.

Em minha cabeça, nesses momentos, também passam pensamentos sobre a morte. Não que eu a tema, mas com um grande desejo que ela venha amistosa e rápida.

O féretro seguiu para o campo santo e o silêncio, momentaneamente tomou conta dos que ficaram.

O Wilson agora é uma bela lembrança no coração daqueles que o amaram até o fim, como minha comadre Erotilde.

Até um dia, Wilson, eu que ainda fico por aqui te saúdo e, quem sabe, algum dia nós encontraremos em algum lugar para fazermos uma pescaria, disputarmos uma corrida de cavalo ou um jogo de futebol em um mundo diferente! (Stm, 06/02/2022, 17:30hrs)

DESCANSE EM PAZ MEU VELHO PAI...

Obrigado Emanuel, pelo texto e pela perfeita descrição...


Texto de Emanuel Figueira

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