quarta-feira, 7 de março de 2018

MPF RECOMENDA SUSPENSÃO DE LICENCIAMENTO E AUDIÊNCIA SOBRE COMPLEXO HIDRELÉTRICO EM RURÓPOLIS (PA)

Indígenas na frente do Ginásio, fazendo o seu manifesto
Indígenas e estudantes se manifestando

Está tudo preparado para o início da AUDIÊNCIA PÚBLICA que terá como objetivo discutir os relatórios de impacto ambiental dos complexos hidrelétricos do Cuparí Braço Leste e Braço Oeste. O Complexo Hidrelétrico Cuparí, está localizado no município de Rurópolis, e conta com oito projetos de usinas em andamento. Infelizmente, parece que o licenciamento não será tão fácil como estava parecendo, já que o Ministério Público Federal, através da RECOMENDAÇÃO DE Nº 01, datada de 01 de março de 2018, “recomenda” a suspensão de licenciamento e audiência sobre o complexo hidrelétrico em Rurópolis. Veja abaixo o porquê da recomendação: Legislação está sendo desobedecida, alerta a recomendação.
Mansuete Siqueira, Secretário de Administração da PMR e o Secretário da
SEMMA/Rurópolis, Éder Baségio
O Ministério Público Federal (MPF) enviou notificação à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) do Pará em que recomenda a suspensão do licenciamento do complexo hidrelétrico dos braços leste e oeste do rio Cupari, em Rurópolis, no sudoeste do estado. Segundo o MPF, o licenciamento não vem cumprindo a legislação.
A notificação foi enviada nesta segunda-feira (5), e também recomenda a suspensão da audiência pública prevista para ser realizada em Rurópolis nesta quarta-feira (7).
Assim que receber a notificação a Semas terá 24 horas para apresentar resposta. Se a resposta não for apresentada ou se for considerada insatisfatória pelo MPF, o caso pode ser levado à Justiça.
Nos últimos ajustes
Segundo o MPF, comunidades impactadas não foram ouvidas, os estudos ambientais são precários, órgãos públicos ficaram sem respostas a pedidos e informações, além de haver decisão da Justiça Federal que alerta para a necessidade de que os estudos ambientais relativos a projetos hidrelétricos na região levem em conta os impactos conjuntos de todas as hidrelétricas.
Irregularidades – Apesar de o projeto impactar comunidades tradicionais, não foi realizada consulta prévia, livre e informada a essas famílias, critica a recomendação do MPF.
As pequenas centrais hidrelétricas previstas para o rio Cupari abrangem áreas onde, além de comunidades tradicionais, existem projetos de desenvolvimento sustentável do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e florestas nacionais.
Tudo preparado para receber as autoridades
Segundo o MPF, os estudos de impactos ambientais não apresentaram informações sobre os impactos sociais, econômicos e ambientais que serão gerados às comunidades tradicionais, sequer citadas nos levantamentos.
Especialistas do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) das áreas de economia e sociologia avaliaram os estudos ambientais e confirmaram que os documentos não têm informações suficientes para análise dos impactos dos empreendimentos.
O MPF alerta que os estudos ambientais não analisaram os impactos gerados pelas hidrelétricas em conjunto, e lembra que decisão da Justiça Federal de 2012 impediu a concessão de licença para usinas hidrelétricas do complexo hidrelétrico do Tapajós sem que houvesse a avaliação dos impactos cumulativos das várias usinas previstas para o projeto, na sub-bacia dos rios Jamanxim e Tapajós – do qual o rio Cupari é um dos afluentes –, assim com a oitiva dos povos indígenas afetados.
Pessoal da segurança já apostos
Sem respostas – Quando questionada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), a Semas não prestou esclarecimentos sobre os impactos na área do complexo e das linhas de transmissão de energia, registra a recomendação do MPF.
O ICMBIO ficou sem respostas sobre se foi ou não feito estudo sobre a qualidade da água e sobre como o empreendimento afetará as comunidades tradicionais da floresta nacional (flona) do Tapajós, tendo em vista que os estudos ambientais apontam que são esperadas “modificações nas características químicas decorrentes do barramento, tais como o aumento na concentração de nutrientes em função da retenção e alterações no transporte” e “modificações nas características físicas e químicas da água [que] têm como consequência as alterações nos padrões de estrutura, composição e diversidade das comunidades biológicas”.
No município de Rurópolis, tem área indígena?
Entre outros pontos, também não houve resposta a questionamento sobre a existência de estudo relativo à fauna aquática, especialmente sobre os peixes, assim como se o empreendimento afetará os estoques pesqueiros disponíveis nas comunidades ribeirinhas, tendo em vista que os estudos apresentados informam o seguinte: “durante o enchimento dos reservatórios do complexo hidrelétrico Cupari Braço Leste haverá redução temporária da vazão do rio Cupari a jusante dos barramentos. Consequentemente, modificações das comunidades de peixes poderão ocorrer em virtude das alterações do fluxo da água. Outro fator a ser avaliado é a interferência das barragens nos processos migratórios de determinadas espécies onde, provocando a interrupção do fluxo migratório dos peixes”.
De acordo com informações do repórter Paulino Magno, apesar da Recomendação do Ministério Público Federal a Audiência deverá acontecer. Acesse o link e veja na Íntegra da recomendação.    Veja a matéria original do MPF clicando no link a seguir: 

MPF recomenda suspensão de licenciamento e audiência sobre ...


Fotografias: Paulino Magno


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