Eram 16hs, do dia
07/09/2015, quando saí da delegacia de Rurópolis e caminhando peguei a Av.
brigadeiro Haroldo Veloso, próximo à praça da Bíblia, bairro Centro, quando me
vi estava ladeado de tantos alunos, tantos professores, tantos amigos.
Pois é, estava no meio de
uma fanfarra. Quando eu ouvi alguém gesticular e dizer assim:
- Doutor seu lugar não é
aqui, é lá no palanque, em frente à arquibancada. Espere lá o desfile passar.
Também fazendo gestos, em razão
da grande muvuca, perguntei:
- Por que?
Responderam gesticulando:
- Por que o senhor é uma
autoridade.
E eu abri as mãos e disse:
- E daí?
Falaram, apontando para o
horizonte:
- Tem que estar lá.
Eu até que já estava indo,
mas os beijos, os abraços, o carinho popular e a enxurrada de “Selfies”
acabaram fazendo me perder no tempo. Já dobrava a Av. Brasil quando uma galera
da banda de Divinópolis me chamou para um “retrato”.
- Doutor, queremos uma foto
com o senhor.
Então eu disse:
- Vamos nessa!
E foram várias, o legal que
os componentes da fanfarra estavam de preto e jeans. Simples, lindos e
imensuravelmente simpáticos. Eu me identifiquei e não entendi os motivos até
então, somente depois de um tempo vi, que eu estava de preto iguais a eles.
Pronto, não quis mais largá-los.
- Como é seu nome?
- Letícia Righini, mas já
nos conhecemos doutor.
Espantado perguntei:
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- De onde?
- Ora, do facebook, mas
somente hoje no dia do desfile de 7 de Setembro que tive a oportunidade de
conhecê-lo pessoalmente.
Eu:
- Que bom fico feliz pela
sua gentileza e consideração.
Letícia:
- Vou lhe apresentar a nossa
banda.
Eu:
- Tá bom.
Letícia:
- Somos da Comunidade de
Divinópolis e a banda é composta por alunos que estudam nas escolas de
Divinópolis, na Cristina Pinto e no Sistema Modular de ensino (Some).
Eu:
- Parabéns. Vocês estão
sensacionais, já me ganharam. Aliás você foram as únicas que tiveram a
iniciativa de me chamar para uma “Selfie” e trazer um pouco de alegria para
mim, eu já estava indo embora não sou muito fã de folia, celebrações, festas,
nada.
E já me despedindo, os
alunos vieram me seguraram pela mão e me arrastaram de novo para eu ver um
aquecimento da banda.
Alunos:
- Gostou doutor.
Eu:
-Muito, mas me expliquem o
que é necessário para fazer parte de uma fanfarra?
Alunos:
- Bem, são requisitos a
disponibilidade de tempo e a vontade de tocar ou representar de alguma forma
uma fanfarra. Entretanto, há dificuldades, pois há muitos jovens que querem
participar, mas há uma carência de instrumentos, então, fica inviável ter mais de
25 alunos como componentes.
Eu:
- Hum. Temos que pensar um
jeito de resolver isso, e incluir mais gente. E o que é uma fanfarra?
Quando eu fiz essa pergunta
foi um ti-ti-ti, até que um aluno me veio com uma resposta
Aluno:
- Delegado, fanfarra é quando
há dois ou três instrumentos de percussão.
Eu:
- E quem toca numa fanfarra
é um fanfarrão?
Fiz uma pergunta tão séria e
me levaram no pagode. Acreditem não me responderam e até agora não sei.
Alunos:
- Sério doutor, o senhor não
sabe?
Eu:
- Não.
E eles riram muito de mim.
Alunos:
- Mas doutor, o senhor não
sabe mesmo? Como não? A final o senhor é um doutor.
Eu:
- E vocês um fanfarrões.
Pronto. Me senti no filme
Tropa de Elite. E vocês acreditam que eles não me disseram. Sa-ca-na-gem com a
cara da Autoridade, mas, bem feito, bem que eu poderia estar no palanque.
Alunos:
- Doutor, queremos mais
fotos.
Eu:
- Bora lá.
Alunos:
- Doutor, nós queremos ver o
senhor nos assistindo.
E já com o coração vestido
de jeans, brilhando com as cores pretas e amarelas, tinha como ir para casa?
Mesmo atrasado, eu fui para arquibancada. Perdi o hasteamento das bandeiras, a
chamada para composição do palanque, etc. Sou assim mesmo, não vivo pela metade,
nem procuro agradar, procuro ser livre e agir conforme minhas convicções e meus
modos. Ninguém me ensinou a ser diferente.
Quanto ao desfile de 7 de
Setembro de 2015 foi sensacional. Foi de encontros e desencontros. Foi
histórico, colorido, politemático, consciente, emocionante, ao mesmo tempo
simples e intenso como a vida da gente. Tive uma vontade arrebatadora de
quebrar todo o protocolo e sair marchando com eles, principalmente, quando vi o
grupo dos Jovens para Sempre, a ala dos protetores da natureza, do
descobrimento do Brasil, do incentivo a leitura (me deu vontade de roubar um
lápis gigante daquele), dos contos infantis e da consciência as normas de
trânsito, onde foram ali eternizados a memória de amigos com suas imagens em
banner vítimas de acidentes, além das fanfarras. Lembre-me de quando tinha essa
idade e marchava sem dar muita importância para o significado dos temas
apresentados, minha única preocupação era ganhar 1 ponto na disciplina que eu
estava pendurado, geralmente, matemática. Será que até hoje é assim?
E a banda de Divinópolis passou...
Todas as bandas estavam lindas, sem exceção, mas meu coração já estava vestindo
preto e amarelo. Críticas sempre irão existir, sejam elas construtivas ou
destrutivas, tudo depende da boca de quem sai, estas principalmente, se for de
bocas de almas sebosas para essas somente temos que desejar muita oração e luz,
usando a melhor arma que nós temos: o sorriso.
A semana passou numa
velocidade de 100km/h, também começou numa terça-feira com cara de segunda e já
deixando um convite para assistir a banda de Divinópolis se apresentar no
próximo mês nos jogos internos da escola do Distrito. Sem exceção, a todas as
bandas de Rurópolis eu desejo sucesso e vida longa, pois, sei das inúmeras
dificuldades, mas é com elas que a gente cresce e se destaca. Temos muitas
coisas em comum, dentre elas a arte de criar e se recriar, quantas vezes forem
necessárias, sem derramar uma lágrima, mas se for para chorar que então seja de
alegria.
E finalizando:
Entre o real e o imaginário,
entre fanfarras e fanfarrões, a verdade e a fantasia aqui contada, o que nem eu
já sei mais, encerro a crônica da semana. Um abraço carinhoso à todos, fiquem
com Deus e até semana que vem. Ariosnaldo da Silva Vital Filho.
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