Ary Vital com a senhora Alzira |
Enquanto isso, num encontro
desses casuais no fim da tarde, de 23/12/2015, na fila do pão e do pastel,
escuto:
- Doutor querido, bom tê-lo
de volta.
Meu silêncio foi cortado com
aquela voz em tons de festa, disparados em minha direção. Então respondi:
- Olá Alzira, é...fui...,
mas voltei...para infelicidades de quem que detesta.
- Que bom!
De forma certeira e com o
sorriso de abre caminhos, ela assim exclamou: “Que bom!”. Nesse dia, não estava
para “bons amigos”, eu estava tão mal-humorado. Dr. House tomava-me conta.
Todos meus “papéis bloqueadores” estavam à flor da pele. Eu só queria comprar
meu pastel e sair da padaria sem ser notado, mas deixei me envolver no canto da
sereia e quando deparei por mim já estava numa maca submetido a uma ventosa
terapia.
- Égua! Alzira o que é isso?
- Meu querido, ventosa
terapia consiste numa massagem com utilização de fogo.
- Fogo?
Pausa: Se tivéssemos
conversando no WhatsApp teria posto aquela carinha amarela de susto com a boca
aberta.
- Sim, fogo querido. É uma
prática milenar desenvolvida na China que busca a cura de problemas crônicos.
Por exemplo, aqui está a central de sentimentos, na altura do diafragma, onde
há o encontro do nervo trigêmeo e da neura coronária.
E eu somente ouvindo aquela
aula sobre corpo humano. E Alzira continuou:
- Há pessoas que apresentam
a chamada espinhela caída. Doutor não gosto desse termo, prefiro tratar o caso
como “sentimentos ocultos” ou “apagados”. No pé, já há uma concentração de
sentimentos e reflexos de órgãos.
Eu:
- Já ouvi isso. O Pé é um
mapa.
Ela:
- Sim, um mapa com pontos de
tensão.
E de repente uma fisgada.
- Ai.
Ela:
Nesse local de dor é o ponto
do medo. Doutor o Senhor tem medo?
Eu:
-Sim vários. Muitas vezes
são tão bobos, em contrapartida coragens absurdas. E quem não tem medo? Ter
medo é bom, porque é sentimento primitivo, instintivo do homem, tão necessário
para sua preservação, autoproteção e evolução da espécie. Se eu não tivesse
medo sairia igual um louco pela rua colocando em risco minha integridade ou
pulando de um penhasco. O medo é necessário para avaliarmos as situações que se
apresentam diariamente. Quem é normal tem medo. Pode crer. Tudo na vida se
baseia num trinômio: percepção, interpretação e decisão diante das situações
rotineiras apresentadas. Não sabemos qual a fera que habita em nós, se é um
leão, um tigre, uma cobra ou uma onça, muitas vezes, somente diante da
emergência concreta que ela se revela.
Alzira disse:
- Muito interessante. Sabe
doutor há 16 anos trabalho com reflexologia. Gosto de dar atenção especial aos
meus pacientes. Quando coloco o cliente na maca, o foco será total nele. Gosto
de gente com sentimentos.
Eu:
- Que bom.
E nesse momento me identifiquei
com Alzira, pois também gosto de gente com sentimentos, inclusive nas nossas
conversas perguntei a ela qual o segredo da felicidade, e sabiamente me
respondeu que é ter um coração limpo. Que o sucesso está no ato de amar o que
se faz, amar a si mesmo e ao próximo. Me disse que se você consegue se amar com
tranqüilidade conseguirá amar o próximo, pois ele é sua extensão.
- Falando em sentimentos,
quero lhe dizer que sou fã de suas crônicas. Aprendo muito, mexe com a gente.
Puro sentimento. Como leitora assídua, quero cobrar a volta das crônicas
semanais. O que foi que houve?
E eu disse:
- Sei lá. Bloqueio. Black
out na minha memória recreativa. Não tive mais vontade e nem tempo.
Ela com aquele sorriso de
abre caminhos me disse:
- Nada doutor. Vamos mexer
com essa memória recreativa. O senhor é puro sentimento, eu sei. A crônica que
mais me diverti foi aquela dos fantasmas. Aquela história foi realmente
verdade?
Eu, ainda na maca lhe disse:
- Encerro de todas elas, que
até já soou como hino “Entre o real e o imaginário, entre a verdade e a
fantasia aqui contada, o que nem eu já mais sei...”. Respondeu sua pergunta?
Então, deixa a fantasia na fantasia. Willian Shakespeare já dizia que “Enquanto
houver um louco, um poeta e um amante haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto
houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança”.
Ela:
- Bonito isso!
Eu:
- Quem sabe eu não escreva
uma crônica sobre tudo isso que eu ouvi hoje aqui: ventosa terapia,
reflexologia, glândulas sebáceas, saco lacrimal, raquidiano, nervos impares,
nervos pares, planta dos pés, tegumento humano, etc.
E quando me vi, estava
repetindo aqueles nomes até então que me eram desconhecidos, os quais acabaram
reativando minha memória emotiva, nascia à crônica da semana.
Ela:
- Quem bom!
Eu:
- Que bom, igual bombom. Ei, Alzira, mas terei que
explicar esses termos, já foi um sacrifício eu memorizar imagine discorrer
sobre.
Ela:
- Deixa comigo! Quando me
perguntarem eu explico.
Eu:
- Deixa eu explicar só dois,
porque o povo é maldoso. Malda e como malda. Pois bem, saco lacrimal é um
reservatório cilíndrico, de grande eixo vertical, alojado na goteira lacrimal,
formada pelo osso lacrimal e pelo processo frontal da maxila.
Ela:
- Muito bem.
Eu:
- Raquidianos são os nervos
que saem da medula espinhal e, conseqüentemente da coluna vertebral.
Ela:
- Correto!
Eu:
- Que bom!
Então é isso aí. Alzira dos
Santos Silva te eternizo numa das crônicas semanais.
E finalizando, com o peito
em festa e um sorriso de abre caminhos, entre o real e o imaginário, entre a
verdade e a fantasia aqui contada, o que nem eu já mais sei, encerro a crônica
da semana. Um beijo à todos, fiquem com Deus e até ano que vem. Ariosnaldo da
Silva Vital Filho.
Em tempo: Alzira, sempre há
tempo para recomeço. Então também te dedico esta linda mensagem, dotada de uma
sabedoria imensa, que li um tempo atrás: “Muitas vezes Deus se cala... Mas o
silêncio de Deus não significa que Ele desistiu de você... Sua Palavra diz que
quando Ele fica em silêncio é porque está trabalhando... e é lógico...
trabalhando em favor daqueles a quem Ele ama... E ELE TE AMA!!! Portanto se
você está passando pelo silêncio de Deus... Ele te diz: Não temas! Eu sou
contigo, Eu te Amo. Paz sempre! (Fernanda Coelho Dias)”
Veja também no site www.sempolemica.com essas e outras crônicas do autor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário