Madeira sendo extraída irregularmente |
Uma Força Tarefa formada
pelo Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal, o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), entre outros
órgãos do Governo Federal, fechou o cerco contra empresários, acusados de
desmatamento, grilagem de terras e garimpagem ilegal, na região oeste do Pará.
Por conta de denúncias de
problemas causados por empresários que se apossaram de terras com uso de
documentos falsos, no início desta semana, a Justiça Federal suspendeu o plano
de manejo do imóvel denominado Fazenda Cachoeirinha, em Rurópolis, no oeste do
Pará, concedido para o pecuarista Jevelis Grey Panassolo.
Segundo o Ministério Público
Federal (MPF), Panassolo se apossou da área com uso de documentos falsos e
mantinha a posse ameaçando trabalhadores rurais assentados com uma equipe de
capangas armados. VEJA A MATÉRIA COMPLETA CLICANDO ABAIXO
Por: Nazareno Santos (matéria extraída do Blog do Xarope, para ver a material original, clique no link a seguir: Justiça manda empresário de Rurópolis usar tornozeleira eletrônica)
O juiz federal Érico Rodrigo
Freitas Pinheiro também estabeleceu que o empresário deve ser monitorado
eletronicamente e que só pode locomover-se dentro dos limites de Belém (PA),
onde mora.
Panassolo está obrigado,
ainda, a comparecer mensalmente na Justiça Federal para explicar-se sobre suas
atividades e está impedido de deixar o país.
Ele também não pode mais
manter contato com outro acusado pela grilagem (tomada de posse de terra
pública por meio de fraudes em documentos), o pecuarista Ruy Villar de Lima
Sampaio Júnior.
O empresário havia sido
preso preventivamente no final de novembro, para evitar o aumento dos
conflitos.
ATUAÇÃO CRIMINOSA: Por meio
de falsificação de certidão do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra) e da apresentação de informações mentirosas ao Tribunal de
Justiça do Estado, Ruy Villar Júnior conseguiu que a Secretaria de Estado de
Meio Ambiente (Semas) fosse obrigada a aprovar um plano de manejo para a área
grilada, apesar de o Incra e a Semas terem apontado uma série de provas da
falsidade da certidão.
De acordo com o Incra, o
plano de manejo obtido ilegalmente por meio de falsificação de certidões incide
sobre três assentamentos em Rurópolis: PDS Novo Mundo, PDS Cupari e PA Paraíso.
Segundo levantamento do
Incra citado na ação pelo procurador da República Camões Boaventura, Ruy Villar
Júnior e Jevelis Panassolo estão vinculados, direta ou indiretamente, a
diversas denúncias de tentativas de apropriação de terras da União, extração ilegal
de madeira e ameaças e conflitos com famílias assentadas.
Panassolo responde, ainda,
por uma denúncia de crime de submissão de 11 trabalhadores a trabalho escravo.
O MPF pede à Justiça que Ruy
Villar Júnior seja condenado a até 21 anos de prisão e multa pelos crimes de
falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso
e fraude processual.
Para Panassolo o MPF pede à
Justiça a condenação de 32 anos e seis meses de prisão e multa pelos crimes de
uso de documento público falso, fraude processual, ameaça e desmatamento ilegal
de 19 mil hectares.
VEJA OS FATOS – INCRA APURA
ILÍCITOS E AUXILIA MPF COM DADOS PARA AÇÕES PENAIS CONTRA GRILEIROS: No final
do mês de novembro deste ano, a Polícia Federal prendeu o empresário Jevelis
Grey Panassolo, acusado pelo MPF de ameaçar assentados em Rurópolis, no oeste
do Pará, para continuar a explorar ilegalmente área de assentamento. Realizada
no final de novembro por determinação da Justiça Federal em Santarém, a prisão
só foi divulgada na segunda-feira, 5 de dezembro, para preservação de sigilo
processual. Na ocasião, o empresário entrou com pedido de soltura no Tribunal
Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, e estava aguardando decisão.
O MPF, autor do pedido de
prisão, acusa Panassolo e o pecuarista Ruy Villar de Lima Sampaio Júnior de
terem grilado (tomado posse de terra pública por meio de fraudes em documentos)
o imóvel denominado Fazenda Cachoeirinha, em Rurópolis.
O Incra é assistente de
acusação do MPF nas ações penais contra os réus Jevelis Panassolo e Ruy Villar.
Vários setores do órgão atuaram e continuam a trabalhar nesse caso.
A Procuradoria Federal
Especializada (PFE) a serviço do Incra apontou a falsificação de certidão do
órgão, utilizada para obter licença de plano de manejo que incide sobre três
assentamentos em Rurópolis: PDS Novo Mundo, PDS Cupari e PA Paraíso.
A retirada de madeira nessa
área originava diversos conflitos, os quais já tiveram a mediação da Ouvidoria
Agrária Regional e o acompanhamento da Unidade Avançada do Incra em Itaituba.
Atualmente, uma equipe do
Incra realiza vistorias para examinar esse plano de manejo, tendo em vista os
indícios de que fora autorizado com base em falsificação de documento do órgão
e de assinatura de um então superintendente do órgão em Belém (PA).
O relatório dessas vistorias
do Incra pode vir a subsidiar pedido para rever decisão judicial que liberou
esse plano de manejo – apesar de contestação da Secretaria de Estado de Meio
Ambiente e Sustentabilidade -, em ação que tramita na Justiça do Estado do
Pará.
Fato que aconteceu agora,
com a decisão da Justiça Federal de suspender o Plano de Manejo aos acusados.
OPERAÇÃO RIOS VOADORES: O
grupo do pecuarista Antônio José Junqueira Vilela Filho, apontado pelo Ibama e
pelo MPF, como o responsável pelo maior desmatamento já ocorrido na Amazônia,
vendia o gado criado em áreas desmatadas por meio de esquema de lavagem de
dinheiro.
Para tentar enganar a
fiscalização, pouco antes da comercialização o gado criado em área desmatada
era transferido para fazendas regularizadas. A manobra permitia que os
criminosos conseguissem a documentação necessária para fazer a venda a
frigoríficos, denunciou o MPF à Justiça Federal.
As fazendas utilizadas
estavam em nome de “laranjas”, pessoas cujos nomes serviam para ocultar as
identidades dos verdadeiros donos, os integrantes do grupo de Vilela Filho,
também conhecido como AJ Vilela ou Jotinha.
No entanto, a equipe de
investigação da Operação Rios Voadores, que desmontou o esquema criminoso em
junho deste ano, verificou que notas fiscais emitidas por frigoríficos
compradores do gado acabaram sendo registradas em nome de integrantes do grupo.
O uso de “laranjas” como
proprietários das fazendas revendedoras de gado foi comprovado também na
investigação, por meio de diligências e obtenção de documentos.
As investigações também
constataram que uma das fazendas citadas não tinha tamanho nem infraestrutura
suficientes para abrigar as cabeças de gado que, segundo os documentos
fraudados, teriam sido criadas no local.
Para financiar o
desmatamento e demais crimes cometidos, o mandante, AJ Vilela, repassava
recursos para os demais integrantes do grupo por meio de uma empresa de
fachada, a Sociedade Comercial do Rochedo. Também foram encontrados repasses de
recursos feitos a partir das contas bancárias dos participantes do esquema.
IMPACTOS DA GRILAGEM NO
PARÁ: Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental
da Amazônia (Ipam) e do Museu Emílio Goeldi traçou um mapa da grilagem de
terras públicas no Pará, no entorno da área de influência da BR-163, que
engloba os municípios de Pacajá, Anapu, Altamira, Brasil Novo, Medicilândia,
Uruará, Rurópolis, Itaituba, Trairão, Santarém, Marabá, Xinguara, Castelo dos
Sonhos, São Félix do Xingu e Vila Planaltina, para avaliar os impactos
socioambientais da prática e possíveis formas de inibição. O estudo chegou ao
número de 30 milhões de hectares grilados no Estado do Pará.
Segundo o Ipam, existem na
Amazônia basicamente dois tipos de apropriação ilegal de terras: as ocupações
irregulares e as grilagens. As primeiras são caracterizadas por pequenas
extensões onde o posseiro reside e produz através do trabalho familiar, e são
passíveis de regulamentação legal.
Já as grilagens são grandes
áreas, ocupadas por fazendeiros que muitas vezes possuem outras terras, têm
antecedentes de apropriação ilegal, comumente utilizaram métodos violentos
contra pequenos posseiros ou proprietários para se apossar das áreas, e buscam
fraudar ou forjar documentos junto a funcionários do Incra ou a cartórios.
MPF PEDE SUSPENSÃO DE
LICENÇAS PARA GARIMPO EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL NO PARÁ: O Ministério
Público Federal (MPF) pediu à Justiça a imediata paralisação das atividades de
garimpo promovidas por Ruy Barbosa de Mendonça e a suspensão das licenças
ambientais e permissões de lavra garimpeira outorgadas a ele pela secretaria de
Meio Ambiente de Itaituba, no sudoeste do Pará, e pelo Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPM) na Área de Proteção Ambiental Federal (APA) Tapajós.
Na ação, o MPF também pede
que a Justiça Federal condene o município de Itaituba e o DNPM a cancelar as
licenças concedidas a Mendonça. Para o MPF a extração de ouro na APA é ilegal,
já que recursos minerais são bens da União e a extração sem a devida autorização
do órgão fiscalizador constitui dano ao patrimônio da União.
A área ocupada por Mendonça
ilegalmente no interior da APA é de 1 mil hectares. Na formalização dos
procedimentos de licenciamento ambiental, essa área foi desmembrada pelo
responsável do garimpo em área menores, de aproximadamente 50 hectares cada.
Para o MPF, os requerimento
de licenciamento ambiental foram apresentados de forma fracionada para evitar
que a secretaria de Meio Ambiente de Itaituba identificasse que tratava-se de
um mesmo empreendimento e, assim, pudesse dispensar a realização de Estudo de
Impacto Ambiental, dispensa que acabou ocorrendo. “Além disso, desprezou o fato
de se tratar de área inserida em unidade de conservação federal que não possui
plano de manejo florestal e que, portanto, não pode receber atividades dessa
natureza até que sejam definidas áreas de proteção integral e de
desenvolvimento sustentável no interior da unidade”, critica o MPF.
Caso o garimpeiro insista
com extração mineral na APA, o MPF requererá a aplicação de multa diária de R$
50 mil. Mesmo valor que também deverão pagar a secretaria de Meio Ambiente de
Itaituba e o DNPM caso também descumpram a decisão. Com informações do MPF.
Por: Nazareno Santos
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