...Pelas ruas da cidade |
Procissão... |
Dando
continuidade na PROGRAMAÇÃO RELIGIOSA, a Igreja Católica neste domingo,
através do Pároco Padre Jaime Maria Gato, Padre Adriano FanHars Kei, e suas
equipes, realizou uma vasta programação alusiva à Solenidade da Santíssima Trindade
que é a Protetora da Paróquia deste município de Rurópolis.
Batizado |
As 9:00
horas, foi realizado o Batismo de dez crianças, que através do ritual realizado
pelo Pároco Padre Jaime Maria Gato, receberam primeiro dos Sacramentos, aquele
que consagra o verdadeiro nascimento de um cristão. Às 18:00 horas, foi
realizada a caminhada pelas ruas da cidade, e posteriormente, para encerramento
da Programação Religiosa, foi celebrada a Santa Missa, na Igreja Matriz.
EM TEMPO: CLICANDO NO LINK ABAIXO, VEJA UM IMPORTANTE REFLEXÃO SOBRE A SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE, E AINDA, MUITOS VÍDEOS E FOTOS.
Fotografias e vídeos enviadas por Jonas Lourenço e Marcos Seixas, aos quais agradecemos pela força.
"REFLEXÃO:
SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE, ANO A – 04/06/2023"
Solenidade
da Santíssima Trindade: “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”.
Na
Liturgia deste Domingo (04/06), SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE, vimos,
na 1ª Leitura (Ex 34,4b-6.8-9), na 2ª Leitura (2Cor 13,11-13) e no Evangelho
(Jo 3,16-18), que celebrar o mistério da Santíssima Trindade é celebrar o
mistério de um único Deus em três pessoas. No Prefácio da missa, rezamos assim:
“Ó
Deus, com vosso Filho único e o Espírito Santo, sois um só Deus e um só Senhor.
Não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus. Tudo o que revelastes e nós
cremos a respeito de vossa glória atribuímos igualmente ao Filho e ao Espírito
Santo. E, proclamando que sois o Deus eterno e verdadeiro. Adoramos cada uma
das pessoas na mesma natureza e igual majestade”
(Missal Romano, p. 379).
O
mistério da Trindade Santa, um só Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito
Santo, não é um mistério das ciências exatas, como se fosse possível colocar
“três em um”, mas é o fundamento da esperança, a força da caminhada e o
conteúdo fundamental da fé. Jamais poderemos colocar o mistério em nossa cabeça
e esgotá-lo em nossa compreensão intelectual, mas podemos colocar a cabeça no
mistério e, mesmo dentro das limitações da linguagem humana, tentarmos
expressar esse mistério a partir do compromisso que Deus tem para com a pessoa
humana e a sociedade. Mais importante do que encontrar fórmulas filosóficas ou
teológicas abstratas para expressar o que, no fundo, não é possível definir, é
descobrir o que a doutrina da Trindade pode ensinar para a nossa vida cristã.
O mistério da Trindade tem uma revelação progressiva na história, como diz o Catecismo da Igreja Católica. São Gregório de Nazianzo, ‘o Teólogo’, explica esta progressão pela pedagogia da ‘condescendência’ divina:
“O Antigo
Testamento proclamava manifestamente o Pai e mais obscuramente o Filho. O Novo
manifestou o Filho e fez entrever a divindade do Espírito. Agora, porém, o
próprio Espírito vive conosco e manifesta-se a nós mais abertamente. Com
efeito, quando ainda não se confessava a divindade do Pai, não era prudente
proclamar abertamente o Filho: e quando a divindade do Filho ainda não era
admitida, não era prudente acrescentar o Espírito Santo como um fardo
suplementar, para empregar uma expressão um tanto ousada [...] É por avanços e
progressões ‘de glória em glória’ que a luz da Trindade brilhará em mais
esplendorosas claridades” (CIC, 683).
Sabemos
que, desde o princípio, Deus não é só-lidão, mas comum-união, comunhão,
comunidade, família, relação, comunicação, perdão, amor. Nossa família terrena
deveria ser reflexo da Trindade: iguais e diferentes. Na Bíblia, encontramos que
Deus “criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus ele o criou; e os criou
homem e mulher” (Gn 1,26-28). Se fomos criados à imagem e semelhança de
Deus, é de um Deus que é Trindade, que é comunidade, unidade perfeita na
diversidade. Assim, só podemos ser pessoas realizadas à medida que vivemos
comunitariamente. Quem vive só para si está destinado à frustração e
infelicidade, pois está negando a sua própria natureza.
Só
recentemente as ciências humanas confirmaram o que milenarmente a revelação já
tinha antecipado: o ser humano é social por natureza, o social é intrínseco à
sua natureza. Não pode viver só, o único animal, na face da terra, que morre se
não viver em comunidade, todos os outros animais sobrevivem por si mesmos.
Portanto, se a pessoa humana se fechar em seu mundo e ausentar-se da boa
convivência é como se morresse (e morte é frieza, incomunicação, sofrimento). A
Palavra de Deus diz: “Quem não ama carrega dentro de si um germe homicida”
(1Jo 3,15), carregar um germe homicida é carregar uma bomba atômica que, se
detonada, destrói meio mundo. Que triste, que pena!
Viver
a fé trinitária é viver no Deus amor, quem muito ama, muito se comunica, toma a
iniciativa para o diálogo, para a paz, sempre disposto a perdoar e a começar de
novo. O pecado é a negação da comunicação, equivale a morte espiritual.
O
pecado se opõe ao Reino, porque consiste no rechaço voluntário de o homem viver
em comunhão com Deus e seu próximo, para adorar-se a si mesmo ou às coisas. Ele
se converte em escravo dos ídolos.
Reconhecer
o Deus Trindade e comprometer-nos com Ele é abandonar os falsos deuses ou os
ídolos modernos que nos cercam a todo o momento: o consumismo desenfreado; o
ter sempre mais, em prejuízo dos outros; o individualismo, que nos fecha os
olhos aos irmãos necessitados; o comodismo, que nos imobiliza diante da
necessidade de nos envolver com a transformação das estruturas injustas; o
culto ao corpo, à beleza física, como sublimação de complexos e do mito da
eterna juventude. Somos o que amamos. Se amarmos somente a nós mesmos, seremos
solidão individual; se amamos a todos, somos comunidade de amor. A vida eterna
consiste nisso: Comunidade de amor. Celebrar a festa da Trindade é viver o
mistério do amor de Deus, que nos criou para que vivêssemos comunitariamente na
sua imagem e semelhança.
Enquanto
ruptura de comunhão, todo pecado destrói, também, a Comunicação e a
participação: é, por essência, traição, negação do diálogo, solidão e
marginalização. Todo pecador é um filho pródigo que foge da casa de seu Pai, é
um Caim à procura da morte de seus irmãos (Gn 4,8-10). A nível social, seu
resultado é Babel: confusão de línguas, incapacidade para comunicar-se, divisão
(Gn 11,1-9).
O
pecado perverte todas as formas de comunicação. É fonte permanente de enganos e
impede a comunicação humana de permanecer na verdade para a qual nos chama a
palavra de Deus (1Jo 2,21-25). Repito: “Quem não ama (comunica a verdade), leva
dentro de si um germe homicida” (1Jo 3,15).
A
comunicação é dimensão essencial da natureza do homem: social, antropológico.
Temos como princípio bíblico: “Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de
Deus o criou, homem e mulher os criou”(Gn 1,27).
O Ser
humano, homem ou mulher, criado à imagem e semelhança de Deus, não pode
realizar-se fora da dimensão desta imagem e semelhança. Dignidade e Vocação
Universal. Deus é Amor=Comunicação=Trindade=Comunhão.
A
grande crise existencial: Nunca, na história da humanidade, o homem possuiu
tantos meios de comunicação, nunca o homem passou por uma solidão tão profunda.
Falta espaço para a intercomunicação. “Para onde irei? Para onde fugirei?” (Sl
138).
A
grande crise: Falta de abertura. Deus não salva uma pessoa (comunidade)
fechada. Quem sou eu? Deus interpela: “Adão, Adão, onde estás?” (Gn 3,8-13).
“Abraão, Abraão? Chega de pensar só em ti, deixa tua terra?” (Gn 12,1-3)
“Samuel, Samuel? O que queres de mim?
Eis-me aqui!” (1Sm 3,1-10). “Saulo, Saulo?” (At 9,1-9). Falta de
relacionamento, falta de verdade. “A verdade vos libertará” (Jo 8,32). “Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida” (Jo
14,6).
Sobre
a verdade (comunicação) da minha vida, nasce a vida nova; da costela (da
humanidade de Adão, abertura), nasce outra vida, reconhecida como: “carne da
sua carne e ossos dos seus ossos” (Gn 2,23).
Uma
pessoa não pode existir só: “Não é bom que o homem esteja só, vou dar-lhe uma
ajuda que lhe seja adequada” (Gn 2,18). O homem pode existir somente como
unidade, portanto, em relação a um outro ‘eu’. Mesmo sendo Rei do universo, só
o homem cai numa solidão profunda, não tem um auxiliar que lhe seja semelhante:
“O homem pôs nomes a todos os animais, a todas as aves dos céus e a todos os
animais dos campos; mas não se achava para ele uma ajuda que fosse adequada”
(Gn 2,20). A criação: plantas, átomos, reinos: mineral, vegetal e animal
refletem a comunhão de Deus.
A
Trindade compreendida humanamente como comunhão de Pessoas funda uma sociedade
de irmãos e de irmãs, de iguais, em que o diálogo e o consenso constituem os
fundamentos da convivência, tanto para o mundo quanto para a Igreja. Se hoje
existem cristãos divididos e não cristãos é porque nós não soubemos testemunhar
o nome de Deus.
Respeita
o Deus Trinitário somente uma comunidade cristã una, única e unificante, sem
domínio e opressão, e uma humanidade una e única, sem domínio de classe e sem
opressão ditatorial. A Trindade se entrega ao nosso conhecimento, na vida e na
prática de Jesus. Jesus age em nome do Pai em favor dos homens, particularmente
dos pobres e pecadores, e é o Espírito que nos leva a acolher o Filho e nos
incita a adorar o Pai. O Espírito Santo emerge como a força do ‘novo’ e como
uma renovação de todas as coisas. A atuação do Espírito Santo é eminentemente
criadora, voltada para o futuro. Toda criação implica ruptura, crise do
estabelecido e abertura para o ainda não conhecido e ensaiado. O Espírito
liberta da obsessão da origem e do desejo de voltar ao útero paradisíaco, cujo
acesso está definitivamente fechado (Gn 3,23). Ele nos move para a terra
prometida e para o destino que se deve construir e revelar no amanhã.
A
força do ‘novo’ reside em ser ‘memória’ da prática e da mensagem de Jesus, com
o prolongamento da encarnação para dentro da história humana, pois libertará os
homens de todas as situações de pecado.
Dentro
deste contexto, o pecado seria o homem querer construir um mundo sem Deus. Pode
o homem construir um mundo sem Deus, mas este mundo acabará por voltar-se
contra o homem. “Sem o criador, desaparece a criatura”, dizia o Concilio
Vaticano II (GS, 36); e acrescentava: “Pelo esquecimento de Deus a própria
criatura torna-se obscura”. O mistério do homem só é desvendado e iluminado
pela realidade de Deus.
Na
história, Deus sempre faz Aliança com os seres humanos e os chama para
restabelecer a comunhão. Exemplos: Abraão, Moisés, Maria, Paulo, cada um de
nós.
A
Comunidade é ‘ícone’ (imagem bela, perfeita) da Trindade, somos batizados
(marcados na história) em nome da Trindade e inseridos na comunidade. Nosso
destino, também, será a Trindade, comunhão eterna, a celebração da missa já
antecipa, de certa forma, esse futuro. Se hoje moramos geograficamente em
lugares diferentes, um dia, no entardecer de nossa vida, iremos para o mesmo
fim, iremos para uma única direção: a casa do Pai, casa trinitária, a melhor
comunidade, “Dele viemos, a Ele retornaremos”.
Enquanto caminhamos para esse fim, vivamos a espiritualidade trinitária.
As pessoas mais ‘completas’, que são ternas, os grandes santos e santas da
história cultivaram e cultivam uma espiritualidade trinitária, rezavam e rezam
na Trindade. Rezemos, também, nós:
“Ó
Deus, nosso Pai, enviando ao mundo a Palavra da verdade e o Espírito
santificador, revelastes o vosso inefável mistério. Fazei que, professando a
verdadeira fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos a Unidade
onipotente” (Missal, Oração da Coleta).
Boa
reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe.
Leomar Antônio Montagna - Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR
- Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR
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