sexta-feira, 7 de agosto de 2015

CRÔNICA DA SEMANA: CAMINHOS DO CORAÇÃO

Doutor Ary, com seus padrinhos e prima
Os padrinhos
PADRINHO: Palavra que deriva do latim Patrinum, que significa PAI ou DEFENSOR. Há muito tempo, dentro de um contexto histórico, a figura do padrinho surgiu, não somente com intuito religioso, mas em razão das instabilidades de guerras e mortes dos pais e com isso, por vontades dos mesmos em vida, delegava-se os cuidados dos filhos para alguém de confiança capaz de preservar e educar a criança. PADRINHOS e MADRINHAS são pais e mães espirituais, os quais possuem como obrigação moral de auxiliar os seus apadrinhados na condução dos problemas e na caminhada da fé Cristã.

Falar de meus padrinhos, sejam eles de Batismo ou de Crisma sempre me emociona, pois, tive os melhores. Minha madrinha de Batismo, Aída Soares, em 2002 fez a grande viagem, me deixando grandes ensinamentos, dentre eles TER FÉ sempre. Meu padrinho, Ariosvaldo Vital, queridos de muitos em Rurópolis, Dr. Vital, ainda me é presente, mesmo longe, mantendo contato via redes sociais. Também, pessoa da melhor qualidade, me socorreu por várias vezes durante minhas crises asmáticas, principalmente, quando criança.

Quanto aos meus Padrinhos de Crisma, ninguém os escolheu por mim. O ato foi exclusivamente meu, no momento que tive que preencher a ficha de indicação para levá-la à Secretaria da Igreja.

- Meu filho não é assim. Só colocar o nome.

Falou minha mãe.

- O que eu tenho que fazer? Não é só preencher esses quadradinhos com o nome do padrinho?

Perguntei na minha santa ignorância, típica de um rapazinho de 15 anos.

- Não. Ligue para Santarém e pergunte a ele se aceita.

- Vou ligar.

E liguei.

- Everaldo, aceita ser meu padrinho de Crisma?

- Aceito.

Ele aceitou, sem qualquer obstáculo e no dia da Crisma, ele estava do meu lado no banco da Igreja. Os laços familiares e de amizade se aprofundaram entre os compadres Belenenses e Santarenos e tenho a certeza, que me perdoem os demais, que são os compadres que papai mais adora e com eles se diverte. Certamente, minha madrinha santarena de batismo, lá nas estrelas, deve ter aplaudido a escolha. Com o passar dos anos, em certo dia, outro telefonema: VEJA A MATÉRIA COMPLETA CLICANDO ABAIXO.







- Padrinhos, minha festa de formatura será em janeiro de 2001, estão convidados, vocês poderão participar?

- Sim.

E mais uma vez, nada de objeções. Os anos se passaram... E no ano de 2008, outro telefonema, desta vez, falei com a Madrinha Luziete.

- Madrina, passei no concurso da Polícia Civil. Fui lotado em Rurópolis, não sei nem onde fica este município, somente sei que devo ir para Santarém. Chego aí dia 20 de Fevereiro.


Ela:

- Mas, 20 de Fevereiro não era o aniversário da Aída Soares?

Eu:

- Era. O presente que ele me enviou lá das estrelas.

Luziete:

- Estamos te aguardando. Iremos te buscar no Aeroporto.

E foi assim...



E o tempo passou, nunca perdemos o contato, eu que sou meio fujão deles quando vou à Santarém, até que no início do mês de Julho, fui visitá-los e Luziete me disse:

- Olha, dia 01 de Agosto lá no Centro Recreativo, teremos uma festa em comemoração aos 80 anos do teu Padrinho, vamos te aguardar. 

E na noite de 01 de Agosto, embora todos os atropelos ocorridos durante a semana, até um abismo no meio do caminho, que quase acaba com tudo, mas ainda não era hora, eu consegui chegar lá, inclusive com a missão de me tornar um príncipe e escrever a crônica da semana:


- Hamilton, eu preciso contar a história dos padrinhos.

- Arizinho, fica quieto! Vou contar durante a festa.

- Me conta logo, preciso me inspirar para escrever a crônica.

Ninguém me dava bola.

- Madrinha me conta um pouco da história de vocês.


- Fala com Hamilton.

- Hamilton, Luziete mandou falar contigo.

- Faz assim, depois que eu contar durante a festa, prometo que te entrego por escrito.

- Será?

- Claro, pode confiar.

- Então tá fechado.

E foram muitos fatos e fotos narrados por Hamilton Diniz. Lembranças de lugares e pessoas se misturavam entre o real e o imaginário ali mesmo, naquela festa. Caminhos do coração de uma longa trajetória de vida foram reabertos diante de nós nobres expectadores que pudemos assistir e nos reconhecer em alguns trechos desse trajeto de uma história apaixonante.
 É, tudo que eu precisava saber da vida de Luziete e Everaldo Diniz estava ali, ao alcance de todos, transbordando nos olhos destes meus queridos padrinhos,  de forma tão límpida, clara, segura e corajosa tal como um valente marinheiro que conduz o navio, às vezes enfrentando ventos fortes, mares agitados, tempestades e tormentas, até o seu destino, mas certo no coração que haverá um ensolarado final feliz. 

E tudo isso estava ali, traduzido nas narrativas de Hamilton, contada em verso, prosa, poesia, conto, crônica ou memórias dosadas com amor, lutas, paixões, lágrimas e superações.    


Como uma criança boba eu disse:

- Pai, olha a gente lá no vídeo, eu, você e a mamãe na minha festa de colação de grau.

- Estou vendo meu filho, estais vendo como teus padrinhos te amam.

E o vídeo terminou, contudo, as imagens e a trilha sonora ainda permanecem vivas na minha memória. Perfeito!

De repente, Hamilton se aproximou e disse:

- Abre a mão. Tá aqui o que te prometi.

Muito feliz, falei.


- A história dos padrinhos.

Ele:

- É. Não te prometi?

Eu:

- Sim. E fiz de meu bolso um relicário e a guardei a noite inteira.

Mas como posso fazer uma crônica se já estava tudo ali? Nada poderia ser mudado, eu não faria melhor, então, somente me resta transcrever a vocês alguns trechos das páginas da vida de Everaldo e Luziete que Hamilton nos narrou naquela noite, tomado pela emoção.

“Falar do meu pai não é fácil, escolher passagens de uma vida para apresentar em poucas linhas de um texto, mas o critério que me orientou a seleção foi dado por uma característica própria de meu pai, da vida, como marido, pai, avô, tio, amigo e ressalto que ele soube ser cordial no sentido positivo do termo, uma pessoa alegre e, sobretudo, capaz de tecer muitos laços de amizade e de simpatia. Os problemas, as brigas não aprecem ter deixado marcas ou marcas continuadas. É claro, conforme próprios ciclos da vida, os contatos com os membros da grande rede que ele foi tecendo se reduziram com frequência, por vezes, em intensidade, de modo que se tornaram constantes com os que lhe são mais próximos, porém, suas características pessoais permanecem, com quem ele conviveu e convive, com quem compartilhou momentos de alegrias e tristezas, por isso, finalmente, este momento é de agradecer a Deus por essa verdadeira Graça: Comemorar os 80 anos de meu pai, essa celebração é um privilégio nestes tempos complicados.


Everaldo Gomes Diniz, um homem de muitos amigos. Um homem de exemplo e de muita coragem e respeito por todos. Um homem ímpar, nasceu em 28/07/1935, portanto 80 anos atrás, ele nasceu em um lugar muito bonito chamado São João, Município de Santarémk, filho de Luis Felipe Diniz e Jerônima Gomes Diniz, o segundo numa família de 7 irmãos: Raimundo Walter (In memoriam), Manoel Jerônimo, Alair Diniz, Nazaré Diniz e Tereza Cristina, onde ali ficou até completar 5 anos, depois foi para o Igarapés das fazendas, localizado no município de Juruti, onde estudou e teve como primeira professora a Sra., Amazonita. Em, 1946, foi para Santarém, onde passou estudar com as ilustres professoras Sofia Imbiriba e Hilda Mota. Por fim, foi para GDA, onde estudou até 1953, porém, teve que retornar ao Lago Grande (São João) para trabalhar com seu pai e lá fez de tudo um pouco: pescava, caçava, namorava muito (segundo os amigos) e era um eficiente jogador do flamengo, naquela época ainda existia o ponta esquerda.

Desde Jovem, com a vocação para pecuária, ele negociava, comprava gado e realizava outras atividades. Abriu um pequeno comércio no Preguiça para comercializar peixe, comércio este conhecido como Igarapé de Salga, passando neste ramo quatro temporadas. Viveu momentos marcantes como no ano de 1953, quando vivenciou a maior cheia da Região Norte e com muito esforço ao lado de seu pai e irmãos, conseguiu salvar o pequeno rebanho de gado existente na fazenda São João.

Seu Pai Luiz Diniz embarcou numa nova missão: Tentar a vida no ramo da navegação e nem imaginava que seria o seu futuro, o qual hoje atravessa gerações. Começou fazer linha de Piraquara para Santarém no B/M Nacional e depois compraram o Líder, trabalhou algum tempo e em 1969, não teve jeito, pois, não resistiu aos encantos daquela cabocla do Ariri, casando-se com Luziete e com ela teve três filhos Hamilton, Hilton e Eveniz. Sempre trabalhador e com esta família montou um comércio lá no Mangal, onde moraram por 5 anos, uma das épocas mais bonitas de sua vida, e lá se passaram várias pessoas de diferentes época, como um caboclo nato 
aprendemos com ele a lidar com as dificuldades da vida no campo e levamos conosco para o resto da vida e ao nosso tio Adil que muito ajudou nessa jornada no Mangal. Precisávamos estudar e em 1975, preocupado com o futuro de seus filhos, Everaldo veio morar em Santarém e com seu pai Luiz Diniz, o seu grande professor com um espírito para os altíssimos negócios (coisas de Portugueses) caminhou para uma nova rota, viajar para Itaituba com uma nova embarcação O Líder, nessa época viu de perto o grande ciclo do Ouro, onde cm muita luta sentiu que já era hora de tomar um novo rumo mais audacioso e juntamente com seu irmão Alair Diniz compraram de sociedade sua primeira embarcação O LEÃO e a partir de então constituíram uma empresa de navegação, empresa Diniz, solidificada com muito trabalho e dedicação.


A vida desse homem estava a mil, sem problemas e ele esqueceu que ela tinha que ser cuidada, então veio um aviso. E por volta de 1984 a 1986, veio o sinal que meu pai estaria com algum problema sério de saúde e após vários exames ficou diagnosticado uma doença grave: Agiona de Nascimento. Foram os piores anos de toda sua vida e um médico amigo Dr., Rogério recomendou que ele fosse imediatamente para São Paulo. Para nossa família foi uma fase horrível, pois, um homem que sempre teve muito vigor encontrava-se naquela situação. A fé falou mais alta e ele fez uma cirurgia de alto risco. Eu, minha mãe, meu tio Alair e a prima Ida Soares o acompanhávamos diretamente. Vocês nem imaginam o tormento que passamos. A estas pessoas um muito obrigado.


Passado esse momento difícil, feliz pela graça alcançada, meu pai até hoje continua firme, comandando tudo o que construiu, com seriedade de sempre. Ele é um homem simples que nunca esqueceu suas raízes e mantem viva até os dias de hoje, dona da coragem e da força, estas virtudes de um verdadeiro homem que sabe compreender os passos da vida e a maneira certa para ensinar o que é viver.  Que sua coragem e força se tornem cada vez mais imensas. Não podemos lhe oferecer muito, mas a simplicidade do nosso nada, te ofereço minhas orações para que o senhor. Deus esteja sempre presente e que hoje temos o prazer de desfrutar ao seu lado, o privilégio de tê-lo como pai, que todas as benções do pai sejam derramadas nesta data, especialmente sua. Sabemos que a vida é efêmera, mas que nunca tomou conhecimento dessa passagem, vivendo intensamente cada momento, e hoje pai nós só temos que agradecer por tudo que nos proporcionaste nessa vida. Seus ensinamentos serão eternos, seu aniversário jamais será esquecido, onde eu estiver estarei orando por ti e pela sua felicidade, agradecendo pela sua presença que somente nos traz alegrias. Parabéns Pai e Feliz Aniversário.”

Diante desses fatos, tem como deixá-la de fora de uma crônica? Jamais, seria uma falha irreparável deste afilhado. Foi uma noite memorável. Percebi que meus padrinhos dançam com a vida de rosto colado, como eles até então, somente conheço uma pessoa assim: meu pai.

História inspiradora para qualquer um. A maturidade permite-nos aprender a bailar. Um dia sei que vai ter uma festa em que vou dançar até o sapato pedir para parar. Aí eu paro, tiro o sapato e danço o resto da vida. Né, Denise Vital? Aprendi contigo.

E como sempre, a vida se renova. Hoje também sou Padrinho duas vezes de Batismo e uma de Casamento. Quem diria! Espero que eu esteja correspondendo às escolhas e predileções dispensadas a mim.



E chegamos mais um final. Gosto de finais, eles são tão importantes para as grandes continuações. Foram tantos acontecimentos na última semana de julho: correria, dentes quebrados, crise asmática e de nervos, sistema inoperante, acúmulo de funções, mudanças, muitas mudanças e mais mudanças. Até Ela com sua foice quis me levar, somente deu tempo para olhar o abismo e dizer: Seja feita a Vossa Vontade e Deus e os anjos pegaram a caneta e mudaram todo o enredo da trama, me levando para o lado de meus padrinhos, meu pai, parentes e familiares, num bela festa de puro chiquê com tantos encontros e reencontros.



Meus Padrinhos Luziete e Everaldo Diniz, desejo a vocês todas as alegrias e realizações possíveis e com esta crônica é a forma que encontrei de parabenizá-los pela história de vida e eternizá-los em meu livro. Deus ilumine sempre seus caminhos de chão, de sol, mar, rio, ar ou do coração.

E finalizando:

 Entre o real e o imaginário, entre padrinhos e madrinhas, reis e rainhas, príncipes e plebeus, entre a verdade e a fantasia aqui contada, o que nem eu já sei mais, encerro a crônica da semana. Um beijo à todos, fiquem com Deus e até semana que vem. Ah, Benção Padrinhos. Ariosnaldo da Silva Vital Filho.










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