sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

CRÔNICA DA SEMANA: DEUZINHO SENA

Deuzinho Sena


- Ei, Senhor o que estais vendendo? Perguntei
- Polpa de Fruta.
- Quais? Perguntei
- No momento, só tenho de goiaba e de acerola. O senhor vai querer? Ele me indagou.
- Não, gosto de Muruci. Respondi
- Não seja por isso, vou buscar lá em casa para o senhor.
- Calma, não precisa pressa. Traga para mim segunda-feira.
- Ok, delegado. Eu trago. O senhor é o delegado não? Perguntou-me
- Sou, como o senhor sabe? Eu indaguei aquele senhor, pois nunca o tinha visto.
- Sei, porque tinha a informação que o senhor anda de roupa-preta e de óculos escuro.
- Hummm. Pensativo, murmurei e só comigo percebi que realmente não nos conhecíamos.
- Promessa? Ele perguntou.
- Não. TOC mesmo. Respondi, mas ele não entendeu.
- Qual seu nome? Perguntei.
- Deuzinho Senna, mas, o senhor é ou não é nosso delegado de Rurópolis.
Num instante que quase não pára, fiquei pensando... Pensando... Pensando... Até porque ainda não escrevi o final da minha saga nesta cidade. Eu estava meio perdido pelo cansaço, principalmente, quando a gente chega para trabalhar e encontra um buraco no teto.
- Ei. Doutor. O Senhor não me respondeu.
- Sou. Por quê?
Deuzinho e suas polpas
Com um ar de alegria e um sorriso iluminado, ele disse: Eu sábia! Prazer em conhecê-lo. Ouvia sempre falar e passava sempre e lhe via.
- Bem ou mal? Perguntei.
- Bem. Ele respondeu.
- Hummm, Tá! Pensei com meus botões. Logo eu que sou polêmico pra caramba. Como disse uma vez um amigo da universidade para mim quando pegaram nosso grupo de surpresa na exposição de um trabalho: “Você é um curinga”. A priori não entendi, depois fui buscar o significado do curinga nas cartas de baralho. Já se passaram anos e até hoje não sei se era um elogio ou ironia de meus colegas. Herói ou um vilão? Sei lá, não jogo baralho e muito menos tenho aquela cara horrível do vilão dos filmes do Batmam. Voltando ao diálogo (esta minha mania de fazer observações).
- E o seu nome é Deuzinho mesmo? Ou é apelido? Perguntei.
- Não, foi apelido dado pela minha avó e Sena era do meu avô. Ele respondeu. Sabe doutor, nesses anos todos de minha vida, somente entrei uma vez na delegacia para pedir um atestado de boa conduta e isto aconteceu lá por 1979 quando chegue de Barra da Corda/Ma e fui residir num lote Rural da vicinal da Niceia. Lembro exatamente que entrei naquele lote em 06/12/1979, posteriormente, no ano de 82 fomos assentados pelo Incra. Tenho 07 filhos. 03 homens e 04 mulheres. Graças a Deus todos vivos. Sou casado com Luzia Lucena Ferreira. Trabalhei na agricultura e hoje sou aposentado. Doutor, para não ficar parado vendo minhas hortaliças e minhas poupas. Bom mesmo é estar em movimento, ver gente.
Quando percebemos, já estávamos dentro da delegacia, sentados e conversando. Nunca escondi de ninguém gosto de histórias. Gosto de gente, principalmente, quando estas pessoas me deixam folhear suas páginas da vida. E ele nem reparou que já estávamos dentro da delegacia. Certamente, um dia contará a seus netos e amigos ou ao próximo delegado de Rurópolis que entrou na delegacia apenas duas vezes na vida: uma para pedir um atestado de boa conduta e a outra como amigo do delegado que quis ouvir sua história.
- Mas, Sr. Deuzinho. Posso lhe eternizar num conto para o blog? Internet? Perguntei.
(Silêncio) Agora era ele que estava num instante que não parava.
- Hum?
- Sim. Respondeu
- Que bom. O senhor era o personagem que estava esperando para esta sexta-feira. Sabe Deuzinho, para muitos sou meio louco, pois sou daqueles que conversam com o Sol, com a Lua, com a natureza, com o universo e antes do senhor aparecer eu pensei comigo “Cadê meu conto da semana?”. “Ei dona inspiração para onde fostes que não consegui ver meu personagem”. E o senhor apareceu. Obrigado.

- Tá bom doutor. Segunda-feira lhe trago suas poupas.
E já pegando o seu carrinho e saindo pelas ruas de Rurópolis. Eu saio na porta e pergunto: - Ei Seu Deuzinho, mas qual é o seu nome?
- Com um sorriso no rosto me respondeu: José Ferreira Neto, mas, todos somente me conhecem com Deuzinho.
- Assim sempre o será.
E em silêncio, ao escrever o final deste conto ou crônica, já nem mais sei. Entre o real e o imaginário. Novamente repito: “Assim, ele sempre o será”.
“Amigo Deuzinho, te desejo um caminho iluminado e cheio de alegrias. Que Deus te proteja sempre, abençoe sua família e suas vendas. Obrigado pela história. Grande abraço fraterno”
Nota:
De acordo com nossas investigações, descobrimos que o curinga é uma peça chave que muda a história num jogo de baralho de forma favorável a quem o tem.
- Hummmmm. KKKKKKKK.

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