Autor: Emanuel Figueira
Aproximo-me
da minha janela e vejo a rua quase sem ninguém.
O
dia está claro!
Eu,
como todos, estou vivendo estes dia "diferentes" por aqui em
decorrência da pandemia que se espalha pelo mundo.
No
início eu pensava que o alarme que soava era exagerado ou escondia algo de
nefasto nos bastidores infernais da política mundial e nacional. E este segundo
viés ainda não se apagou do meu "felling".
Mas,
aos poucos, eu fui percebendo que lá fora havia um perigo real. E era um perigo
sério, confuso e preocupante.
O
noticiário jogava aos lares medo, indicava meios de prevenir contra tal doença,
falava mal do governo ou tentava de forma exagerada insuflar a confusão na
cabeça dos cidadãos.
Procurei
permanecer "em casa!"
E o
isolamento fez com que eu tivesse a impressão de que o tempo andava mais
devagar. E nesse compasso, e diante da escuridão "de informações
corretas", busquei manter os sentidos bem aguçados na busca daquilo que eu
perceba como correto daquilo que eu compreendo que é confusão.
Aqui,
neste período do inverno amazônico, uns dias são de chuva e temos um clima mais
ameno; outros dias vêm o sol e temos novamente calor forte.
O
receio que me passam a todo instante faz com que eu imagine que se eu cruzar o
umbral da minha porta de saída, um monstro assustador pode me atacar
impiedosamente.
E
esse é o alarde que ecoa aqui no meu rincão também.
Aqui
dentro do apartamento tudo pareça normal.
Lá
fora, do mesmo modo, tudo parece tranquilo.
Ouço
os barulhos da rua, os gritos de crianças da vizinhança; ora chove, ora o céu
se ilumina e vem o sol; buzinas chamam minha atenção, os cães ladram, as
sirenes de alarmes próximos, aqui e acolá disparam com seu sinistro aviso de
perigo ou anormalidade.
Situo-me!
E,
mais e mais vou compreendendo a gravidade da situação, do perigo invisível que
me ronda e que amedronta a todos nós. Logo, algo lúgubre, sinistro, imperceptível
atravessa o meu pensamento.
Penso
em mim,
Penso
nos meus.
Penso
nos outros até onde minha imaginação alcança.
Paralisado,
perplexo sem ação só imagino que devo fazer bem a minha parte. Aliás, que todos
nós deveremos fazer a nossa parte neste processo de prevenção contra esse
gigante ainda desconhecido que ronda as nossas casas como um malfeitor
endemoniado e sem compaixão.
E os
hospitais? Como estarão?
Mas
a vida continua e a morte também.
Em
isolamento a monotonia tenta entrar, mas o tilintar do telefone avisa que no
whatsapp alguém encaminha uma nova notícia; que está trazendo uma brincadeira,
uma música, um canto sacro, uma foto de uma paisagem bonita, um áudio de
incentivo, uma repreensão, um quadro de família, ou até uma foto erótica…
Meus
filhos não estão mais aqui.
É
claro que sinto falta deles!
Mas...
Estamos
sendo envolvidos pelo sintoma do medo ou permanecemos incólumes na nossa
indiferença ao perigo e a dor do mundo? - Eu me pergunto.
Eu
me pergunto sem bem entender a resposta ou o próximo passo a seguir.
Como
o vendaval tenebroso o pandemônio covidico aumenta a tensão. Notícias
desencontradas continuam, políticos que não se entendem confundem nossa
percepção, a medicina e a administração nacional parecem travar uma batalha de
titãs sem encontrar um rumo; pessoas incentivando ao caos e outras defendendo
bandeira do bem e a tênue liberdade de ir e vir me isolando, separando-nos
momentaneamente.
Porém,
mesmo nessa celeuma, continua a existir um mundo mutante, bonito e cheio de
possibilidades que iremos atrás para viver melhor.
E eu
continuo acreditando no hoje buscando coragem e precaução.
Mas
por enquanto, neste HOJE, vou adular minha amiga paciência a permanecer comigo
mais um pouco.
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