sábado, 16 de fevereiro de 2013

PRATAS DA CASA, COM O DOUTOR PLINIO TSUJI BARROS

Doutor Plinio Tsuji Barros
Defensor Público
Hoje estamos lançando a primeira matéria do PRATAS DA CASA. Como prometemos vamos conhecer um pouco da vida, estórias e causos do jovem e atuante na vida do nosso município, Doutor Plinio Tsuji Barros, digno titular da Defensoria Pública.

Meu nome é Plinio Tsuji Barros, nascido na cidade de Santarém, (haja vista, naquele tempo não haver uma boa estrutura médica  hospitalar e as pessoas, para uma melhor segurança, se dirigiam àquela cidade), aos 30 de agosto de 1978, filho de Antônio Gilberto Ferreira de Barros e Catarina Tsuji Barros, viveu parte de sua infância na cidade de Rurópolis, onde fez a alfabetização na Escola Adventista e o ensino fundamental na  Escola Estadual de 1º e 2º Governador Eurico Valle. Já com a idade de doze anos, foi estudar na cidade de Castanhal – Pará, onde ficou interno na Escola Agro técnica Federal de Castanhal, pelo período de três anos, quando se formou no ensino médio e saiu também com formação do curso de técnico em agropecuária. VEJA O RESTANTE DA MATÉRIA CLICANDO ABAIXO

Estória do internato: Na escola Técnica, na primeira semana, teve um colega no refeitório, café da manhã, quando da distribuição, que é servido um pão com o café,  ele pediu “dois pão”. Foi uma gozação geral no refeitório e ele ficou com o apelido de “dois pão”, por todo o período do curso. Lá tinha uma escala, era uma fila onde entrava o pessoal do primeiro, do segundo e do terceiro ano no refeitório, aí você terminava a refeição, tinha atividades, eram divididos. Por exemplo, o pessoal do primeiro ano era dividido em quatro turmas, que era a turma A, B, C e D. Aí as turmas A e B, pela manhã ficavam no campo; as turmas C e D, pela manhã, ficavam no período escolar, do ensino médio, ficavam no período de aula e no período da tarde, invertia, quem estava no campo ia para a sala de aula e quem estava na sala de aula ia para o campo. Lá você tinha a atividade escolar e a atividade de campo. Nas atividades de campo, você tinha uma semana, você trabalhava em setores da agricultura, e na outra semana, no setor de pecuária. No primeiro ano, você trabalhava com culturas pequenas, ou seja, com hortaliças. No segundo ano, você já trabalhava com culturas médias: plantio de mandioca, milho, arroz e já no terceiro ano, você tinha as grandes culturas, culturas perenes. Já ao contrário, na pecuária você tinha atividades na avicultura, trabalhando com aves, você trabalhava também na piscicultura (peixe) e também  tinha a apicultura que fazia a produção do mel. No segundo ano, você já trabalhava com animais de médio porte. Lá tinha suinocultura, que é trabalhar com suínos, e no terceiro ano você trabalhava com bovino, bovinocultura, trabalhava com gado. Lá só tinha gado confinado. E você tinha também as aulas práticas. Você tinha que desenvolver. Você tinha a aula teórica de uma hora e meia, e depois você tinha as aulas práticas em campo. Aí tinha que desenvolver, tinha que aprender  o que você desenvolveu na teoria, tinha que demonstrar na prática. Plantio, adubagem, a questão de irrigação, você limpar as baias, tinha que fazer as aplicações de vermífugos nos animais, fazer pequenas cirurgias acompanhadas de veterinários. Lembro de uma situação já no terceiro ano, que era muito difícil o curso de...era um seleção de que faziam, só iam os melhores alunos, para fazer o curso de inseminação artificial, e eu consegui fazer o referido curso. Aí você fica todo sujo,  todo melado de merda, e achava aquilo o máximo. Ia para frente da escola, todo melado, e o pessoal ficavam gargalhando, vendo nós todo melado de merda e se achando o máximo porque estávamos fazendo o curso de inseminação artificial. Lembro também muito, das vezes, não era todo o final de semana que ia para Santa Isabel. Como não tinha muita atividade, muitas vezes ficava sentado na frente da escola vendo os carros passar, ficava naquela brincadeira de conferir carro. Nesse período que comecei a jogar vôlei, lá tinha uma quadra de areia, e toda noite brincávamos vôlei, já que não tinha atividade para fazer à noite, parado, interno, sem opções, o jeito era brincar vôlei. As vezes basquetes ou futebol, assim passávamos o tempo. Quanto tinha um tempo melhor, na sexta-feira ia para casa de minha tia Junko em Santa Isabel. Ia para a BR, pegava uma carona, lembro que é mais ou menos uma hora de viagem de Castanhal para Santa Isabel, aí ficava o final de semana. Na segunda-feira, seis da manhã já ia novamente para a BR para pegar carona para poder voltar, que oito horas já teria que estar na escola, para começar as atividades. Foi um período bom, uma época boa, foi um aprendizado. Era interno e com isso conseguimos grandes experiências, pois fazemos amizades com pessoas de vários municípios. Ali tem uma convergência de vários locais, com alunos de várias localidades, como Santarém, dessa região oeste vai de Santarém, Monte Alegre, Rurópolis, aí pega o pessoal da Zona Bragantina, Bragança, Mocajuba, Maracanã, Curuçá, muita gente daquela região. Tinha até um caso, que o pessoal falava, que se um dia encontrasse uma cara de Mocajuba bonito, poderia destacar, pois ali só tinha caboclo feio. Cada um mais feio que o outro é o pessoal de Mocajuba. Lá tinha uma hierarquia, você tinha que obedecer uma hierarquia lá. Quem mandava era o pessoal do terceiro ano, os veteranos, já estavam se formando e eles que comandavam. Quando o pessoal do terceiro ano definiam, os calouros tinham que obedecer. Tinha uma atividade, que nos chamávamos de minitoria. O terceiro ano, ele auxiliava o professor de campo nas atividades. Quando era aula teórica, quem ficava tomando conta dos calouros, era o monitor, que era uma pessoa do terceiro ano. Ele que definia as atividades: Olha, você vai para tal setor, você para tal setor, você vai ficar fazendo isso e na época lá como tinha, um pessoal de terceiro ano aqui de Rurópolis, eles davam uma força para quem era de sua cidade. Naquela época, tinha meu primo Renato e o Negão, que faziam o terceiro ano, e sempre pediam para o pessoal maneirar com o pessoal de Rurópolis. Com isso, não pegávamos em atividades pesadas, sempre os monitores nos encaminhavam para os setores tranquilos. Pois lá você tinha que trabalhar, se você não trabalhasse, você não tinha direito ao almoço, ou a janta. O interno era assim, quem não trabalhasse não tinha direito a alimentação. Você tinha uma ficha de avaliação, que o monitor entregava para o professor, dizendo que você tinha desenvolvido as atividades, se não tivesse desenvolvido, não tinha direito a alimentação. La nas atividades do internato, lembro que passávamos muitas dificuldades, tudo era escarço, você tinha a quantia exata da alimentação. Em cima disso, tem muitas estórias. Como lá tem vários tanques de piscicultura,  o pessoal ia lá para pegar peixe e iam para os alojamentos, os alojamentos eram feitos com piso de taco, o pessoal fazia a fogueira com os tacos do piso e assava os peixes. Ali era sobrevivência mesmo. Tinha que ter cuidado, como era em uma faixa de duzentos e poucos internos, é muita gente, você teria que ter cuidado com a sua roupa, pois se vacilasse, você seria roubado mesmo. Teria que muito cuidado, cuidado redobrado, senão seria roubado. Os armários todos eram no cadeado e mesmo assim muitas vezes o pessoal arrombava os armários. Tinha uns colegas que era do meu alojamento, eles eram de Mãe do Rio. Tinha um moreninho, ele gostava sempre de levar uma bolachas e deixava no armário. Quando ele chegava, não dava meia hora o pessoal arrombava o armário dele e comiam todas as bolachas do coitado. Ali era complicado. Essa foi minha formação profissional na escola agrícola. Terminado o nível médio, eu quis fazer algo que seguisse na área da agropecuária, tentei vestibular, na época era a Faculdade Agrária Federal do Pará, em Belém. Eu tentei o curso de veterinária, fiz vestibular para veterinária. Eu não tinha uma formação média, preparada para o vestibular, era um curso técnico, a formação era uma formação profissional, aí não passei no vestibular de medicina veterinária. Eu tinha um colega, como eu ia todo final de semana para Santa Isabel, que ele falou, fez a proposta para mim não parar e não começar logo a trabalhar, pois a minha intenção era logo trabalhar como técnico em agropecuária. O colega me perguntou: Porque você não aproveita a oportunidade e faz um cursinho, eu consigo uma bolsa para você de 50%, você paga só a metade? E ele conseguiu uma bolsa e eu fui fazer o pré-vestibular. Um ano de cursinho em Belém, na escola Cearense. Como eu já tinha terminado, eu conversei com a minha tia e perguntei se poderia ficar morando ali em Santa Isabel. Ela não se opôs, deixou, e todo o dia eu viajava de Santa Isabel para Belém, que tem um percurso de mais ou menos quarenta e cinco minutos e toda vez eu ia e voltava. Estudava à tarde, ia de ônibus e voltava de ônibus. Lá tinha uma Associação Estudantil, que eles davam a meia passagem. Você tinha direito a um vale que lhe dava o direito de pagar apenas meia passagem. Isso me ajudou muito, e foi um ano assim, fazendo o cursinho. Terminado o cursinho, eu tentei, já com outra visão, fazer o vestibular na área de ciências humanas, escolhi o curso de direito, aí tentei o vestibular na Universidade Federal do Pará. Na época a concorrência era muito grande, era um dos cursos mais concorridos, só perdia para a medicina em termo de concorrência, números vaga. Com a minha pontuação na época, eu passaria em qualquer outro curso da área de humanas, mas para direito eu não consegui. Inclusive se eu tivesse feito na época para Santarém, eu teria passado em terceiro ou quarto colocado. Mas infelizmente não consegui. Vale ressaltar, que nessa época não conseguiram preencher todas as vagas do curso de serviço social e fizeram um novo vestibular para preencher as vagas do curso de serviço social, e eu fiz para me manter sempre estudando, para não parar, após três meses, eu fiz o vestibular para serviço social e acabei passando para serviço social. O curso era à noite, aí eu pensei, pois já tinha feito uma de cursinho e não tinha passado, conversei com minha tia em Belém, minha tia Socorro, perguntei para ela se poderia ficar morando em sua casa. Ela disse que não haveria problemas e eu passei a frequentar a Universidade Federal do Pará, fazendo curso de serviço social à noite. Fiz ainda três semestre do curso social, quando surgiu a oportunidade, pois sempre mantive contato com a família, e meu pai fez a proposta se eu tinha interesse de estudar em Santarém. Aí vim para Santarém e tentei o vestibular para o curso de direito na Faculdade Integrada do Tapajós – FIT, fiz o vestibular e fiquei aguardando o resultado. Saindo o resultado verifiquei que tinha passado em terceiro lugar, aí já comecei a planejar, tinha que morar em Santarém. Nesse período, minha prima Juliana, estudava em Santarém e eu fiz a proposta de morar com ela, já que iria fazer o curso, e o curso era de cinco anos, e começamos a dividir as tarefas domésticas, dividir a questão do aluguel, alimentação e ali para mim também foi outra experiência. Já tinha uma experiência de morar sozinho interno, ali seria outra experiência, de morar novamente sozinho, só que agora, com mais responsabilidade, pois tinha que fazer todo o planejamento  de um orçamento doméstico. Mais já estava mais feliz, pois estava mais perto de meus familiares e poderia visitá-los todos os finais de semanas possíveis. Aí comecei a empreitada no curso de direito. Já no segundo ano, você começa a ter uma noção do curso. Primeiro ano, muita teoria, filosofia; você não pega a parte prática, você começa pegar a parte prática, a partir do segundo para o terceiro ano. E eu, no segundo e terceiro ano, já tive a noção que para mim não daria para advogar. Para você advogar, você tem que ter uma boa renda financeira, uma família com uma boa estrutura, que lhe as condições necessárias para você poder advogar. E eu não tinha essa estrutura e nem esse suporte para advogar. Então vi logo que para mim, seria a área dos concursos, e a partir dali já comecei a direcionar meus estudos para os concursos. Todo o intervalo, ou período que eu estava ocioso, pois eu só estudava à noite e ficava pela manhã e à tarde ocioso, eu ia para a biblioteca e começava a estudar, fazia uma complementação, já pensando nos concursos. Terminado o curso, já no quarto ano, eu tentei pela primeira vez, um concurso; concorri a seleção da Caixa Econômica Federal, na época me dediquei, estudei quatro meses antes, para a prova. E quando veio o resultado, eu consegui me classificar, me classifiquei em oitavo lugar. Nossa, para mim ali foi minha primeira vitória. Vou começar a trabalhar, não vou mais ficar dependendo dos meus pais, vou ter meu próprio dinheiro, mas infelizmente, nunca a caixa chamou. A caixa deve ter chamado uns dois ou três. Os concursos tem a validade de um ano, prorrogado por mais um. Foi prorrogado mais não fui chamado. Continuei minha jornada, terminei o curso de direito, logo que terminei, no último ano, eles tentaram logo, eles fazem logo o exame de ordem , que é quando você pode adquirir a carteira da OAB. Eu esperei, pois logo no início eu não tinha a pretensão de advogar, para mim era os concursos.  Nessa época, eu pensei (estava na febre de todo o mundo querer ir para o Japão) em ir para o Japão. Sentei com o meu pai, e falei para ele que já estava organizando todos os meus documentos para ir para o Japão, para trabalhar. Então ele me fez uma proposta: Não te preocupa, dá para lhe aguentar mais uma ano aí. Fica estudando, se não der certo, posteriormente veremos. Aceitei a proposta dele, e continuei. Fui para Belém, com meu pai custeando as minhas despesas. Fu para Belém para fazer cursinho já para carreira jurídica. Fiquei novamente na casa de minha tia Socorro, pois disse que não teria problema. Lembro que na época, apesar dela ser funcionária do INCRA, ela tinha suas atividades extras, ela complementava sua renda com a venda de sorvetes, bijuterias, bombons, etc. e ela fez uma vendinha em sua casa mesmo. Ela vendia através da janela. Ela fez a proposta e eu aceitei. Como lá era pequeno, tudo apertado, antes eu dormia no chão, no sofá, então ela arrumou uma caminha e eu dormia na sala. Nas horas vagas, eu o ajudava nas vendas. Sempre que eu podia, eu ajudava. Eu estudava em um período e no outro eu ficava lá ajudando-o. O meu curso preparatório para a carreira jurídica foi feito no LFG. Fiz o intensivo, era um curso direcionado só para concurso público e como eu não conhecia nada em Belém e ficava muito preso, as vezes ficava quatro cinco meses direto estudando, você fica estourado, desnorteado, e para desparecer um pouco eu aproveitava e ia visitar Santa Isabel, pois lá fiz um grande laço de amizade. E para recarregar as baterias, ia sempre para Santa Isabel. Sempre tentando os concursos. Todos os que apareciam eu me inscrevia. Como eu ainda não estava no nível de preparação bom, fui adquirindo livros e ia complementando meus conhecimentos através deles. Pois os cursinhos te dão o norte mais se você não tiver a complementação em casa, fica difícil. Então comecei a me dedicar mesmo aos estudos, que cheguei a estudar oito horas diárias fora o tempo do cursinho. Após um ano e meio de cursinho, de dedicação aos estudos, comecei a passar nos concursos. Primeiro concurso que eu passei foi o do INCRA, na função de analista. Fiquei aguardando. Retornei para Santarém, mais sempre fazendo os concursos e aguardando. Me chamaram para o INCRA, aí mudou tudo. Comecei a trabalhar no INCRA como analista. Trabalhei oito meses ainda, até ir para a defensoria. E nesse período que eu estava no INCRA foi aparecendo os resultados de outros concursos que eu tinha feito. Me chamaram para o INSS, como analista, fiz a desistência; Fui chamado para EMATER, como advogado, fiz a desistência; fui chamado para o ITERPA como procurador, fiz a desistência; e nesse período, eu estava já na segunda fase da defensoria, o que era o que eu queria, o concurso que eu queria, aquele que eu estava almejando. Foi na prova de escrita de peça, que você tem que desenvolver uma peça, que eu fui para Belém, fiz a prova e continuei no INCRA aguardando. Aí veio o resultado. Consegui me classificar para a terceira etapa, que era a prova oral. Aí na prova oral passei e fiquei só aguardando me chamarem. Quando foi em julho de 2007, me chamaram. Aí entrei com o meu pedido de exoneração junto ao INCRA, e fui para Belém, para fazer o processo de admissão. Tive que providenciar todo a documentação solicitada e me apresentar. Além de tudo isso, ainda tem o processo de lotação que é de acordo com a sua classificação. Aí quando foi minha chamada, tinha como vaga para essa região, mais próximo de Santarém que é o polo, era Prainha, aí fiz minha seleção para Prainha. minha primeira lotação na defensoria, foi Prainha. Feita a lotação, você tem que ir no local que trabalha, pegar uma certidão de entrada em exercício. Aí começa a aventura. Fui para Santarém, cheguei na sede, me apresentei, naquela época ainda tinha muitos defensores que eram contratados pelo Estado. Foi o segundo concurso da história da defensoria do Pará, então tinham muitos profissionais que ainda eram contratados pelo Estado. Depois acabou, com o concurso regular da defensoria, acabou essa prática. Hoje só ingressa na defensoria, o profissional concursado, mas nessa época, tinha muito contratado. Me apresentei na sede da defensoria, e já tive que me deslocar de barco para a cidade de Prainha, pois precisava da Certidão de Entrada em exercício para apresentar na corregedoria. Aí começa a aventura de barco. Foi dezesseis horas de barco, até o município de Prainha. Chegando lá, um vilarejo pequeno, cheguei de madrugada, fui para um hotel e já cedo da manhã fui pegar minha certidão. Na época, não tinha Juiz, nem promotor na cidade de Prainha, me apresentei ao serventuário fiz minha certidão, peguei e disse: Não, aqui não vou ficar. Não tinha a mínima estrutura, não tinha nada, aí retornei para Santarém. Fiquei em Santarém nesse período. Era lotado em Prainha, mais fixado em Santarém. Aí logo veio uma designação, consegui uma designação para Santarém. Ai fiquei atuando em Santarém, onde Atuei pelo período de seis meses. Logo surgiu uma proposta, na época o coordenador da regional perguntou se eu não queria cobrir Rurópolis, pois tinham sido lotados dois defensores e eles não queriam ficar aqui, eles queriam ir para Santarém e foram para Santarém, fizeram o mesmo que eu fiz em Prainha. Com a saída dos defensores, Rurópolis ficou com a carência de defensores, e Rurópolis, segundo o cronograma da defensoria, é para ser lotado dois defensores, então teria uma carga de trabalho relativa alta. E o Coordenador fez a proposta se eu não tinha interesse de ficar cobrindo esses defensores. Eu disse que não teria problema, já que era do município e tinha conhecimento. Comecei a ficar fazendo a intinerancia para Rurópolis. Eu fazia essa intinerancia, ficava uma semana em Rurópolis e o restante em Santarém. Toda semana do mês eu vinha para Rurópolis, isso acabou ficando cansativo, pois devido as estradas não ter uma boa trafegabilidade, as viagens ficavam cansativas, principalmente na época do inverno. Com essa justificativa, fiz a proposta ao coordenador, para que ele fizesse minha lotação em definitivo para Rurópolis. Como Santarém estava bem servida de defensores, ele concordou e me lotou e vim lotado para Rurópolis. Tinha conversado com a administração municipal, eles tinham me cedido um local, para que eu pudesse fazer o atendimento ao público. Então no início, eu fiz meu atendimento em uma sala nas dependências da Ação Social. E assim foi, até eu ter uma conversa com o Juiz que na época era o Doutor Josué, que ficou um período bem curto, e logo depois veio outro Juiz para substitui-lo que foi a Doutora Adelina, ela marcou o júri, ela foi chegando e marcando logo o júri popular. Só que ela era substituta e também ficou pouco tempo. Aí chegou o titular, que é o Juiz até hoje, Doutor Gláucio Arthur Assad e como a Doutora Adelina já tinha marcado o júri, o Doutor Gláucio assim que chegou fez esse júri popular e esse foi o meu primeiro júri popular aqui no município de Rurópolis. Logo após, com o grau de entrosamento com o juiz da Comarca, passando a conhecê-lo melhor, ele me fez uma proposta de desempenhar as funções, de não ficar atrelado ao município, porque antes eu desenvolvia os atendimentos na Ação social e de ter uma imparcialidade, de a defensoria ter seu próprio local, ele me ajudou muito, me conseguiu uma sala no prédio d Fórum e ali eu passei a realizar os atendimentos diretamente no Fórum. Isso para a defensoria e para eu como defensor, considero uma grande vitória, porque passa a não ter mais o vínculo e você passa a atuar diretamente no fórum. Facilitou até as atividades protocolares, agilizando os trabalhos. Nesse aspecto, quero até parabenizar o Doutor Gláucio pela iniciativa, que abriu as mãos e deu um suporte muito grande para o desenvolvimento do meu trabalho aqui no município de Rurópolis. E graça ainda a essa atitude do juiz, eu mudei meus planos, pois inicialmente eu tinha um plano de ficar só uma temporada, um ano ou no máximo dois anos no município e depois seguir a carreira. Como tive esse suporte e esse apoio e o que já conseguimos estruturar, onde hoje temos uma sala aconchegante, um local de trabalho onde já contamos com condições necessárias para um bom desempenho. Antes de chegarmos a essa sala nas dependências do fórum, as coisas eram bem complicadas, pois não tínhamos as condições necessárias que nos temos hoje, para que pudéssemos desempenhar a vontade e de bom grado as nossas funções. E logo nesse período, já teve processo junto a defensoria, de promoção, onde todos tiveram de se descolar para Belém, e declinar se aceitavam ou não a promoção. A defensoria é dividida em instancias. Tem defensor de primeira, segunda e terceira instancia e da instancia especial que já atua junto ao Tribunal de Justiça do Estado Pará. Então nessa época eu era defensor de primeira instancia e teve o processo de promoção e se reuniram todos os defensores em Belém e na época eu fui o único defensor a recusar a promoção. Todos estranharam, porque você tem um acréscimo salarial, você melhora, vai atuar em Comarca de médio porte. Defensor de segunda instancia já atua em Comarca de médio porte, como é Santarém, Altamira, Itaituba, etc. e eu fui o único que recusou. Ninguém acreditou que tinha recusado. Na época, eu recusei, por três fatores: Primeiro fator, foi de dar uma contribuição, pelo fato de ser de Rurópolis, eu tenho em minha mente, que eu tenho de dar minha contribuição social, então foi o primeiro fator que eu considerei e ponderei ao recusar a promoção. Ainda tenho o sonho de realizar um bom trabalho no município; Segundo, foi por causa de minha família, eu passei muito tempo longe, quase a minha juventude toda, eu passei fora do seio da família, estudando, e, eu, nesse período já que meus pais estão ficando de idade, eu queria aproveitar um pouco do tempo com meus pais. O terceiro fator, foi o resultado desse entrosamento que houve com o Juiz da Comarca. O Juiz da Comarca Doutor Gláucio Arthur Assad me deu esse suporte, e com esse suporte, ajudou muito na questão da recusa da promoção. Tenho que abrir um parêntese, para agradecer ao Doutor Gláucio por todo apoio me dado e dizer a ele que tenho muito a agradece-lo pelo meu crescimento profissional e pelo suporte e estrutura que ele deu a defensoria, pois se hoje a defensoria no município de Rurópolis tem  sua marca, foi graças ao apoio que o Juiz, Doutor Gláucio deu à defensoria. Foi esse os motivos que me fizeram permanecer no município, e já estou no município desde outubro de 2008 devolvendo minhas atividades a frente da defensoria pública. Pelo fato de ser filho do município, você conhece a realidade, sabe da situação dos cidadãos, você tem uma certa experiência no município, isso facilita o trabalho. Então hoje a defensoria está estruturada devido a esse fato de você já ter um certo conhecimento. Quando a defensoria começou, no meu primeiro no , fiz um levantamento e cheguei  uma média de novecentos e poucos atendimentos no ano, hoje, já passa dos mil e quinhentos, mil e seiscentos atendimentos. Tenho uma média de vinte a trinta atendimentos diários. Como eu sou  apenas um, não tem como eu fazer uma triagem, esse aspecto dificulta de se fazer uma triagem, pois toda defensoria ela tem um determinado numero de fichas. Aqui não, vamos atendendo todos aqueles que chegarem. É normal eu sair às quatro horas do fórum e só depois ir almoçar. Muitos criticam meus modos de atendimento, principalmente colegas, dizendo que devemos misturar o emocional com o profissional. Mas, a realidade aqui é outra, muitas vezes um agricultor que chega do interior após o expediente e me procura em minha casa, tenho o maior prazer em atende-lo, pois conheço as suas dificuldades e as suas necessidades. Sei que ele está me procurando, é porque realmente precisa dos meus préstimo, porque não atende-lo? Sei das dificuldades que ele teve para chegar até a cidade, porque fazer ele voltar outro dia se eu posso resolver logo? O pessoal do interior tem o problema das chuvas, das estradas, das condições financeiras, então, se eu posso, porque não facilitar um pouco a vida dessas pessoas? Aqui na defensoria, eu sou multifuncional. Sou defensor, psicólogo, assistente social, office boy, eu que levo meus ofícios, eu que entrego os requerimentos, estão essa é uma das grandes dificuldades da estrutura. Temos que ser um pouco de tudo. Aqui, consegui fechar alguns convênios. Hoje a defensoria na área que é muito carente, hoje no resolvemos em trinta dias, vários conflitos que antes demorariam de dois a três anos, que é na área de investigação de paternidade. Antes a pessoa vinha para reconhecer o filho, tinha que aguardar dois três anos, era um procedimento demorado e desgastante. Fizemos várias melhorias, esperamos com apoio de todos fazer ainda mais. Para finalizar, quero esclarecer o seguinte: A defensoria na verdade, eu sou um advogado. A diferença é que eu sou um advogado público, com dedicação exclusiva as pessoas que não tem condições de pagar um advogado. A defensoria ela não tem a atribuição de fiscalização de atuação esse é o papel do ministério público. Meu desejo é que todos os órgão sejam atuantes para que possamos realmente defender aqueles que necessitam da lei.
Antes de encerrar, quero agradecer o poio que sempre tive dos meus pais, e dizer a todos, que ainda moro com eles, não é por necessidade financeiras e sim porque lá em sua casa é o meu refúgio e onde me sinto protegido, pois sei que lá, tenho meu pai e minha mãe, que são meus amigos, meus companheiros, meus cúmplices e que sempre estarão comigo em qualquer situação que eu estiver. Obrigado pai, obrigado mãe, por tudo que me ajudaram e por terem me mostrado e me encaminhado sempre pelo caminho do bem.
Vou deixar aqui, uma mensagem aos jovens, aos que estão iniciando na sua formação, que tenham sempre em mente os valores da família, que procurem desenvolver atividades sadias como o esporte, seria muito interessante se tivéssemos o apoio dos gestores, da sociedade, pois acredito que o esporte pode melhorar o cidadão. Se você tem um apoio e como encaminhar, só irá contribuir com a formação. O jovem no município, é o crescimento, se o município quer ter um desenvolvimento, quer crescer economicamente, politicamente, socialmente, ele tem que apostar nessa nova geração. Tem que haver atividades direcionadas, hoje também tenho uma outra visão, quando você estuda muito, passa a ficar muito cético, passa visualizar mais a ciência, esquecendo totalmente da religião e hoje eu tenho outra visão. Tenho certeza que a religião ajuda muito, principalmente no conforto espiritual, o que é muito importante em nossa vida. Essa mensagem que eu gostaria de deixar aos jovens. O conforto espiritual é muito importante em nossas vidas. Não deixem de frequentar as igrejas. E também que os jovens lutem sempre pela a educação ocupacional, pois a educação é a base de tudo. Se você quer crescer e ser alguém na vida, você tem que buscar na educação, pois só virá a colher frutos.
O Blog Sem Polêmica, agradece ao Doutor Plinio Tsuji Barros, pela matéria concedida, e que a mesma possa contribuir de alguma forma para os jovens que ainda estão fazendo o rascunho de sua vida.

5 comentários:

  1. Brilhante depoimento! Eis aí um jovem fiel a seus objetivos e principalmente fiel a sua terra... Sucesso na empreitada Plínio Tsji... Grande abraço a você e sua família. Parabéns!

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  2. Dr. Plínio é um excelente profissional e realmente trabalha muuuuuito! Só vai embora depois do último atendimento. Parabéns ao Blog pela iniciativa, homenagem mais que justa!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Excelente iniciativa do site com certeza..um belo exemplo para os jovens de hoje.
    Parabéns pela trajetória vitoriosa!

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  5. Excelente iniciativa do site com certeza..um belo exemplo para os jovens de hoje.
    Parabéns pela trajetória vitoriosa!

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