Doutora Lilian Regina pediu o adiamento da Audiência |
Com uma hora e quarenta
minutos de atraso, ás 10h40min, desta quarta-feira 07/03/18, o Governo do
Estado do Pará através da SEMAS –
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade, representada pelo Secretário adjunto Doutor
Ronaldo Lima, deu inicio a AUDIÊNCIA
PÚBLICA em Rurópolis nas dependências do Ginásio Municipal Almir Gabriel, tendo
a mesa sido formada com a presença da Doutora Lilian Regina Furtado Braga
(Promotora em Santarém), Doutora Mariana Cavaleiro de Macêdo (Promotora em
Rurópolis), Eder Baségio (Secretário de Meio Ambiente de Rurópolis), vereador
Sergio Ribeiro (Câmara de Rurópolis), e Leonardo Bastos ( Representando a CIENGE
Engenharia e Comercio Ltda.).
Secretário adjunto Ronaldo Lima (ao centro, camisa branca), representante da empresa CIEEG Engenharia, AMBIENTARE e MPE. Promotoras Lilian Regina e Mariana Cavaleiro |
Alunos da Escola Eurico Valle, maior público da Audiência |
Com o objetivo de expor o conteúdo dos projetos e dos impactos ambientais, através dos relatórios de impactos ambientais e dar oportunidades ás pessoas impactadas de tirar suas duvidas e encaminhar criticas e sugestões para analise da equipe técnica da SEMAS, sobre a construção de oito PCH – Pequenas Centrais Hidrelétricas no Rio Cupari Braço Leste e Cupari Braço Oeste. Com um público aquém do esperado, a Audiência Pública que deveria ter sido realizada no dia 26 de Janeiro/18, foi novamente alvo do Ministério Público Federal, que “sugeriu” no dia anterior que a Audiência fosse Suspensa por não atender todos os requisitos para sua execução. Salva pelos alunos da E. E. Gov. Eurico Vale que foi a maioria do público presente, a Audiência contou também com um bom número de índios da tribo Mundurucus de aldeias do município de Itaituba, poucos moradores das áreas impactadas além de funcionários públicos e Secretários do Governo Municipal e alguns vereadores.
Moradores do Distrito de Divinópolis cobram Audiência naquela localidade |
Já no inicio da Audiência, a Doutora Lilian Regina, Promotora de Justiça de Santarém, representando o MPE, externou a grande preocupação com a continuidade da Audiência, tendo em vista, segundo Ela, a falta de conhecimentos junto as comunidades impactadas, que foram visitadas a poucos dias pala Promotora de Justiça do município de Rurópolis, onde a mesma constatou a falta de informações sobre a audiência, e em virtude da ausência dessas pessoas que garantiria a legitimidade do evento, que se dá com a participação popular, sendo a audiência um ato administrativo de colheita de informações e de manifestação da comunidade, não estando as partes diretamente atingidas presentes no recinto. “O Ministério Público pede a SEMAS, o adiamento da Audiência”, concluiu a Promotora, dizendo que os ausentes não terão a oportunidade de externar suas opiniões favoráveis ou não sobre o empreendimento.
Secretária Municipal, cobrou políticas direcionadas à saúde no município |
Pedido que foi imediatamente negado pelo
secretário adjunto Ronaldo Lima, presidente da Audiência. Na sequencia um
representante da CIENGE Engenharia fez a apresentação dos estudos até agora
realizados apresentando os projetos do Complexo Cupari Braço Leste e Oeste, que
indicam que a Bacia hidrográfica do Rio Cupari e que o mesmo fornecerá energia
local e regional por meio do Sistema Interligado Nacional (SIN). De Acordo com
o EIA-Rima, o complexo abastecerá 100 mil residências ou 300 mil habitantes, a
partir de um conjunto inicialmente de 08 Pequenas Centrais Hidrelétricas, uma
linha de transmissão que coletará a energia a conduzira até a subestação de
Rurópolis, conectada ao SIN. Após a apresentação dos relatórios que foram
acompanhados pelo público presente através de monitores instalados nas
dependências do ginásio, onde foram projetadas imagens dos locais onde serão
construídas as oito PCHs, e que segundo o expositor a previsão da empresa, é
que a obra gere durante o período de construção, mais de dois mil empregos
diretos e indiretos.
Alunas do Eurico Valle preocupadas com o futuro da comunidade escolar |
Projeto que prevê ainda a realização de programas, entre
eles, o de capacitação e seleção de mão de obra local, bem como o resgate dos
animais e plantas nas áreas alagadas, assim como indenização dos proprietários
das áreas a serem atingidas; foram 30 minutos de exposições e explicações
técnicas sempre exaltando e valorizando o empreendimento que já está em fase
final de estudos e conta com a simpatia dos representantes da SEMAS para a
aprovação e liberação das licenças necessárias a sua construção. O Ministério
Público através das Doutoras Lilian Regina Furtado e Mariana Cavaleiro
manifestaram-se mais uma vez, onde discordaram da conclusão da AMBIENTARE
(Empresa de consultoria ambiental) que conclui a sua apresentação, indicando a
viabilidade do empreendimento sob todos os aspectos, por a empresa não atender
a questionamentos feitos pela SEMAS, de forma
adequada.
Líder da Etnia Munduku, reclama da falta de respeito aos povos tradicionais |
O estudo deixa de fora a participação de autores locais, e não
apresenta politicas de inclusão, atendendo tão somente o interesse da politica
nacional e internacional e do mercado empresarial consumidor. A ausência de
estudo sobre a politica econômica da região impactada. Quais os ganhos do
município de Rurópolis com a implantação do empreendimento? Certamente as construções trará uma grande
quantidade de pessoas em busca de empregos e consequentemente o aumento com
gastos nas áreas de saúde, educação, segurança pública, a prostituição e outras
mazelas deixadas pelos grandes empreendimentos, como por exemplo, Altamira que
se tornou a cidade mais violenta do país,
durante e após a construção de Belo Monte.
Vereador Sebastião Rodrigues, representando o Distrito Divinópolis |
Outros participantes também fizeram
alguns questionamentos em relação os
impactos diretos aos moradores das comunidades vizinhas as PCHs, e a cidade de
Rurópolis que sofre com a falta de infraestrutura. Alessandra, líder índia mundurucu, cobrou a
falta de respeito com os povos tradicionais e suas que vivem na sua maioria da
caça e pesca e que segundo Ela, hoje come o peixe do Rio Tapajós, contaminados
de mercúrio deixados pela ação dos garimpos; A aluna Ellen Neves questionou
sobre os dirigentes da empresa e a SEMA, quanto a o saneamento da cidade e a
situação das escolas do município que conta com apenas uma escola de ensino
médio, em precária situação de funcionamento, com salas superlotadas, e a tendência
é que com o inicio das obras e com o aumento da população haverá também o
aumento no número de alunos e as escolas do município não estão preparadas para
receber mais alunos. Foram inúmeras indagações, e muitas não foram respondidas de
forma a convencer a maioria.
Público presente |
Um dos moradores do Distrito de Divinópolis pediu,
e as representantes do MPE, endossaram a realização de uma audiência na
referida comunidade, onde reside a parte maior das pessoas impactadas com as
obras ora em questão. A SEMAS estadual que fez a colheita de todo material da
audiência desta quarta-feira (07/03), ainda estará aberta a receber
contribuições dos órgãos e pessoas interessadas nos próximos dez dias. Podemos
dizer que tudo caminha para a aprovação e autorização das licenças necessária
para que se construam as PCHs, no rio Cupari braço Leste e Oeste, que esta
audiência serviu tão somente para consolidar o inevitável, já que as pessoas
diretamente interessadas, pouco ou quase nada se manifestaram, restando o papel
principal de cobrança dos direitos do cidadão e obrigação dos empreendedores ao
Ministério Público Estadual através das brilhantes promotoras Lilian Regina
Furtado e Mariana Cavaleiro de Macedo Dantas. Ficou evidente a ausência de
organizações de trabalhadores, representantes do poder legislativo (apenas
quatro vereadores presentes), mas principalmente a falta de intervenção das
pessoas diretamente interessadas para cobrar a clareza por parte do
empreendedor sobre os impactos das construções que vão mexer e mudar suas vidas
definitivamente.
Texto
e fotografias sob a responsabilidade total de Paulino Magno ASCOM/PMR.
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